Um pequeno acidente.

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Estava sentada sobre a mesa de Nick, ele andava de um lado para o outro enquanto tentava manter seu tom de voz baixo, mas pelas veias saltando em seu pescoço sabia que não duraria muito tempo. Permaneci de cabeça baixa, mordendo o lábio inferior, como uma criança que apronta e leva bronca dos pais e sabe que o castigo está por vir.

— Eu não sei o que fazer com você, Myers, juro que não sei. — bufou. — Trabalho há uns bons anos aqui e você me mete em encrenca mais do que qualquer criança pequena.

— Achei que você não fosse descobrir.

— O que é ainda pior. Onde já se viu agir pelas minhas costas?

— Desculpa, Nick.

— Por que fez isso? Por que não falou comigo?

— Porque sabia que você ia falar não e eu precisava confirmar minhas suspeitas.

— E adiantou alguma coisa? — neguei com a cabeça. — Eu deveria demitir você.

— Mas você sabe que o meu sustento vem dessa escola, não sabe? Por favor, eu...

— Eu sei. Só que você passou dos limites, invadir minha sala, descobrir a senha do meu computador, mexer em arquivos confidenciais para suprir a sua necessidade, já imaginou se o meu superior descobre? — respirou fundo. — Você é minha melhor amiga e eu te amo, mas não posso passar a mão na sua cabeça sempre, está entendendo? Esse vai ser o seu último erro que vou perdoar.

— Nicolas, eu te amo! — falei um pouco eufórica e sem querer bati a mão no copo de água derrubando em alguns papéis em cima da mesa. — Ops.

— Emma Myers... — fechou os olhos e massageou as têmporas. — Saia da minha sala o mais rápido que você conseguir, ou vou ser obrigado a matar você. AGORA! — arregalei os olhos e dei um pulo para ficar de pé e começar a correr, mas fui impedida pela figura que parou na porta, apoiando-se no batente.

— Tia, Emma! Tio, Nick! — a menina respirava com certa dificuldade e estava suada.

— O que foi, Flávia? Algum problema? — perguntei.

— O Miguel.

— O que tem o Miguel?

— É melhor vocês virem, ele não parece bem. — respondeu e pude notar a preocupação em sua voz. Sem pensar duas vezes, saí correndo sendo seguida por eles.

Point of view Jenna

— Não é assim que as coisas funcionam, Mia. — esbravejei. Fazia meia hora que estávamos discutindo e finalmente perdi minha paciência. Não estava com saco para mimimi.

— É assim sim, Jenna. — gritou, mas sua voz saiu um pouco abafada devido ao som do chuveiro ligado.

— Por que tem que ser sempre do seu jeito? Será que é difícil perceber que estou certa, é difícil admitir pelo menos uma vez na vida que está errada?

— Não estou errada. Errada é você por me encher de cobranças.

— Mas, amor, se estou cobrando é porque sinto sua falta. É chato para um caralho não ter você presente ou quando ter me ignorar. — suspirei. — Não estou pedindo para largar o emprego e abrir mão dos seus sonhos, só estou pedindo por um pouco de atenção, custa?

— Ah, não enche. — ela respondeu, mas quase não ouvi. Minha atenção foi desviada para o celular dela tocando sobre o criado-mudo no quarto. Corri até o aparelho e o segurei. Ela gritou para eu não atender, mas já era tarde. Já havia aceitado a chamada.

Alô? — falei, a ligação estava chiando.

Oi, falo com a Mia? — a voz masculina soou do outro lado da linha.

Um Bebê Entre Nós - Jemma version Onde histórias criam vida. Descubra agora