Elvis

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Danny beijava meu pescoço. Estávamos deitados no chão de pedra, seu corpo estava sobre o meu, me mantendo quente.

Abracei seu pescoço e ergui mais a cabeça, para facilitar o acesso de seus lábios a minha pele.

Meu rosto estava quente, meu coração disparava e meu toque serpenteava por suas costas, seus ombros, sua bunda.

Ele mordiscou minha orelha e suas mãos desceram até meus quadris, me apertou com força sob seu peso, me mantendo parado, contido em seu aperto.

Me contorci um pouco. Seu aperto ficou mais forte. Me contorci mais.

Assobios e risos.

O chão de pedra ficou mais áspero.

Tentei me debater. Uma risada ríspida fez cócegas no meu ouvido, fez meu corpo se arrepiar. Seus lábios ficaram azedos.

A luz mudou. O cheiro mudou. Eu estava deitado na minha cela e ele sangrava sobre mim, ou eu sangrava sob ele. Era tanto sangue que eu não sabia dizer.

Me contorci mais, mas suas mãos me mantiveram no lugar. Meu cérebro gritou. A minha volta mais risadas e piadas dos outros presos, falando sobre como eu devia estar na verdade gostando.

Minha mente gritava. Minha garganta ardia de gritar. Então, todo meu corpo queimou para dar espaço a um intruso.

O escuro da noite me cumprimentou quando abri os olhos. Esfreguei o rosto, ofegante, olhei para fora.

Um pântano, estávamos só num pântano.

Esfreguei os olhos. Meu corpo estava quente e trêmulo, podia sentir que estava excitado ao mesmo tempo em que sentia minha cabeça doer e meu corpo todo se arrepiar e retesar em protesto e desgosto.

— Tudo bem?

— Hum... - esfreguei os olhos de novo. Virei o rosto para o lado, Danny estava sentado no banco do passageiro e olhava pela janela enquanto falava comigo. — Sim. Só um pesadelo.

Ele não me respondeu.

Suspirei e deitei meu rosto sobre o volante. Tentei respirar devagar enquanto sentia a forma como meus batimentos cardíacos respondiam à minha consciência.

— Ainda acordado? - perguntei enquanto puxava o lençol que havia caído no chão e tentava enrolá-lo à minha volta o melhor que podia.

— Sem sono. - respondeu, ainda sem me olhar. — Sabia que o natal está chegando?

Franzi a testa. Eu tinha perdido totalmente as contas dos dias, a noção do tempo. Mas, Danny roubava jornais toda manhã e tinha roubado um pequeno calendário em que ele acompanhava as datas. Ele realmente se importava com dias: comprou um belo vestido para dar a Opal no aniversário dela, em outubro.

— Você gosta do natal?

— Sim. Acho que minha mãe vai ficar muito chateada por eu não me confessar e nem ir a missa de natal.

— Eu acho melhor evitarmos a confissão. - respondi, ainda com o rosto no volante. — O pastor poderia chamar a polícia.

— Padre. - Danny corrigiu. — E não poderia.

— Prefiro não arriscar. - insisti. — Podemos ir para casa no natal, o que acha? Ficar perto da cidade até o ano-novo.

Danny ficou quieto alguns segundos antes de responder, um mísero sinal de sorriso na voz:

— Sim, isso seria... seria legal.

— Tente dormir. - pedi. — Te amo.

Danny não respondeu.

Salário do PecadoOnde histórias criam vida. Descubra agora