Point of view Emma
Miguel corria na frente, brincando com o seu aviãozinho de papel que eu tinha feito durante a aula. Eu andava mais devagar atrás, segurando algumas sacolas com roupas novas para ele.
De repente, senti alguém cutucar meu ombro e me virei para trás rapidamente dando de cara com Mia.— Miguel, fique aí. Já estou indo. — falei para ele que ignorou a presença de Mia e apenas me obedeceu. — O que você quer comigo?
— Vim ver pessoalmente essa sua cara de cínica.
— Já viu? Pode ir embora agora. — debochei e tentei sair, mas fui impedida pela sua mão no meu braço.
— Você devia ter vergonha na cara.
— Tá. Mas, por que?
— Por roubar mulher dos outros.
— Eu não roubei mulher de ninguém.
— Você é insuportável!
— Escuta aqui. — falei sem paciência. — Não vou deixar você me insultar assim. Estamos no meio da rua, tenha pelo menos vergonha.
— Quem tem que ter vergonha é você por roubar minha mulher.
— Ai, Mia, troca o disco vai. — revirei os olhos. — Não roubei ninguém.
— Ah, não? O Miguel está fazendo o que com você?
— Você quer que eu seja educada ou sincera?
— Eu quero saber o que ele faz com você, porque se ele está a Jenna também está.
— Não que seja da sua conta, mas sim, eles estão comigo, na minha casa. Você foi ridícula o suficiente para expulsa-los no meio da noite e eu os acolhi e se depender de mim, ficarão comigo por um longo tempo.
— Você não tem esse direito.
— O que me impede?
— Eles não serem sua família.
— Sua que não é, meu anjo. — ri com deboche e vi o rosto dela ficar vermelho. — Agora se me der licença. Tenho muita coisa para fazer para perder tempo discutindo com você. — tentei sair, mas novamente ela me impediu.
— Fique sabendo que isso não vai ficar assim. Você vai se arrepender de ter voltado e destruído meu casamento.
— Não tenho medo de você. Quer me assustar, vista-se de palhaço, me assusta muito mais do que essa sua cara feia. — comecei a andar, mas parei no meio do caminho. — E só para deixar claro, se voltar a humilhar a Jenna ou o Miguel, se ousar a chegar perto e encostar essa sua mão suja neles, vai se arrepender. — e sem dizer mais nada me virei para ir embora.
- - -
Cheguei em casa e encontrei Jenna sentada no sofá. Ela assistia algo na televisão enquanto almoçava.
— Mamãe, cheguei! — Miguel correu até a mãe e beijou a bochecha dela.
— Oi, meu filho. Como foi?
— Foi tudo ótimo. Eu aprendi coisas novas.
— Na verdade, Miguel aprende as coisas muito fácil. Oi, Jenna. — cumprimentei.
— Teve um bom dia?
— Cansativo, mas produtivo. Estou cheia de fome.
— Tem comida pronta.
— Você que fez?
— Não. Eu comprei. — riu.
— Graças a Deus. — falei sem sentir e ela me olhou com cara feia.
— Eu ouvi isso, ok?
— Me desculpa, você é ótima em várias coisas, mas as suas comidas não são boas.
— Não mesmo. — Miguel concordou.
— Ah, vai ser assim? Dois contra uma? — se levantou. — Vocês vão me pagar! — ameaçou. Miguel e eu gritamos e começamos a correr.
Assim que terminamos de comer, voltamos para sala para jogarmos vídeo-game. Quer dizer, Miguel e eu jogarmos e Jenna ficar observando.
— SEGURA ESSA, TIA EMMA! — Miguel gritou assim que fez um golaço de me deixar envergonhada.
— Não é possível você ser melhor do que eu nesse troço, garoto. — falei.
— Vocês parecem dois doentes. — Jenna riu, mas a gente não deu atenção para ela. Suspirei e dei uma leve cotovelada no Miguel para ele colocar nosso plano em prática, mas ele estava tão concentrado que acabou resmungando.
— Para de me cutucar, tia. Quer roubar é? — dei outra cotovelada nele e dessa vez ele me olhou, sem entender. Olhei disfarçadamente para Jenna e ele arregalou os olhos em entendimento. — Mamãe, hoje o tio Nick vai vir me buscar, ok?
— Quem?
— O tio Nicolas. Diretor da escola, ele me chamou para um passeio e eu disse sim.
— Como você disse sim sem falar comigo antes?
— Ele é amigo da tia Emma, então achei que tudo bem.
— É, Jenna. O Nick é de confiança.
— Tudo bem, mas só porque sou uma mãe muito legal. — revirou os olhos.
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Mais tarde, Nicolas chegou para buscar Miguel. O menino estava muito animado e não havia parado de falar o quanto seria legal ir ao cinema a noite e jogar vídeo-game a madrugada toda com o tio. Assim que os meninos saíram, a casa ficou completamente vazia para Jenna e eu. Ela estava sentada no sofá lendo um livro qualquer e eu parada perto da porta, me agarrando ao meu último fio de coragem para fazer o convite.
— Fala logo, sua imbecil. Não é nada demais. — pensei alto e ao constatar tampei a boca, na tentativa falha de voltar as palavras para dentro dela.
— O que disse? — me olhou.
— An... só perguntei se você topa assistir um filme comigo, já que o Miguel saiu e estamos sozinhas... você sabe.
— Claro que sim. — sorriu. — Qual filme?
— Bom... estou pensando em simplesmente acontece, já que nunca vi. — menti. Já tinha visto um milhão de vezes, mas era um filme bem sugestivo. — Dizem que é bom.
— Pode ser então.
— Ok. Só vou pegar a pipoca e o vinho. — depois de alguns minutos, voltei para a sala com um balde de pipoca e duas taças de vinho. Coloquei o filme e apaguei a luz, me sentando ao lado dela.
Algum tempo de filme depois, percebi que Jenna estava desconcentrada, mas fingi não perceber.
— Emma, esse filme.
— O que tem o filme?
— Você é inacreditável! — sorriu e negou com a cabeça. — Por que o escolheu?
— Porque a história não é apenas sobre o amor superficial que estamos acostumadas a ver por aí. Vai além disso, é algo extremamente profundo. Não é qualquer romance água com açúcar. Começa com uma linda amizade, depois vem os empecilhos, mas no final tudo se resolve e mostra que o amor tem força o suficiente para ganhar a batalha. — mesmo no escuro, percebi seus olhos se encherem de lágrimas.
— Emma...
— Somos como Alex e Rosie, Jenna. E eu estou disposta a lutar para o nosso amor vencer no final. A pergunta é, você está? — ela nada respondeu. Apenas se aproximou de mim, me puxando para um beijo. Seus lábios tocaram os meus de maneira delicada, mas devota, liberando todas as borboletas no meu estômago, deixando-as voar livremente. Arrepiando todo o meu corpo, fazendo vibrar cada pedacinho meu em resposta, em saudade e em adoração. Quando Jenna pediu passagem com a sua língua e aprofundou o beijo, senti que aquilo ia muito além de um simples desejo carnal, era um lindo e puro encontro de almas que por anos se viram perdidas.
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Um Bebê Entre Nós - Jemma version
FanfictionO que você faria se de repente o passado batesse a sua porta? E o que você faria se esse passado viesse com uma criança? Jenna e Emma se conheceram de uma maneira inusitada, o destino tratou de separa-las, mas a vida é uma caixinha de surpresas e m...