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Não queria estar ali, mas também não podia dizer que não queria não estar

Seu desconforto vinha por um pequeno detalhe, e era proporcional a sua felicidade de ter Camila por perto.

Sim, confuso. Lauren não mentiu quando disse que gostaria de ter ido para casa, e, se fosse somente pela presença de seus amigos, não hesitaria em lhes dar às costas e ir para seu confortável apartamento tirar uma boa soneca, estudar e então se preparar para seu "encontro" com Nirvana.

Mas então Camila surgiu, do seu jeitinho todo lindo e com aquele sorriso de covinhas que fazia Lauren suspirar sem se dar conta.

Poderia facilmente estar mais animada com a presença da latina, se não fosse a insuportável da Verônica Iglesias rodeando sua garota. Segurava-se para não revirar os olhos a cada instante que a menina abria a boca, ou bufar, quando se dirigia a Camila com sorrisinhos maliciosos que, alheia e simpático, Camila não parecia tomar com más intenções.

Haviam chegado cerca de cinco minutos na cafeteira, e Lauren já se sentia nauseada com a presença da líder. Não se preocupou em interagir com os demais, sentada em seu canto no sofá de cor creme. Só não se via mais entendiada pois o som da voz de Camila a mantinha atenta. Cada frase, riso, ou gargalhada da mais nova, Lauren sentia seu peito se inflar de sensações.

Observar em silêncio a forma como a garota pegou os óculos na mochila somente para ler o cardápio, a maneira como mexia a cabeça na tentativa de afastar a franjinha dos olhos, os trejeitos que seus lábios involuntariamente faziam, derretia Lauren.

Perguntava-se se Camila tinha noção do quanto era linda. Não somente por fora, mas também por dentro. Intrigava-lhe descobrir se ela tinha percepção de que cada gesto, olhar, sorriso, fragrância, era como um tiro certeiro a qualquer outra pessoa.

Poderia fazer um pais inteiro refém de si só com o seu sorriso, ou aqueles olhos avelãs quentes.

Olhos de Nutella.

Lauren se perdia tão fácil naquela menina. Era vergonhoso o quanto não tinha controle sobre seus olhos ante a presença da riquinha.

- E você, Laur, o que vai querer? - Keana perguntou, virando-se para a amiga ao lado enquanto segurava o cardápio. Mantinha-se entre Lauren, no canto da janela, e Dinah, na ponta do corredor. Do outro lado da mesa com acentos estofado tinha Harry, na mesma direção em que Lauren se mantinha, Camila ao meio, e Verônica ao seu lado.

Lauren não gostou daquela aproximação. Algo dentro de si se remexia em agonia e dor ao ver Verônica se salientando para cima de sua companheira de classe. Seu único conforto ali era estar de frente para Camila, e assim se enfartar de admirá-la de seu canto.

- Acho que nada - respondeu, fitando a forma como a latina empurrava com o dedo médio a armação dos óculos sobre a ponte perfeita do nariz. Piscava frenética enquanto ainda lia o cardápio. As sobrancelhas erguidas com sutileza.

Lauren não entendia o porquê de tanta demora para Camila escolher, mas não queria que ela terminasse. Era muito fofa a forma como se irritava um tantinho com os óculos que insistiam em deslizar para a pontinha empinada de seu nariz.

Tão linda...

- Alguém traz um babador - Ouviu o que supôs que fosse Harry, mas não deu muita atenção, já que seus olhos devoravam os movimentos mudos que os lábios de Camila faziam ao ler suas opções.

Beijaria-a tanto, que não ligaria de perder todo o seu ar.

Afinal, quem precisa respirar?! Mero e insignificante detalhe, uma vez que se tem aqueles lábios carnudos em sua posse.

Ossos do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora