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Lauren estava quieta. Inconformada.  Terminava seu segundo e último croissant sob o olhar temeroso de uma Camila estranhamente calada.  Não tinha ideia do quão desastroso seria a junção de Camila e seus amigos, e só a menção de tê-la novamente entre eles a  incomodava. Não é que fizesse a linha ciumenta, embora, sim, fosse - mais do que ela sabia ou considerava normal - mas por ter a noção de que aquela combinação de doce e pureza que Camila exalava não daria liga com a alma imunda e pecadora dos seus amigos.

Não era flor que se cheire também, não,  nunca foi. Estava relativamente melhor nos últimos anos com a coisa da maturidade e responsabilidade batendo constantemente em sua cara. Ainda assim, tinha um longo e vasto caminho a ser percorrido quando o assunto era ser decente. Embora, claro, cabia avaliar o que a conceito de decente poderia significar para cada pessoa.

Lauren era uma garota honesta e verdadeira. Não gostava de mentir, mas o fazia se fosse extremamente necessário, como quando mentiu a um ladrão que não estava com o celular e que o tinha esquecido em casa. Mentiu por necessidade e correu um grande risco por isso. No fim, teve que comprar um celular novo porque, convenhamos, uma pessoa que não mente com frequência dificilmente consegue transparecer verdade ao fazê-lo. O homem ficou com o celular, e Lauren com uma bolsa de gelo no olho inchado.

Uma "troca justa", segundo o seu - ainda não sabia dizer porquê - melhor amigo.

Lauren também nunca roubou. As vezes em que o fez, sentiu-se uma pessoa ruim e foi se confessar para sua mãe, dizendo que sabia sim, onde os biscoitos que sumiram estavam.

Jamais violentou alguém. Participou de uma briga de bar com seus amigos uma vez, mas toda a sua participação se resumiu a pular nas costas do cara apenas para afastá-lo de Harry, que gritava como uma donzela em perigo por ter seus cílios postiços no punho do brutamontes.

Sendo assim, bem, era sim uma pessoa decente - nesse sentido amplo e comum da percepção do que a palavra representava, ao menos.

Mas, tinha suas falhas. Novamente, tudo dependendo da ótica de caráter de cada um.

Dificilmente bebia, mas, quando o fazia, bebia até demais. Fumava quando dava na telha, tanto o cigarro lícito quanto o ilícito - era mais adepta do segundo.

Não era pura nem no fio de cabelo da cabeça! A cara de marrenta mal humorada, juntamente dos olhos verdes e a beleza nítida, lhe traziam muitas garotas - e até rapazes - à cama. Com "cama", referindo-se apenas ao modo de dizer, é claro. Não fazia o tipo que ficava de conchinha depois do sexo, nem via filmes melosos, fosse acompanhada ou sozinha, nessa parte. Jamais dormir com ninguém,  e nem tinha pretensões de fazê-lo. Sua cama era seu leito sagrado.

Não saía a encontros e nem levava a tais. Saídas em casal, mesmo com ficantes, jamais lhe despertou interesses. Abominava a ideia de ter que enagambelar alguem para foder com ela. Nunca prometeu amor eterno  e nem o faria.

Nas festas das fraternidades, que pontualmente comparecia, não se limitava a apenas uma ou duas, ou cinco bocas. Beijava quantas quisessem serem beijadas por ela, em grupo ou individualmente. Fodia quantas também o desejassem serem fodidas.  Nao apresentaca a ideia de romance, tanto é que sua frese preferida e no perfil do Instagram era: "quer romance, compre um livro". Era ditera e reta. Objetiva.

Em seu leito, não tinha limite de capacidade ou tamanho, era como coração de mãe: sempre cabia mais uma. Ou duas.  Na verdade, Sete fora o seu limite até agora, e buscava por tentar se superar quanto a isso.

Jogava forte quando era para seduzir. Não tinha escrúpulos quando queria alguma mulher. Nunca ligou para se a mesma tinha ou não compromisso, quem deveria zelar pelo relacionamento não o fazia, então ela que não esquentaria cabeça com esse detalhe.

Ossos do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora