Eu sou sua mãe.

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Point of view Emma

Depois de muito esforço, consegui me sentar. Meu corpo inteiro doía, mas nada comparado a dor no meu coração. Eu odiava brigar com Jenna, mas eu não conseguia entender o porquê dela esconder de mim algo tão sério.

Eu estava errada?

Fechei os olhos por rápidos segundos, até abri-los novamente com a presença de Miguel no quarto. Ele estava ao lado de Natalie e segurava nas mãos um enorme buquê de rosas vermelhas. Sorri ao notar a dificuldade que ele tinha em carregar o buquê.

— Tia, não consigo ver você. — caminhou com a ajuda de Natalie e assim que chegou mais perto, praticamente jogou o buquê em mim. — Eu trouxe flores.

— Oh! São lindas. — cheirei as flores.

— Mamãe disse que devo ser cavalheiro e gentil. — deu de ombros. — Continuo achando esse buquê grande, mas eu mesmo escolhi, porque é vermelho e combina com você.

— Por que? Sou vermelha agora é? — brinquei.

— Não, mas é bonita. — suspirei.

— Vem aqui. — chamei e ele subiu na cama cuidadosamente. — Obrigada pelas flores. — as coloquei de lado. — Você é um príncipe.

— E você minha princesa. — falou e ruborizou. — Não deixa a mamãe ouvir isso. Não conta nada para ela, vovó. — pediu e eu simplesmente o abracei. — Tia, posso perguntar algo?

— O que quiser.

— Por que a senhora e a mamãe brigaram?

— Nós não brigamos.

— Brigaram sim. — coçou a nuca. — Ela saiu chorando e não quis entrar comigo. Não gosto disso. — não respondi, apenas olhei para Natalie.

— Ela contou, não foi? — Natalie perguntou. Como assim? Ela sabia?

— Você sabia?

— Desde o começo. Minha filha ficou muito mal quando tudo aconteceu, ela não conseguia entender o fato de você ir embora, deixá-la grávida.

— Eu não sabia que ela estava grávida, ok? Ela não me contou. — senti a raiva voltar, mas me controlei. — Se Jenna tivesse falado eu não teria ido embora. Eu dava meu jeito, porque fui embora para protegê-la, mas eu teria ficado e tentado salvar o nosso relacionamento e a nossa criança.

— Você precisa entendê-la e não culpá-la.

— Estou tentando entender e não estou culpando ninguém. Ela não errou sozinha, eu errei junto. Mas o que não entra na minha cabeça é o fato de não ter me dito quando a gente reatou.

— Te entendo, querida. — se aproximou, sentando ao meu lado em uma poltrona. — Mas pensa o quão complicado é tudo isso. Jenna é uma pessoa tão correta, mas acredito que deve ser confuso para ela. Minha filha estava casada com outra mulher, que adotou o Miguel. Ele, apesar de ser uma criança muito esperta, é muito pequeno para entender esse tipo de coisa. E o mais importante nisso tudo, como ficaria a sua cabeça? Tenho certeza que minha filha pensou em todas as consequências. Uma criança caindo praticamente de paraquedas na vida de outra pessoas trás responsabilidades enormes, não é como adotar um bichinho de estimação do dia para a noite. — fiquei calada. Ela estava certa. — Eu mais do que ninguém entendo o seu lado, a sua mágoa, sentimento de injustiça e raiva, mas a única coisa que peço é para tentar entender Jenna. Não deixa o relacionamento de vocês ir por água abaixo mais uma vez, vocês se amam e acho que esse é o momento de recuperar o tempo perdido. Você perdeu cinco anos da vida dele. — apontou com a cabeça para o menino que brincava distraidamente com a mangueira do soro em meu braço. — Que tal começar exercer o seu papel como mãe agora? Tenho certeza que você vai se sair muito bem, porque é uma pessoa maravilhosa e mesmo que não tenha participado diretamente da vida dele, participou indiretamente. Você salvou a vida do meu neto duas vezes, existe ligação mais linda do que essa? Certamente não. — sorriu e apertou minha mão. Eu queria chorar. — Ele vai adorar tudo isso, porque está claro o quanto esse menino te ama. Faça o que é certo. — olhei para ela por alguns segundos, até ter coragem para perguntar.

