— Mãos ao alto! - Billy gritou.
— Não se preocupem, queridos. - Myrtle falou alto, logo atrás do Billy porém em um tom de voz doce, a arma apontada para o alto enquanto o salto estalava contra o chão, ela piscou para mim enquanto entrava. — Se todos forem obedientes, vão sair daqui vivos.
— Só que pobres! - completei, rindo. — Bem, ainda mais pobres!
Danny não falou nada enquanto entrava logo depois de mim, a arma na mão.
Mantive meu sorriso no rosto. Já tinha sido difícil suficiente arrastá-lo para realmente fazer parte disso, seria esperar muito querer que ele entrasse nas nossas brincadeiras.
Tínhamos deixado nosso novo parceiro, P.J. Jones cuidando do carro de fuga.
Juntamos o máximo de dinheiro que podíamos antes de ouvirmos o som das sirenes soar mais alto que o barulho dos trovões.
— Inferno. - resmunguei.
Corremos de volta para o carro carregando bolsas de dinheiro. Myrtle segurou a saia enquanto descia as escadas, pés se agitando nas poças de água.
Daniel e Billy se jogaram na traseira do carro. Myrtle atirou contra a polícia enquanto atravessava a calçada, pude notar mesmo de longe como seus ombros subiam e desciam rapidamente.
Dei um grito quando o mundo sumiu sob meus pés. Tudo que senti foi o chão liso demais, o concreto das escadas contra minha coluna fez pontos brancos surgirem na minha visão. Meu rosto gelou, acho que apaguei por alguns segundos, talvez menos.
Me senti ofegante quando consegui abrir os olhos e voltar a enxergar.
A bolsa de dinheiro tinha escapado da minha mão e alguns dólares voavam, molhando sobre a água congelante que cortava meu rosto. Olhei em volta tentando me situar.
A polícia estava perto. Daniel estava correndo de volta para mim enquanto P.J tentava fugir em meio a multidão que se reunia em volta do nosso carro.
Ofeguei antes de me levantar rapidamente, tropeçando, com o coração disparado e cérebro girando. Agarrei a bolsa de dinheiro, meus movimentos pareciam letargicos após essa queda. Meus ouvidos zumbiam.
Corri, desajeitado de volta para o carro. Danny me encontrou no caminho, ele mantinha a polícia distante com tiros, mas o carro estava cada vez mais longe. Ele passou o braço ao redor da minha cintura, tentando me ajudar a correr, mas o máximo que eu conseguia fazer para me mover mais rápido era pular.
— Inferno, inferno, inferno... - chiou.
Daniel tirou o saco de dinheiro da minha mão e jogou no porta malas do carro, pulando para dentro sem soltar minha mão, tentando me puxar para dentro também.
Me agarrei à janela do carro, tentei manter meus pés fora do chão enquanto P.J acelerava mais ainda. Pude ver a Myrtle gargalhando da minha cara naquele momento, os nós dos meus dedos ficando brancos.
Praguejei quando meu apego quase escapou numa curva violenta que o P.J fez no carro para despistar as viaturas.
Após mais algumas curvas que quase me levarem voando pelo pavimento, ele finalmente parou o carro para eu entrar.
Praguejei e, contra os protestos do Danny, que mantinha uma mão firme no meu ombro, me deixei desmaiar no banco da frente.
***
Daniel me deu um tapa no rosto assim que acordei.
— Ai! Por que isso? - perguntei assustado, enquanto sentava e olhava em volta.
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Salário do Pecado
RomanceEntre a Grande Depressão, a Proibição e leis que criminalizavam a homossexualidade, Daniel Osorio conheceu Elvis Miller, um rapaz charmoso que o fazia se sentir livre mesmo que por poucos momentos. Ele entregou o coração para Elvis e recebeu o coraç...