Elvis

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The moment I fell for you
I saw stars
I heard an angel say, "Wake up, wake up, your wonderful dream come true"

Os sons da noite eram tudo que se ouvia: pássaros, vento, animais, o barulho do riacho, o crepitar do fogo e o som dos carros lá em cima.

Danny tremia enquanto tentávamos tirar suas pernas de debaixo do banco. Ele falava, mas eu não ouvia. Todo meu corpo, toda minha alma, estava focado apenas na tarefa de tira-lo dali.

O carro estremeceu com o vento forte. Estava ficando mais quente. Dava para ver a luz das chamas do outro lado do vidro.

— Elvis?!

— Dan? Elvis! Vocês estão bem?

Porra de pergunta idiota do caralho, Billy.

— Estamos aqui! - consegui gritar.

As vozes deles pareciam próximas. Como estavam logo atrás de nós, imaginei que tinham visto o ocorrido e descido. Bom. Eu não teria sucesso sozinho.

— Ei, o que tá havendo? - Billy perguntou, se pendurando na porta do carro para nos ver antes que eu pudesse adverti-lo a não fazer isso.

Ouvi gritos de novo enquanto o carro balançava e pendia, virando de novo. Os pneus estouraram com o impacto, minha cabeça bateu contra o vidro do meu lado do carro, meus olhos fecharam sem permissão.

Segundos viraram horas, minha alma presa dentro do meu corpo desesperada por acordar. Havia apenas breu e uma dor latejante que ecoava da minha cabeça até minha coluna.

Sabia que precisava abrir os olhos e sair dali, precisava tirar o Daniel dali... mas meu corpo não me obedecia. Estava estático. Me via de fora. Me via tenso, quebrado, ensanguentado e esburacado.

Um grito extenso de pantera irrompeu minha visão astral. Meus olhos abriram, ofeguei.

— Me mata! Me mata, me mata, por favor! - a pantera gritava ao meu lado. O cheiro nojento de carne queimando rapidamente inundou meus sentidos.

Olhei desnorteado em volta, até perceber que era Danny que gritava.

Meu corpo se sacudiu com eletricidade quando olhei para suas pernas de novo. Danny se debatia, batendo na porta e no painel do carro, tentando se agarrar a qualquer coisa que pudesse tira-lo dali. Ele gritava e berrava, os olhos sem foco, apenas desespero.

O cheiro de queimado vinha dele.

Meu estômago embrulhou com uma nova percepção:

O ácido da bateria.

Pulei pra fora do carro.

— Não, não, não! Elvis, me mata! Me mata, por favor! Não!

Tropecei para fora do carro. Myrtle tentava tirar Billy debaixo do veículo que havia caído sobre ele depois de ele ter se pendurado.

Olhei para o automóvel destroçado, metal sendo rapidamente devorado pelo fogo.

— Elvis, ajuda! - Myrtle chamou.

— Elvis!

— Me mata!

Corri para o rio. Me molhei dos pés a cabeça antes de voltar para o carro. Myrtle gritou comigo por não ajudá-la com Billy, mas a parte do carro em cima dele não estava pegando fogo ainda, ele podia esperar.

Havia fumaça, fumaça demais para ver.

Tateei até o braço de Danny. O fogo lambeu meus dedos. Ele tossia e gemia de dor.

Tentei puxar mais suas pernas, sem sucesso.

Sai do carro de novo, me molhei no rio mais uma vez e entrei de novo. Danny já estava inconsciente.

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⏰ Última atualização: Jul 22 ⏰

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