Um Bebê Entre Nós - Jemma version

Reencontro e lágrimas.

Já teve a sensação de que o tempo congelou em um dado momento, tudo parou e você é a única pessoa em movimento observando ao seu redor? Já sonhou que estava caindo em um buraco negro e fundo e, de repente, acordou com o próprio baque que deu na cama ou queda no chão?

Estava tudo frio, senti os pêlos dos meus braços se eriçarem e meu corpo tremer por inteiro, de dentro para fora. Vi tudo acontecer em câmera lenta, mas ao contrário do sonho não caí, não sobre o chão, não fisicamente, desabei emocionalmente. À minha frente estava a única pessoa que me fez ir do céu ao inferno e do inferno ao céu em segundos, a única pessoa que me entreguei de corpo e alma e vi meu coração se despedaçar na mesma velocidade de tempo que foi preenchido com um amor tão puro.

- Flashback on -

Emma corria pelas ruas de São Paulo um pouco mais na frente feito uma criança. Vez ou outra cumprimentava um cão que provavelmente estava passeando com seu dono ou andava sobre o meio fio se equilibrando, como se sua vida dependesse disso. Sorri com a cena, era algo bobo, porém fofo.

— Droga! — passei as mãos pelos bolsos. — DROGA! — gritei e Emma quase caiu ao se virar para trás e me notar parada.

— O que foi, D'Flash?

— Minha chave. — bufei. — Está com você?

— Não (?). — ela respondeu como se fosse óbvio.

— Acabei de perder. Mas que merda! — disse brava.

— Perdeu como? Caiu?

— Não, não, Myers. Criou asas e saiu voando por aí. — fui irônica e ela pareceu pensar por alguns minutos.

— Tecnicamente isso é impossível.

— Ai, meu Deus! — revirei os olhos e bufei, me aproximando mais dela.

— O que?

— Nada, esquece. — respirei fundo, tentando me manter calma. — Acho que meu bolso está furado, deve ter vazado.

— E agora?

— Agora que vou precisar de uma nova ou não entro em casa. A menos que eu salte o muro e morro eletrocutada pela cerca elétrica.

— Eu voto na primeira opção e... — ela ia terminar quando um ciclista invadiu a calçada. Ela seria atropelada, se meu instinto protetor não tivesse falado mais alto me fazendo pular na frente e a empurrar para o outro lado, agarrando seu corpo com certa força.

— CUIDADO, SEU VERME! FICOU LOUCO? — gritei para o rapaz que perdeu o equilíbrio e caiu um pouco mais à frente. — Você está bem? — perguntei e minha voz foi morrendo aos poucos quando nossos olhos se encontraram.

                              - Flashback off -

— O que você está fazendo aqui? — perguntei depois de minutos que pareceram longas horas.

— Oi, eu... Oi, Jenna. — ela respondeu baixo, negando repetidas vezes com a cabeça. Seu rosto estava corado.

— O que está fazendo aqui, Myers? — engoli em seco.

— Eu... — ela olhou para os lados como se buscasse por ajuda. — O Miguel caiu, achei que ele quisesse que eu segurasse sua mão. Sou professora dele. — negou com a cabeça. — O que você...

— Miguel é meu filho. — cerrei o punho e fechei os olhos, tentando conter as lágrimas e a raiva.

— Jenna. — senti a mão gelada de Mia tocar meu braço.