O jantar.

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O local que meus pais e Natalie escolheram para realizar o jantar não era tão simples, mas também não era tão luxuoso. Era algo apenas para os mais íntimos e nada tradicional, e eu dei graças a Deus por isso, já que era tímida o bastante para querer fugir enquanto meus abençoados irmãos contavam para todos ali as minhas aventuras quando criança.

— Aí a Emma quebrou o dentinho da frente. — Rafael disse rindo, arrancando gargalhadas de todos. Senti minhas bochechas esquentarem.

— Tadinha! E o desespero que fiquei quando ela entrou gritando, quase chorei junto! — minha mãe falou.

— Mas que tipo de ser humano inventa andar de patins sozinha pela primeira vez se não se equilibra nem em cima dos dois pés? — Jenna perguntou rindo.

— BERRO! — Nick gritou.

— Deixem minha filha em paz.

— Ah! Obrigada, pai. — o abracei de lado.

— Foi bem engraçado. Emma saiu descendo a ladeira completamente sem freio. Nunca vou me esquecer. — Renan debochou e eu revirei os olhos. Minha noiva ria sem controle algum, talvez fosse o álcool começando a fazer efeito.

— Não sei do que Jenna está rindo. Essa coisa linda aí já aprontou cada uma quando pequena! — foi a vez de Natalie falar. Jenna arregalou os olhos e olhou para a mãe.

— Conte-me mais sobre isso, dona Natalie, estou muito interessada. — pedi e todos riram.

— Não sei porque essa menina reclama quando o Miguel apronta alguma coisa, ela era ligada nos 220! — negou com a cabeça como se lembrasse de algo. — Uma vez ela quase colocou fogo na casa. Tinha uns três anos e colocou fogo no cabelo da boneca, tudo porque não gostava da maldita.

— Credo, Jenna. — Nick falou. — Que encapetada. — Jenna afundou na cadeira ao meu lado.

— Se vocês repararem bem, ela tem uma cicatriz no queixo. — Natalie falou e todos os pares de olhos se voltaram para Jenna.

— Obrigada, mãe. — agradeceu ironicamente, terminando de virar o champanhe que restava na sua taça.

— Essa cicatriz é resultado de teimosia. Emma, minha filha, você vai casar com uma cabeça de vento. — gargalhei alto. — Eu falei para ela que piscina de adulto não era lugar de criança ficar sozinha. A espertinha resolveu que queria me afrontar. Colocou a boinha nos braços e correu para a piscina, escorregou e bateu o queixo na borda. Resultou em quatro pontos e três enfermeiras para segura-la.

— Sempre soube que Jenna era terrível. — comentei.

— Ai de nós se nossas filhas não fossem do jeitinho que são! Não teríamos histórias para contar. — meu pai falou saudoso. — Olhando para essas duas vejo o quanto sou um pai e um sogro sortudo e orgulhoso. Minha filha não poderia ter escolhido mulher melhor para casar e é nítido o quanto a menina Ortega faz bem para ela. Estou muito feliz por estar vivo para ver isso. — abaixou a cabeça para esconder que estava chorando. Meu pai sempre fora coração mole e eu não aguentava vê-lo tão emotivo. Droga! Eu ia chorar também. — Desculpa, um homem dessa idade e chorão. — segurou nas mãos de Jenna. Os olhos dela se encheram de lágrimas. — Obrigado, minha filha. Obrigado por também escolher minha menina e obrigado pelo netinho lindo que deu a mim e a minha esposa. Você será muito bem-vinda a família Myers.

— Uau! Aguenta coração. — Jenna falou, limpando uma lágrima. Àquela altura todos ali choravam. — Eu que agradeço, à vocês, por terem colocado esse anjo no mundo e podem ter certeza que eu vou cuidar muito bem da filha de vocês, porque eu a amo.

— Nós sabemos disso, querida. — minha mãe se pronunciou. — Eu fui a mais difícil em aceitar o namoro de vocês lá no início, mas hoje não me arrependo de ter aceitado. Meu marido e eu a adotamos como filha e tenho certeza que nossos filhos muito mais do que como cunhada, eles ganharam uma amiga. Em nome da minha família, agradeço por ter entrado na vida da nossa Emma. — Jenna sorriu e estava prestes a dizer algo, quando a mãe dela olhou para mim.

— Já que todos estão falando, não vou ficar calada. — suspirou. — Começo dizendo que você é uma guerreira! Jenna é a menina mais chata que conheço, apesar de linda. Como já disse, muito teimosa, doce feito limão e delicada feito coice de cavalo. Mas ela é um ser humano de coração muito puro e tamanha pureza merecia se encontrar com algo que a completasse. Você faz um bem danado para a minha Jenna e não precisam conhecê-la ou fazerem parte da vida dela para enxergarem isso, porque está estampado. — suspirou e sua voz embargou. — Costumávamos ser apenas ela e eu. — pausou e notei Jenna abaixar a cabeça. — Mas agora ganhamos você, o Miguel, Nick, seus pais e seus irmãos. Somos todos uma família! E vai ser uma honra ter você carregando o sobrenome Ortega.

— Ai, gente, eu quero um marido! — Nick falou e gargalhamos em meio às lágrimas.

— Viva a mamãe e a tia Emma! — Miguel, que até então estava quieto, gritou ficando em pé em cima da cadeira e erguendo o copinho de refrigerante. Todos esboçaram o mais lindo sorriso e uniram as taças de cristal cheias de champanhe ao copinho dele, em um brinde.

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Um Bebê Entre Nós - Jemma version Onde histórias criam vida. Descubra agora