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Dançava como se não houvesse amanhã - ou, como se realmente soubesse dançar. Ao seu lado, Lauren a cercava para que não caísse nas vezes em que perdia o equilíbrio, o que ocorria com frequência.

Camila estava se divertindo, vivendo. Tinha a mente leve, impregnada de uma felicidade proporcionada pela sensação de liberdade, de fazer o que quisesse. Constantemente, tentava puxar Lauren para acompanhá-la, mas a morena não era muito de dançar e tinha como foco a missão de cuidar dela.

Lauren ainda não sabia dizer muito o motivo de, anteriormente, não querer a presença de Camila. Sua mente lhe dava tantos argumentos, que, no fim, se sentia confusa. Porquê no fundo - bem, não tão fundo assim, queria sua presença.

Uma coisa era certa para quem visse de fora: ela não conseguia se desgrudar da garota. Longe ou perto, sua atenção sempre era da mais nova. Seu receio de não obter controle nunca fora tão verídico. Desejou tanto a garota ali, tendo alucinações com ela, que agora a tinha. Camila era como o centro do seu mundo sombrio, trazendo uma desordem de cores e sensações que nunca experimtou.

Não sabia o quê havia com aquela menina, o que a tornava tão importante e difícil de ser ignoranda. Começou achando-a linda, algo inevitável para quem quer que tivesse olhos para ver. Acompanhava-a sempre que a via passar, o que eram raras as vezes por fazerem cursos diferentes.  Não pensava tanto nela, nem a procurava pelo campus. Mas, quando a via, parecia ser impossível desviar o olhar.

Então, encontrou-a em sua aula de Recursos Humanos. Descobriu que fariam aquela matéria extra juntas. Esse foi o fim da paz de Lauren, e o início de sua obsessão. Não era algo doentio, veja bem, era uma espécie de admiração tão forte, que não conseguia fazer outra coisa senão trancar seus verdes nela, aprendendo sobre ela e seus gostos, trejeitos, mesmo à distância.

De lá para cá, não conseguiu mais deixar de observá-la em quaisquer oportunidade que tivesse, fosse no campus, no refeitório, pelos corredores, até que a viu descer pela primeira vez de sua limusine. Nunca a tinha visto chegar antes, sempre a encontrava. Assim, começou a entender mais sobre os motivos que faziam com que a maioria a evitasse ou ignorasse: seu poder aquisitivo - mesmo que tudo o que ela exalasse fosse meiguice e doçura.

Desde que começaram a estudar aquela matéria juntas, Lauren não soube fazer outra coisa senão pensar na latina. Pensava tanto, que começou a ter sonhos, fantasias, e então a usá-las para satisfazer seu desejo lascivo.

Gradativamente, foi cultivando aquele sentimento de frio na barriga todas as terças-feiras, sabendo que a veria por dois períodos inteiros. Passou a estudá-la até mesmo fora de sala, notando sua simpatia para com os demais, ou descobrindo seu jeitinho doce de ajudar aos outros, sempre sendo empática e gentil.

Lauren se apaixonou devagar, caindo sem perceber, e ainda que se recusasse a aceitar aquilo, em seu íntimo sabia os sentimentos que tinha pela mais nova, só negava-se a acessá-los.

- Hey! Dança comigo, Lo!

Era insistente - Lauren pensava ao ser convidada novamente.

Não respondeu ao convite. Ao invés disso, ergueu a garrafinha de água a frente do seu rosto.

Camila revirou os olhos. Sua barriga já estava cheia, e já foi ao banheiro umas três vezes!

Bem, se ela era insistente, Lauren sabia ser bem mais quando necessário.

Bufando, pegou a garrafinha quando a morena a sacudiu muito próximo ao seu nariz outra vez. Bebeu dois goles e lhe devolveu junto da tampa para que ela mesma fechasse.

Feito o que tinha sido pedido, Camila lhe deu as costas, fechou os olhos, e se pois a dançar novamente. Na mente de Lauren, corria a pergunta de quando é que Camila se cansaria? Parecia ter um tipo de bateria infinita no corpo. Como aqueles bonequinhos chatos à pilha que se ganha dos avós quando pequenos.

Ossos do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora