Danny

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Para comemorar 1K de visualizações: atualização dupla! Espero que gostem!

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Observamos o banco por três dias antes de sentirmos confiança nisso. Myrtle ainda estava furiosa comigo, mas eu não me importava com aquela dissimulada.

Ela e Elvis desceram do carro. Billy estava no banco de trás do sedan, roendo as unhas. Ele se inclinou para frente, a mão na direção da chave do carro.

Agarrei seu pulso. Arqueei a sobrancelha. — O que tá fazendo?

— Vamos economizar gasolina se desligarmos o motor... - ele comentou soando confuso.

O empurrei para o banco de trás, revirei os olhos. — Não seja idiota, Billy.

Tal qual uma flor, Billy murchou, os ombros caindo, lábios formaram bico, olhou para os próprios sapatos e se encolheu no banco de trás. Não me importei. Ele não ficaria conosco por muito mais tempo, conseguia ser mais idiota do que a maioria dos parceiros que já tivemos.

Tamborilei os dedos no volante. Olhei nervosamente em volta. Era início de dia, ainda não tinha muitas pessoas nas ruas. Os comércios abriam. Achamos que seria um momento para roubar porque não teria muitas testemunhas, apenas o responsável por abrir o banco e dois funcionários. Nem mesmo o guarda do banco havia chegado ainda.

Vi um casal tomando sorvete e crianças caminhando para pegar o ônibus para escola. Homens andando sem rumo, olhando pelas vitrines com olhos sem foco. Desempregados, imaginei. Mulheres com cabelos curtos e chapéus indo até os correios para pegar cartas, provavelmente alguma estava indo buscar cartas que um marido ou um filho ou um irmão havia enviado da prisão.

Billy acendeu um cigarro e abriu a janela de trás. Revirei os olhos, liguei o rádio, mudei de estação em busca de algo interessante. Acabei desistindo porque nada me agradava. Desliguei o rádio de novo, acendi um cigarro para mim.

Myrtle e Elvis voltaram correndo para o carro. Ela entrou no banco de trás, ele sentou ao meu lado no banco do passageiro, ambos de mãos vazias.

— O que aconteceu? - perguntei, preocupado.

Elvis me olhou, os olhos brilhando. Ele comprimiu os lábios e bufou, balançando a cabeça sem acreditar no que estava para me dizer:

— O banco fechou há quatro dias. Falidos.

Pisquei algumas vezes, precisei de alguns segundos para entender o que isso significava.

— Eles não tinham dinheiro?

— Nenhum. - Myrtle bufou, me lançou um olhar irritado.

Olhei para Elvis de novo. Balancei a cabeça e voltei a olhar pra frente, dirigindo para longe dali. Bufei, sem conseguir conter a risada.

Elvis logo começou a gargalhar comigo, a mão apertou no meu ombro. Ele quase ficou sem fôlego, eu quase perdi o controle da direção.

— Qual a graça? - Billy perguntou sem entender. Elvis e eu apenas nos entreolhamos e continuamos a rir.

***

Elvis me contou o que aconteceu entre risadas: ele e Myrtle entraram no banco, apontaram as armas para o único cara que estava lá, falaram para passar todo o dinheiro.

O cara apenas riu, colocou o chapéu e disse:

"Crianças, o banco fechou há quatro dias. Não há dinheiro nenhum."

Elvis não conseguia parar de rir disso, eu muito menos. Myrtle parecia irritada, ela resmungava sobre a perda de tempo.

— Temos que achar outro lugar. - comentei me encostando contra o Elvis.

Salário do PecadoOnde histórias criam vida. Descubra agora