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Camila não acreditou no que estava vendo, e se recusou até o último instante a crer. Até, inevitavelmente, ver a morena erguer a cabeça e seus olhos colidirem. Lauren Tinha a boca vermelha, com os lábios um pouco inchados, e os dedos ainda dentro da ruiva, deitada sobre ela naquele sofá.

Jauregui sentiu-se apavorada, estática. A menina chamava por si, exigindo com uma voz manhosa que não parasse, mas a morena não a ouvia, sequer tinha alguma reação diante do fitar dos olhos marejados da latina.

Tentou sair dali, e só a menção de fazê-lo aguçou os pés da mais nova para agir. Deu a volta, esbarrando em Keana que vinha logo atrás por ter ficado para trocar alguns beijos com uma garota, tão logo saíram da multidão.

Magoada, triste, chateada, e muito, muito irritada, a herdeira dos Cabello's nem mesmo se deu conta de que atravessava o mar de corpos sem medo algum, esmurrando-os para que saíssem de sua frente. Deixou Keana sem aviso, sem explicações, e podia sentir algumas lágrimas estúpidas escorrendo por suas bochechas.

Era patético. Era idiota, e não fazia o menor dos sentidos estar chorando por alguém a qual não tinha nenhum envolvimento ou compromisso!

Então, por que doía?

Por que sentia como se algo dentro de si tivesse quebrado?

Chegou ao lado de fora em um tempo recorde - para quem teve que enfrentar o que tinha no caminho, e finalmente se viu livre para respirar.

Do lado de dentro, sem nada entender, Keana olhou para o ponto em que perdeu a latina de vista e o interior da sala. Soube o que tinha acontecido no ato em que viu Lauren saindo de cima de uma garota ruiva com cara de palerma. A menina ajeitava a calça e tentava buscar alguma satisfação de Jauregui, que só teve tempo de trocar um único olhar com Keana antes de sair em disparada. Não sabia para onde Camila havia ido, e nem entendia o motivo de estar tão angustiada e necessitando dar-lhe uma explicação para o que viu, afinal elas não tinha coisa alguma, nem mesmo ficantes eram, e, mesmo assim, sentia-se responsável.

Keana tentou pará-la, pedir uma satisfação, mesmo que já tivesse deduzido o que rolou, mas Lauren não se deteve.

Diferente da mais nova, levou muito mais tempo tentando atravessar aquela multidão. Pensou em dar a volta, porém, já estava no meio do caminho, não compensava todo o estresse. Estava irritada com aquele tanto gente, com o fato de a estarem atrasando, e não soava nada educada ao se espremer entre eles em busca de uma saída, criando sua própria passagem.

Sentia-se urgente, com a sensação de pressa batucando seu peito, o coração acelerado e os olhos refletindo culpa e pesar.

Passou pela porta, enfim chegando à varanda, e esbarrou em duas meninas. Mal notou o olhar de cobiça que recebeu de uma delas, muito preocupada em varrer sua visão pela área. Rastreou um moletom lilás e botas rosas, mas nada encontrou. Retirou o boné, bateu-o contra a coxa, furiosa, e desceu os degraus com pressa. Pensou em perguntar um a uma aquelas pessoas se tinham visto a latina, mas obrigou-se a manter a calma e fazer o trabalho sozinha.

Andou pelo amplo gramado, seus verdes fazendo várias varreduras, mas nem vestígio da garota.

Mandou mensagem para Harry, mas o loiro não a respondeu. Tentou ligar, e foi igualmente ignorada.

Dando uma segunda volta, parou no centro, no caminho de asfalto que conduzia até a casa, e decidiu o que fazer. Ali, Camila não estava, olhou atrás de cada bendita árvore e arbusto! Sabia que não tinha ido embora pois não teria dado tempo de seu motorista já ter chegado.

A cada minuto que corria sem notícias sobre o paradeiro da latina, mais Lauren se voltava aflita. Parece que sempre a estava espantando de alguma maneira. Era apenas a segunda festa delas, e conseguiu fazer com a menina corresse de si na primeira hora!

Ossos do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora