Me deixa em paz.

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Emma me olhava com certa expectativa e isso me deixava três vezes mais nervosa. Eu não devia ter aberto a boca, 1) ela estava se recuperando de uma cirurgia delicada, 2) não sabia qual seria a reação dela. Mas agora já era tarde demais e à minha frente estava uma loira linda, confusa e esperando por explicações.

— babe, você sabe que eu te amo, não sabe? — assentiu. — E você sabe que eu não faria nada para machucar você, certo?

— Claro que sim. Por que está falando essas coisas, amor?

— Porque não sei o que vai pensar de mim depois do que tenho para te contar.

— Ok, você já pode começar a falar, está me assustando. — respirei fundo e fiquei por alguns segundos calada, reunindo toda minha coragem para começar a falar.

— Eu nunca te contei sobre o pai do Miguel, não é?

— Não. — franziu o cenho, estava claro o quão confusa ela estava. — Mas o que isso importa?

— Muita coisa. — neguei com a cabeça.

— Claro que não, amor. Você não precisa me dizer que o pai dele é um babaca por não assumi-lo ou não querer manter contato com ele. Você não precisa se expor e contar o que houve no seu passado, com seja lá quem for o pai dele. Eu entendo que talvez seja um assunto difícil.

— Você não está entendendo.

— O que não estou entendendo?

— Eu não sei quem é o pai do Miguel, Emma.

— Oh... — ruborizou. — Você...

— O que? Céus! — neguei várias vezes com a cabeça. — Não. Não é isso. — respirei fundo. — Eu não sei quem é o pai do Miguel, porque o concebimento dele veio através de uma inseminação artificial. — percebi ela perder a cor. — Miguel é seu filho.

— Espera! O que?

— A inseminação deu certo.

- Flashback On -

Emma e eu estávamos deitadas na grama verdinha do jardim da nossa casa. Olhávamos para o céu e ela contava estrelas, mesmo eu insistindo em dizer que esse ato fazia nascer incontáveis e horríveis verrugas e espinhas pelo corpo. Ela não acreditava em superstições, de fato.

— Amor? — chamou.

— Oi, gatinha.

— O que acha de termos um filho?

— O que? — engasguei.

— A gente já namora há tanto tempo, moramos juntas e logo mais vamos nos casar oficialmente. Que mal tem em termos um filho antes do casamento?

— Não sei se é uma boa ideia.

— Por que não? Eu adoro crianças, até quero trabalhar com isso.

— Você! — frisei. — Você adora crianças e seria uma ótima mãe, eu seria um desastre como mãe, nem gosto de crianças.

— Mas você aprende a gostar. Seria tão lindo uma cópia sua correndo pela casa e alegrando todas as nossas manhãs, alguém para encher de beijos e carinho, já imaginou?

— Ai amor, não.

— Já consigo visualizar você grávida. Ia ficar ainda mais linda.

— E por que eu tenho que ficar grávida?

— Porque eu sou desastrada o suficiente para perder o nosso filho na primeira semana de gravidez. — olhei para ela e neguei com a cabeça.

Um Bebê Entre Nós - Jemma version Onde histórias criam vida. Descubra agora