— Devo contar agora?

— Escuta o seu coração. — e se levantou, depositando um beijo nos meus cabelos e saindo dali, me deixando a sós com o meu filho. Meu filho! Ainda estava tentando me acostumar com o fato de ser mãe. Olhei para ele por longos minutos.

— Campeão!

— O que?

— Posso te fazer uma pergunta?

— Claro. — me olhou com os olhinhos azuis brilhando.

— O que você acharia de me ter como mãe?

— Seria o máximo. — se animou. — Eu já disse isso uma vez.

— Eu sei. Mas é que tenho uma coisa para te contar e não sei como começar.

— Começa pelo começo. — senti vontade de rir, mas estava nervosa demais para isso.

— É porque não é tão simples, sabe? Tenho medo de assustar você ou de me embolar.

— Você já está se embolando, tia. — riu.

— Ok. Vou ser bem direita e me desculpa por isso. — droga! odiava me atrapalhar. — Você é meu filho.

— Sim. Você vai casar com a minha mãe.

— Não por isso, amor. — ele franziu o cenho. — Eu sou sua mãe assim como Jenna.

— Não estou entendendo.

— Eu sou sua mãe biológica. — olhei para ele. — Conheci sua mãe há muito tempo atrás, éramos namoradas e morávamos juntas. Decidimos ter um bebê e então visitamos vários hospitais com excelentes médicos que podiam nos ajudar. Fizemos alguns exames e houve um procedimento muito difícil de explicar e você também não precisa saber essa parte, mas a sua mamãe Jenna ficou grávida, nós ficamos grávidas, mas ela que carregou você dentro dela.

— Acho que entendi. — me olhou. — Mas, e a mamãe Mia?

— Ela adotou você, filho. Já ouviu falar sobre adoção? — ele negou com a cabeça. — Existe uma casa cheia de crianças que não tem papai e nem mamãe. Elas ficam sobre cuidados de pessoas muito boas, até que apareça uma família para levá-las para casa. Pais adotivos são como pais biológicos, a diferença é que o neném não nasce daqui. — coloquei a mão sobre a barriga dele. — Mas nasce daqui. — subi a mão para o seu coração. — No seu caso, você tinha sua mamãe, mas a mamãe Emma estava longe. Jenna se casou com a Mia e ela adotou você.

— Onde você estava esse tempo todo? — perguntou inocentemente, fazendo meu estômago revirar.

— Infelizmente a vida brinca com a gente mesmo quando não estamos dispostos. Houve algo muito sério, assunto de adulto... — respirei fundo. — Eu precisei terminar com a Jenna e ir embora para outra cidade.

— Então... — deu uma longa pausa. — Você me abandonou? Me abandonou e abandonou a minha mãe?

— NÃO! — gritei sem sentir. Ele se assustou. — É claro que não. Eu não sabia e se soubesse jamais faria isso. Não estou aqui para te colocar contra a sua mãe, mas ela não me contou que estava grávida.

— Por que?

— Ela teve medo, meu amor. Mas esqueça essa parte, ok? Não é culpa dela. Só quero que coloque na cabeça que eu não abandonei vocês e o que importa agora é que estou aqui e não pretendo ir embora. — deixei uma lágrima cair. — Nunca mais.

— É estranho. — falou e meu peito se apertou.

— Eu sei. Mas, você me perdoa?

— Por que? — perguntou e neguei com a cabeça. Ele apenas sorriu e deu de ombros.

— Ficaria muito feliz se você começasse a me chamar de mamãe. — falei e o silêncio caiu sobre nós, até Miguel o quebrar.

— Eu te amo, tia.

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Um Bebê Entre Nós - Jemma version Onde histórias criam vida. Descubra agora