Danny

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Elvis ria enquanto meu rosto queimava de vergonha no banco do motorista.

— Você vai quebrar meu carro! - ele gritou. — Sai daí!

Bufei, mas concordei.

Descobri que dirigir realmente não era pra mim. Tudo bem, sabia que era só uma desculpa para virmos aqui. O deserto fora da cidade era um ótimo lugar para se ter discrição.

Opal fingia não notar eu ficar fora de casa mais alguns minutos para falar com Elvis. Ela também não se importava que ele dormisse no sofá de nossa casa às vezes, embora na manhã seguinte, me provocasse sobre até conseguir me deixar constrangido.

Essa era uma coisa que eu admirei na Opal desde que nos casamos: não importa a situação, ela sempre sabia como me deixar constrangido, como me fazer rir de mim mesmo.

Quando não se pode casar com alguém por quem você é atraído, casar com alguém que te faça rir é a próxima melhor opção.

Elvis passou pro banco do motorista, eu sentei no banco do passageiro novamente. Ele ainda ria, suas covinhas se destacavam profundamente nos dois lados de seu rosto.

Toquei sua bochecha. Ele olhou um momento antes de jogar os braços em volta dos meus ombros para me beijar.

Os Miller começaram a chamar Opal para outras tarefas além de cuidar da Mary, como limpar a casa ou cozinhar, então ela ia para lá com mais frequência na semana. O que significava também que Elvis a trazia para casa com mais frequência, que nos víamos mais.

Os dias livres, que eram raros, eram dias para entrar no carro dele antes do sol nascer e vir para o meio do deserto. Ele fingiria me ensinar a dirigir, mas seu interesse era outro.

Meu interesse com certeza não era o carro para ser justo.

Minhas mãos serpentearam por seu corpo enquanto o beijo aprofundava. Elvis arranhou minha nuca, se aproximando mais ainda, praticamente tentando subir no meu colo. Tentei não rir.

Franzi a testa ao tocar algo frio por baixo da sua camisa. Continuei o beijo ainda assim. Frio, duro e metálico…

Puxei e me afastei do beijo.

Puta merda.

— Você tá armado? - gritei.

Elvis ainda estava tentando recuperar o fôlego do beijo, mas de repente estava pálido e com olhos arregalados. Ele tomou o pequeno revólver da minha mão, nervoso.

— É só… proteção, docinho. Nunca se sabe. - gaguejou sem me olhar nos olhos.

Normalmente ouvi-lo me chamar assim me distrairia de qualquer coisa. Nem sei como esse apelido começou, mas Elvis sempre me chamava desse modo.

Isso não me distraiu naquele segundo porque muitas coisas fizeram sentido de repente. A quantia de dinheiro que ele dava a Opal, a coisa sobre levá-la para casa porque "as ruas estavam perigosas".

Minha pele estava arrepiada. Cresci com armas em casa, isso não era um problema. Que se foda, minha esposa tem uma arma! Mas, isso é em casa. Aqui era o meio do nada. Não se precisa de proteção no meio do nada a menos que se planeje fazer algo mais arriscado do que beijar escondido.

— Proteção? Você acha que eu nasci ontem, Elvis, porra? - bufei, abri a porta do carro.

— Onde você vai?

Eu já tinha descido do carro quando ele perguntou. Andei sem olhar para trás, mas respondi sobre o ombro.

— Voltar pra cidade.

— Você tá maluco? Estamos no meio do deserto, Danny, docinho! - Elvis agarrou meu braço. Afastei sua mão.

— Que se foda! Você acha que eu vou ficar andando pra lá e pra cá com criminoso, porra?

Salário do PecadoOnde histórias criam vida. Descubra agora