Point of view Emma
Liguei para os meus pais e para Nick para informá-los que estava noiva. Meu melhor amigo surtou, meus pais insistiram em dar um jantar e nem adiantou a gente recusar, já que dona Natalie se uniu a eles em um complô contra a gente e juntos começaram a tal organização para comemorarmos. Além de tudo, se encarregaram em começar a montar os convites do casamento, quanto a isso, Jenna e eu não reclamamos, já que seria um gasto a menos e um trabalho a menos para nós duas.
Estava na escola de música. Meus alunos estavam distraídos desenhando a clave de sol que havia acabado de ensinar. Não é por nada não, mas minha classe era muito avançada e apesar de ser a mais novinha em questão de idade, dava de dez a zero na dos alunos mais velhos.
— Meus amores, parem um minutinho o que estão fazendo. — pedi. Eles me olharam com olhinhos curiosos. — Vocês já avisaram aos pais sobre a apresentação do coral no próximo domingo? — e logo me arrependi de ter perguntado, pois eles começaram a falar ao mesmo tempo, entrando em uma discussão que não consegui entender. Tampei o ouvido e fiz uma careta, antes de tentar colocá-los em ordem. — Pessoal, vamos fazer silêncio, por favor? — pedi, mas quando aqueles anjinhos abriam a boca era difícil. — Galerinha, estou falando!
— Mas eu não sei se quero cantar, porque não sou afinado. — ouvi Miguel reclamar com Tiago. Eu quis rir.
— Amores, prestem atenção aqui. — estalei os dedos, mas eles não paravam. Caminhei até a minha mesa e peguei a borracha. Era a técnica para fazê-los calar. — Estou com a minha borracha na mão, quem devo apagar primeiro? — e de repente, todos se calaram. As crianças morriam de medo quando eu ameaçava apagá-los, porque segundo a minha mentirinha do bem, eles ficavam invisíveis e eu não os enxergava, o que consistia em ignora-los o dia todo. — Ah, se calaram? Que bom! — segurei o riso. A carinha de desespero deles me fazia querer apertar um por um. — Pelo que entendi ninguém falou nada com os pais. Por que? — Enzo levantou a mão. — Fala, Enzo.
— Porque eu esqueci.
— Eu também. — Valentina falou.
— Como assim? Eu colei o bilhete no caderninho de vocês. — suspirei. — Não esqueçam de mostrar hoje, ok?
— Tia, todos tem que participar? — Flávia perguntou.
— É o ideal.
— Mas eu não sei cantar, tia. — Miguel repetiu.
— É claro que sabe, filho. Estou ensinando para vocês e ninguém vai cantar sozinho. — e de novo eles começaram o falatório sem fim.
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Antes de abrir a porta do apartamento de Jenna - sim, ela tinha me dado uma chave -, notei que vinha um som de violão de dentro, seguido pela doce voz. Pedi Miguel para que fizesse silêncio assim que destranquei a porta para continuar apreciando a bela mulher sentada no tapete, de olhos fechados. Fazia tanto tempo que ela não cantava para mim!
Assim que ela finalizou, Miguel e eu invadimos o apartamento batendo palmas, ela se assustou e quase deixou o violão cair.
— Eu vou matar vocês dois antes de me matarem. — falou um pouco alto. Miguel correu até ela, se jogando em seu colo e agarrando seu pescoço.
— Mãezinha estava cantando. Quanto tempo!
— Oi, amor. — me aproximei. — Desculpa assustar você, mas estava tão lindo que não queria que parasse. — fui sincera. — Além do mais, essa música é linda e eu não conheço. De quem é?
— Uh... — pausou e ruborizou. — Essa composição é minha. — reduziu o tom de voz e olhou para o chão. — Acabei de fazer para você. — meu queixo quase despencou.
— Você... sério? — perguntei surpresa.
— Sim. — falou timidamente. — Mas não era para você ter escutado, não está produzida ainda.
— Amor, você é perfeita. Que sorte eu tenho! — falei e me juntei a ela e Miguel no tapete. O menor me olhou com os olhos arregalados. — Desculpa, campeão, mas não resisto a sua mãe. — olhei para ela e dei um selinho. — Eu te amo. E vou querer ouvir essa música novamente mais tarde, antes da gente fazer a-m-o-r. — soletrei com certa malícia.
— Mamãe, como é que faz amor? — Miguel perguntou, assustando nós duas. Nos entreolhamos e olhamos para ele que tinha um sorrisinho cínico.
— Filho, como você... — Jenna começou a perguntar. — Você está lendo? Como não me contou isso? — ele deu de ombros.
— Espera! — corri até a mesinha que tinha na sala e peguei o primeiro livro que achei, entregando para ele. — Lê esse título para a gente. Ele analisou e pensou por alguns minutos.
— A Cabana. — leu pausadamente.
— NÃO ACREDITO! — Jenna e eu falamos ao mesmo tempo. Ele nos olhou como se fôssemos loucas.
— O Mimi está lendo, amor! — Jenna falou com uma felicidade descomunal.
— Sim, ele está! — falei animada e rindo. Chame a gente de loucas, mas era uma sensação inexplicável a de ver nosso filho dar mais um passo. Jenna e eu nos levantamos, dando as mãos e começamos a girar em uma espécie esquisita de comemoração. Nosso filho nos olhou com as bochechas vermelhas e com estranheza, talvez ele não tinha noção de que as mães fossem tão ridículas.
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Um Bebê Entre Nós - Jemma version
FanfictionO que você faria se de repente o passado batesse a sua porta? E o que você faria se esse passado viesse com uma criança? Jenna e Emma se conheceram de uma maneira inusitada, o destino tratou de separa-las, mas a vida é uma caixinha de surpresas e m...