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Cansada, Lauren caiu em seu colchão com um bufo de alívio. As costas doíam um pouco, principalmente os ombros, onde pois muito esforço ao trocar os dois pneus furados. Não entendeu como aquilo pôde ter acontecido, já que antes de pegar caminho de Boston à Cambridge sempre dava uma checada nesse tipo de coisa. Sequer ouviu algum barulho suspeito em seu trajeto que denunciasse uma possível falha nos pneus.

Bem, concluiu o trabalho - não graças a Harry, que apenas observava as unhas e lhe estragava uma ferramenta e outra - e passaram no mercado para comprar algumas coisas e bebidas, mesmo que Lauren já tivesse feito compras no dia anterior. Enquanto isso, contou ao amigo o que havia ocorrido com a latina. Claro, deixou de fora a parte em que ganhou um beijo na bochecha e um abraço acanhado, não queria dividir aquilo com ninguém, principalmente se levando em conta que não havia digerido o que rolou, logo, não estava pronta à compartilhar tampouco.

Fez comida, mas não tinha muita fome. Acompanhou Harry apenas por estar com muita preguiça de sair da banqueta em que se sentou. Quando o amigo terminou, ela enfim teve coragem de ir para o quarto.

Deitada observando seu teto, passou a pensar em Camila. Tanto lhe intrigou em um único dia. Várias questões à tomaram de assalto. Fosse a cerca da alimentação - ou a falta dela - fosse do seu humor. Podia jurar que a menina estava irritada consigo por algum motivo, mas, após o desmaio, aquilo pareceu ter se desanuviado tal qual sua memória.

Ainda com os pensamentos em torno da latina, Lauren sentiu seu sorriso se abrir fraquinho. Tocou o lado de sua bochecha que fora agraciado com a maciez dos lábios carnudos e suspirou.

Não sabia como poderia ser possível, porém, se viu mais apaixonada pela garota.

Tão linda...

Não conteve outro suspiro, e se abraçou, os olhos bem apertadinhos ao tentar reproduzir a sensação dos braços de Camila a sua volta. Arrependida-se amargamente de não ter devolvido a ação, mas seu corpo travou no momento, não foi sua culpa.

Com os olhos ainda fechados, quase pôde sentir o cheirinho de melancia que emanava da riquinha. Sua riquinha. Mesmo que não soubesse, Camila era, sim, dela.

Deixando de lado aquele ar apaixonado, Lauren resolveu tomar um banho. Não deveria nem ter deitado na cama, quando ainda se sentia suja e suada, mas fora vencida pelo cansaço.

Já recuperada, deu um salto para fora do colchão, tirou suas roupas, ficando somente de peças íntimas, e caminhou até sua cômoda para escolher o que vestir. O apartamento era pequeno, contudo, grande o suficiente para os dois amigos, sendo assim, não tinha o mesmo favorecido espaço que tinha antes na casa dos seus pais, com um closet inteiro só para si. Era uma cômoda, em um quarto até espaçoso, mas a suíte ficou em Connecticut. Ter que dividir o banheiro com Harry, na sua opinião, era a pior parte do apartamento ser menor que sua casa.

Sem muita firula por como estava vestida, não se incomodou em perambular atrás de sua toalha, pegar o celular, e ir para o toilette, no final do corredor. O banho foi no tempo apropriado, cinco músicas foi o que conseguiu ouvir, dentre elas Somebody Else - The 1975, uma de suas canções preferidas.

Refrescada, limpa, e mais relaxada, voltou enrolada na toalha para o quarto e quase teve um treco ao ver Harry deitado em sua cama, de bruços, folheando uma revista enquanto mexia as pernas dobradas.

- Mas que porra, cara! Quer me matar? - foi o que disse ao amigo tão logo se recuperou do susto. Seu coração deu um capote no peito, quase parou na garganta.

- Fantasma você já é - o loiro implicou, não se dando ao trabalho de erguer a vista à amiga. Estava de olho em alguns looks.

- O que quer aqui? - Perguntou, livrando-se da toalha e pondo a calcinha, aproveitando que o amigo tinha a atenção voltada para as páginas debaixo do queixo. No entanto, mesmo que Harry estivesse com as vistas voltadas para si, Lauren não ligaria muito. Além do amigo ser gay, e desprezar a anatomia feminina como artifício de prazer pessoal, Lauren não era uma pessoa de muito pudor. Claro, não saía se despindo na frente de qualquer um, mas não tinha realmente problemas com seu corpo. E mais importante: tinha plena consciência de que era gostosa.

Ossos do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora