Já era manhã bem cedinho quando Alva foi até o quarto da filha mais velha de seus patrões para acordar Sofia. A menininha tinha uma consulta marcada com o pediatra aquela manhã e Alejandro pediu para que a arrumasse. O homem perguntou onde a pequena estava pois não a encontrou em seu quarto, o que ela escolheu para ser seu, e a empregada logo avisou que a menina tinha o costume de dormir com Camila. Alejandro gostou do que ouviu, sentiu-se ainda mais orgulhoso de suas filhas, e quando pensou em dizer que ele mesmo iria até elas, desejoso de vê-las juntas, foi interrompido por uma ligação de um de seus sócios.
Com isto, para a sorte e preservação da integridade física de Lauren e Camila, foi a empregada quem as encontrou juntas na cama. A mulher quase tomou um baita susto ao se deparar com as faces pretas antes de tudo, e foi por muitíssimo pouco que prendeu o grito na garganta, mas chegou a dar um pulinho e tentar segurar o coração no peito.
Após o quase ataque, deu um jeitinho de chamar por Sofia sem que acordasse uma das duas. Por ainda estar muito sonolenta, a mais nova não olhou para a irmã ou sequer ao lado, apenas bocejou e estendeu seus bracinhos para a funcionária, que sorriu de seu jeito carente e a pegou no colo. Bastou que a tivesse em seus braços para que Sofia apoiasse a cabeça em seu ombro e voltasse a dormir. Na noite anterior tinha lutado contra o sono esperando pela chegada da irmã. Foi derrotada alguns horas antes de sua chegada, o que prejudicou seu cronograma de sono.
Uma vez deixadas para atrás, as estudantes eventualmente acabaram se encontrando sobre o amplo colchão. Camila agarrou-se a Lauren com tanta força que mesmo em meio ao sono a morena fez uma careta.
Foi algumas horas depois que elas acordaram, primeiro Lauren, puxando um pouco de sua consciência antes de abrir os olhos. A face espremida enquanto seu raciocínio lento tentava processar qual era o peso que tinha sobre si. Ao abrir os olhos, piscou repetidas vezes até se acostumar com a pouca claridade que invadia o cômodo através das cortinas na sacada.
Ela olhou a sua volta, ainda um tanto desnorteada, e estranhou de primeiro momento o lugar em que estava, a quantidade de rosa em todas as tonalidades possíveis, desde ao chão a pintura e decoração. Ate que lembrou-se do peso. Olhando para baixo, deparou-se com a cabeça de Camila contra seu peito, metade do corpo da garota sobre ela, os braços a sua volta como se fossem impedi-la de fugir durante o sono. Mas a latina não era a única que parecia temer tal absurdo, já que os seus também a mantinham tão aprisionada quanto.
Sorrindo, finalmente lembrando-se de onde estava e com quem, moveu uma de suas mãos até a cabeleira castanha abaixo do seu queixo. Estava contente. Pela primeira vez, não despertou com raiva ou mal humorada. O efeito que Camila tinha sobre ela era realmente imenso e assustador.
Ainda com um sorriso enfeitando seus labios, foi acariciando as madeixas marrons até encontrar o rostinho que tanto ansiava por ver. Não sabia que horas eram e nem tinha intenção de verificar. Seu único desejo naquele instante era contemplar as expressões faciais da garota que amava.
- Puta merda! - Exclamou em alto e bom som, seu sorrido dando lugar ao alarde ao ver o rosto da namorada desfigurado em uma máscara preta. Foi como ter um gatilho, o que a fez recordar de como foram dormir anteriormente.
Espantada, tocou o próprio rosto. Sua careta se intensificou ao sentir a máscara grudenta em sua bochecha.
- Porra! - Grunhiu. Apavorada, verificou entre seus dedos se saira resíduos da máscara. Ao não encontrar nada tão alarmante do que somente algumas manchinhas, sentiu-se menos aterrozida. Seu rosto parecia intacto, diferente do de Camila, pela parte em que viu.
Soltando um suspiro, resignada, a morena se permitiu rir da situação.
Por Deus! Camila a metia em cada situação...

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Ossos do Amor
RomanceCamila e Lauren são duas garotas completamente diferentes. Seja em classes socioeconômicas ou em personalidades, ambas divergem tal como o completo oposto uma da outra. Enquanto Camila tenta se virar e seguir aos comandos dos pais conservadores da n...