Danny

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Opal saiu na manhã de um dia livre, avisando que iria ao cabeleireiro.

Elvis franziu a testa. — Ela já não fez o cabelo essa semana?

— Ela gosta muito de como a profissional faz o cabelo dela. - dei de ombros, poupando explicações mais elaboradas. Entrei no carro do Elvis. — Vamos?

Ele suspirou, ligou o carro, dirigiu para fora da cidade pelo seu caminho habitual.

Sua pele estava queimada de sol e as olheiras mais escuras. Opal comentou que ele estava, mais uma vez, pagando apenas o combinado e que estava chegando no mesmo horário que os pais e tios, o que queria dizer que estava trabalhando com eles no posto de gasolina, na fábrica ou na fazenda.

Por mais acabado que ele estivesse, isso me pareceu um motivo para sorrir, realmente me deixou contente: Elvis estava mesmo tentando, por mim. Ele estava tentando por mim.

Uma vez fora da cidade, estacionamos na beira da estrada. Apenas deserto, com suas paisagens secas, por todos os lados que olhássemos. O sol era quente, o ambiente não era atraente, mas havia paz em estar a sós com Elvis por mais algum tempo.

Toquei seu ombro. Elvis encostou o rosto no meu peito um momento antes de erguer o olhar e me beijar. Contive uma risada, acariciei seu cabelo, o beijo aprofundou rapidamente. Seu toque parecia estar em todo lugar pelo meu corpo de repente.

Agarrei-o pelo tecido da camisa, mordisquei seu lábio antes de começar a beijar seu pescoço. As coisas sempre pareciam escalar rápido quando estava com o Elvis.

Os dias passavam rápido demais, ele dirigia rápido demais, um beijo virava outro e virava mais rápido demais…

E então quando nos dávamos conta, estávamos suados e exaustos, com rostos corados, lábios inchados, roupas amarrotadas e os cabelos bagunçados enquanto o sol se punha.

Me encostei novamente no banco enquanto observava Elvis ligar o carro e voltar para a cidade. Meu coração disparou com a ideia, senti meu pescoço apertar. Sabe-se lá quando seria o próximo dia livre.

Fechei os olhos um instante. Momentos roubados eram bons, mas eram apenas isso. A realidade era dentro dos limites da cidade. A realidade era uma merda.

Realidade era uma casa com goteiras, bicos ruins por um salário medíocre e uma esposa que, por mais divertida e incrível que fosse, era longe do que eu queria na minha cama.

— Você já pensou em sair da cidade? - perguntei baixinho, olhos ainda fechados. — Só… Dirigir e nunca mais voltar?

Elvis não pareceu estranhar a pergunta. Ele já havia notado que eu sempre ficava mais reflexivo quando voltavámos à cidade, aceitou isso como parte comum do nosso dia.

— Às vezes. Mas tem muita coisa nessa cidade para eu simplesmente deixar para trás. Precisaria de algo muito grande pra eu decidir ir.

Franzi a testa, não abri os olhos.

— Você já pensou em morrer?

Elvis cantarolou, aumentou a velocidade. — Às vezes.

— Como você iria querer morrer?

— Velho.

— Não isso. - bufei, cruzei os braços e abri um dos olhos para poder vê-lo.

Os olhos claros e cinzentos de Elvis estavam focados na estrada, refletiam o azul do céu diante a luz, mas havia uma sombra no seu olhar que o fazia parecer quase malvado. Ainda assim, sua expressão era de curiosidade. Ele fazia um beicinho pensativo que fez uma das covinhas aparecer, parecia um tanto confuso, embora não surpreso.

Salário do PecadoOnde histórias criam vida. Descubra agora