Durma com os anjinhos pt2.

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Estava sentada na sacada do apartamento de Jenna. Minhas pernas estavam curvadas e meu rosto afundado nos joelhos, tentei o máximo que pude, mas chegou um momento que não consegui esconder minha tristeza e preocupação e desabei. Chorei tudo que guardei, como se junto com as lágrimas fosse acontecer uma mágica, trazendo o Miguel de volta.

Jenna estava na sala, junto com Nick e sua mãe. A polícia estava fazendo o seu trabalho, mas o medo e a angústia de não ter respostas estavam me matando aos poucos e eu simplesmente não conseguia encarar minha namorada nos olhos, por não saber o que fazer, tampouco o que falar. Eu queria respostas, mas a certeza que tinha era que não era a hora certa.

Céus, eu estava muito confusa!

— Pequena? — a voz suave do meu amigo me tirou dos meus pensamentos, mas não levantei a cabeça. Não queria que ninguém me visse chorando. — Está tudo bem? — sério? neguei com a cabeça.

— Não, Nick. Está tudo péssimo. — ele me abraçou e beijou minha cabeça.

— Você precisa voltar para a sala. — falou cuidadosamente. — A Jenna está com a Mia no telefone.

— O que? — levantei a cabeça. — Ela ligou? Ela está com o Miguel?

— É melhor você ir. — respondeu e levantei, saindo correndo dali. Ao chegar na sala, Jenna estava aos prantos, praticamente berrando no celular.

— Mia, pelo amor de Deus! Ele é uma criança, ele precisa de mim. — andava de um lado para o outro. — o que posso fazer por você? — parou por alguns segundos. — Me deixa falar com ele. Ele está bem? — fechou os olhos. — EU VOU ACABAR COM VOCÊ, ESTÁ ME OUVINDO? SE MEU FILHO... — corri até ela e tomei o celular das suas mãos. Não ia deixar ela piorar as coisas.

— Oi, Mia, é a Emma. — falei.

— Oi, Myers.

— Tudo bem?

— Estou ótima. E você?

— Certo, é o seguinte. Posso te fazer uma pergunta?

— Claro. — respondeu tranquila e percebi que ela não estava em um estado mental saudável.

— Você está com o Miguel?

— Estou.

— Pode me deixar falar com ele? — silêncio e logo a voz infantil acalmou meu coração.

— Tia Emma?

— Ai, graças a Deus! Amor, está tudo bem?

— Sim. Acabei de acordar, por que me deixaram dormir durante a minha festa?

— Onde você está? — perguntei e logo o telefone foi tomado dele.

— Viu? Meu filho está bem. Com a mãe dele.

— Onde vocês estão?

— Acha que vou te falar? — riu.

— O que você quer? — perguntei e percebi Nick pegar o computador e começar a digitar rapidamente. Coloquei no viva voz.

— Quero minha esposa. — Jenna engoliu em seco.

— Ok. Você quer a Jenna, certo?

— Certo. — suspirou. — Eu a amo e ela me ama também. Todo mundo sabe que a felicidade dela sou eu. Todos sabem que ela, Miguel e eu seremos muito felizes.

— Tudo bem. Todo mundo sabe e vocês poderão ser muito felizes juntas. — entrei no jogo dela.

— E eu quero você fora do caminho.

— Eu vou ficar, te prometo. — fiquei calada. — Mas com uma condição.

— Qual?

— Você me dizer onde está com o Miguel.

— E como vou ter certeza que não é uma armação contra mim? Que vocês não vão fugir com meu filho?

— Porque o celular está no viva voz e a Jenna ouviu tudo e ela concorda. — Mia não respondeu, o que deu a chance de Jenna falar.

— A Emma não está mentindo, amor. Estou de acordo com tudo. Fala para mim onde está o nosso filho e vou buscar vocês. — percebi pelo seu tom de voz o quanto estava tentando manter a calma. — Eu vou buscar vocês e vamos fazer uma linda viagem juntas, para o Caribe. Como você queria.

— Nós vamos? — perguntou esperançosa e eu senti minha boca amargar no mesmo instante que meu estômago embrulhou.

— Sim. Claro que vamos. Nada pode impedir a gente.

— Amor. — falou baixinho. — Não queria ter feito isso. Eu só tive medo de perder você.

— Eu sei.

— Eu nunca machucaria o Miguel. — riu. — Ele está aqui. Está vendo tv.

— Eu sei que não machucaria. Ele é nosso filho, lembra? — Jenna falou e me olhou, como se buscasse algum sinal de desaprovação no meu rosto. Neguei com a cabeça, a assegurando de que estava tudo bem. — Onde vocês estão?

— Eu vou te falar, mas me promete uma coisa?

— Tudo que você quiser.

— Venha sozinha e não traga a polícia.

— Por que eu levaria a polícia? — Jenna riu, tentando passar segurança Mia. — Você só pegou o nosso filho para um passeio no aniversário dele, mas agora a outra mãe quer buscá-lo.

— Anota o endereço. — Natalie correu até a mesinha de centro e pegou papel e caneta para anotar o endereço que Mia estava falando.

— Não vou demorar chegar, ok? — suspirou. — Obrigada. — finalizou a chamada e nos olhou, com raiva, mágoa, medo. Ficamos em silêncio.

— Estou chocado! — Nick quebrou o silêncio. — Ela enlouqueceu de vez.

— Meu medo é dela fazer algo com o Miguel. — Jenna falou e eu fiz carinho no ombro dela. — Eu não faço ideia de onde fica esse lugar.

— De acordo com as minhas pesquisas... — Nick olhou para a tela do computador. — Esse lugar fica em Conchal. A mais ou menos 180 quilômetros daqui.

— O que estamos esperando para irmos até lá? — perguntei, sentindo o coração bater rápido em meu peito. Estava com medo e muito nervosa.

— Vou avisar a polícia. — Natalie pegou o celular e começou a discar os números, enquanto Jenna procurava a chave do carro.

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Um Bebê Entre Nós - Jemma version Onde histórias criam vida. Descubra agora