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- Então... você vai me levar para conhecer o seu quarto hoje? - Nirvana questionou, a voz em tom derretido em sedução com gotículas de manha. Estava de pé entre as pernas de Lauren, os dedos com alguns anéis brincando com a gola branca da camisa da morena de forma despretensiosa enquanto ela tinha a cabeça erguida exalando a fumaça do cigarro dos seus lábios.

Lauren não estava muito satisfeita em ter a garota pendura em si, mas não fez qualquer esforço para tirá-la. Fumava um cigarro atrás do outro em busca de algum tipo de controle e calma. Sua mente não parava. Corria uma batalha contra seus pensamentos que insistiam em levá-la a lembranças de alguém que gostaria de esquecer.

Perguntava-se onde Camila estaria? O que estava fazendo? Com quem estava?

Sabia que a menina tinha um jantar para aquela noite, e não se importou em buscar mais informações do que aquilo pois de fato não queria ter a mente e tudo de si focado nela.

Duramente, se esforçava para esquecer o beijo. O maldito beijo que fez com que sonhasse loucuras na noite passada. O maldito beijo que jura que ainda podia sentir tatuado em seus lábios. A hesitação, o sabor, a cadência sem pressa. Estava delirando e chegando ao limite da imaginação.

Tanto, que poderia jurar que via a latina diante de si.

Um pouco atordoada, negou com a cabeça e piscou várias vezes.

Precisava para um pouco com os cigarros e a maconha. Misturar tudo e ainda beber como estava bebendo aparentemente já estava lhe causando alucinações.

Exalando o último trago, apagou a ponta da metade do cigarro no parapeito da sacada onde estava recostada de costas. Daria um tempo de toda aquela porcaria.

- Lo?

- Do que me chamou? - Lauren imediatamente ergueu a cabeça, confusa. Nirvana à sua frente tampava um pouco de sua visão do lado de dentro do apartamento, mas não o suficiente para não enxergar alguns corpos em movimento entre uma fumaça que nem ela e tampouco Harry podiam dizer de onde vieram. A música agora era eletrônica e soava alto demais para os seus ouvidos entorpecidos.

- De Lauren - Nirvana respondeu, o cenho franzido em estranhamento. Lauren soava muito chapada para ela.

Suspirando, a morena assentiu. Massageou os olhos fechados e tentou afastar qualquer vestígio de Camila de sua mente. A menina parecia impregnada em suas veias, em cada parte do seu corpo e cérebro.

Era ridículo!

Estava vivendo para pensar na garota que fugiu dela. Que provavelmente nem a queria e que agora deveria repudiá-lá.

- Chega dessa merda! - Grunhiu, irritada por não conseguir ter controle de si própria, dos seus desejos. Toda aquela coisa com a latina estava a afetando de forma intrínseca. Como alguém poderia ter tanto poder sobre ela, mesmo não estando por perto?!

- Lauren? - Nirvana chamou, não entendendo em absoluto a explosão da morena. - O que-

Antes que pudesse questionar o que acontecia, foi pega num beijo afoito, duro e bruto. Tinha a boca sendo esmagada, os dedos de Lauren ao redor de sua cintura a apertando de forma um tanto dolorida, mas que lhe excitava. Jogou os braços ao redor do pescoço dela, estreitando o contato, gemendo entre seus lábios a cada sugar de sua língua ou aperto em seu corpo. Não esperava aquela pegada agressiva, mas não podia negar que gostava. Que queria mais. Lauren se afundou naquele amasso como se pudesse fazer com que sua mente também se se afundasse nele, que lhe desse algum descanso daqueles pensamentos torturantes, já que estava a ponto de enlouquecer.

Enquanto isso, Camila se emocionava com a apresentação que ocorria diante dos seus olhos. Tinha Shawn ao seu lado, trocando mensagens com alguém que desistiu de tentar interromper quando o rapaz fingiu não ouvi-lá pela quingessima vez. Focou-se na apresentação da turma, em como eles conseguiram fazer um bom trabalho com a releitura de "A Strange Loop", musical baseado na vivência de um homem negro e gay escrevendo exatamente sobre aquilo. A peça reatratava algo similar, porém abrangendo vários temas sociais, entre racismo, inclusão de pessoas com espectro autista, entre outros transtornos, acessibilidade, xenofobia, respeito à comunidade LGBTQIAP+, e até ansiedade,  introduzindo-a de forma sutil e precisa. Era uma peça formidável e que tocou a latina de várias maneiras. Para além disso, era uma peça necessária. Ficou muito feliz de ter ajudado a divulgar aquele trabalho e de ver tantas pessoas indo prestigiar a obra.

Ossos do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora