Emma não conseguia parar de rir e eu não entendia o porquê. Talvez fosse o efeito do medicamento que ainda não tinha passado completamente. Eu apenas observava e sentia meu peito se encher de felicidade cada vez que aquela risada gostosa invadia o ambiente.
— Amor. — suspirei. — Do que você está rindo?
— Eu não sei. Às vezes acho que sou doida.
– Eu sei disso há muito tempo. — gargalhei.
— Para, Jenna. — fez careta e me assustei.
— O que foi?
— Estou dolorida.
— Não se esforça, ok? — beijei seus cabelos.
— Como o Miguel está?
— Está bem. Examinaram e ele não se machucou, só estava assustado, mas agora está dormindo em um dos quartos.
— Tive tanto medo de perdê-lo. — fechou os olhos. — Muito medo.
— Eu sei. — levei sua mão para os meus lábios. — Eu também tive, mas agora estamos bem e nada e nem ninguém vai mudar isso.
— E a Mia?
— Foi levada para a delegacia, mas eles a encaminharam para uma clínica psicológica. — respondi. — Não acho que ela esteja mesmo bem.
— Eu também não acho. Quando entrei no quarto, ela parecia estar com medo, parecia ser outra pessoa, não sei explicar.
— Eu entendo, amor. — suspirei.
— Sabe o que mais me deixa confusa nessa história toda? — não respondi e ela continuou. — O fato de eu não conseguir sentir raiva dela. Estou com pena e ao mesmo tempo desejando que ela fique bem.
— Isso é porque você é boa demais. — percebi ela se mexer desconfortavelmente na cama. — Você é boa demais para desejar o mal a alguém, para fazer mal a alguém e...
— Não, para. — falou, me assustando. — Não diga isso, porque não é verdade.
— Hey, claro que é. Você é o ser humano mais puro, Carol. Ninguém no mundo teria coragem de fazer as coisas que já fez para salvar outra vida, você...
— NÃO, JENNA. — gritou. — Para de falar o que não é verdade. Você não conhece o meu lado sombrio, você não sabe o que eu fiz.
— O que você fez? — perguntei e ela começou a chorar. — Amor, qual o problema? — a abracei, fazendo carinho em seus cabelos.
— Eu... eu matei alguém.
— O que? — parei de afagar seus cabelos.
— Eu matei alguém. — olhou para mim.
— Quem?
— Meu ex. O Leonardo.
— Meu Deus! — engoli em seco. — Você quer contar?
— Ele ficou bravo por eu ter ido comemorar o aniversário de uma amiga com alguns amigos, me atingiu com uma garrafa de cerveja. Com certeza estava bêbado. — negou com a cabeça. — De todas as vezes que apanhei dele, essa foi a que mais senti raiva. Esperei ele ir para a sacada e quando ele foi, fui atrás. Não pensei duas vezes antes de empurra-lo. — fechou os olhos com força, como se as lembranças fossem dolorosas demais. — Ele caiu na espreguiçadeira e depois na piscina. Morto.
— Céus!
— Eu não me arrependi. Chamei a polícia e me entreguei. Mas foi legítima defesa, ficou provado e eu não fui presa. — limpou uma lágrima. — Os pais dele me odeiam. Eles não conseguem acreditar que o filho era um monstro e que não me deixou outra alternativa. Eu fui um monstro, amor? Eu sou um monstro?
— Santo Deus, Emma! Não. É claro não! Você estava em um relacionamento completamente abusivo, estava sendo ameaçada e deixou a raiva falar mais alto. Se... — respirei fundo e fechei os olhos. — Se você não o tivesse matado, ele teria te matado.
— Fiquei com tanto medo de te contar.
— Medo?
— Medo de desistir de mim por eu ser uma assassina.
— Cale essa boca. — gritei sem perceber e ela se assustou. — Desculpa por gritar. Você não é uma assassina e não ouse falar isso. Nunca mais.
— Eu te amo.
— Eu também te amo. — beijei rapidamente seus lábios.
— Desculpa por não contar antes.
— Não precisa se desculpar. Entendo que você precisava do seu tempo. — respondi e ficamos em silêncio por longos e confortáveis minutos, até ela quebrá-lo.
— Amor, podemos prometer uma coisa? — enlaçou sua mão na minha.
— O que você quiser.
— Podemos prometer que não haverá mais nenhum segredo entre a gente? Que vai me contar tudo, assim como eu vou te contar tudo? — pediu e mexi desconfortavelmente na cama. — Promete? — pigarreei.
— Então, tem uma coisa que preciso te contar e eu tenho certeza que vai mudar não só a sua, mas a minha vida também.
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Um Bebê Entre Nós - Jemma version
FanfictionO que você faria se de repente o passado batesse a sua porta? E o que você faria se esse passado viesse com uma criança? Jenna e Emma se conheceram de uma maneira inusitada, o destino tratou de separa-las, mas a vida é uma caixinha de surpresas e m...