Dezoito anos.
Dezoito anos por roubo a mão armada.
— Ele pode sair antes por bom comportamento. - Opal me lembrou. — Além disso, a pena é simultânea. Ele só vai ter que ficar cinco anos se se comportar.
— Estamos partindo do pressuposto que ele vai se comportar? - franzi a testa me sentando no sofá.
Opal suspirou e cruzou os braços enquanto eu continuava a falar, o nervoso permeando minha voz mais evidentemente a cada nova palavra. Opal me olhar com repreensão, a sobrancelha arqueada com algo que eu só poderia descrever como incredulidade.
— Estamos partindo do pressuposto que você vai perceber que é uma má ideia continuar dando atenção pra ele.
Me levantei, sem acreditar nos meus próprios ouvidos. Pairei sobre ela, a olhando de cima. Eu não era tão mais alto do que Opal, mas, pude notar pela forma com que ela quase recuou que os míseros centímetros de diferença eram suficientes para me impor.
— O que?
— O cara tá preso, Danny! Você quer arriscar mais ainda verem que tudo que a gente tem é falso?
— Eu não vou simplesmente...
— Você quer ser deportado? - Opal me interrompeu fazendo um gesto de basta com os braços, as sobrancelhas bem arqueadas. Qualquer chance que eu pudesse ter de fazê-la recuar já havia desaparecido, mas isso não importava porque ela também não tinha chance alguma contra mim nesse assunto. — Não? Então, fica longe dele!
Bufei. Isso era ridículo, pensei. Dei as costas e subi para o quarto.
***
Querido Elvis,
Já faz duas semanas desde sua sentença e não consigo pensar em outra coisa. Me pego olhando para o nada enquanto lembro de nossos dias no deserto e minha vontade é de chorar.
Gostaria de poder te visitar, mas acho que poderia acabar piorando sua situação caso alguma suspeita fosse levantada a esse respeito.
Espero que você consiga sair. Talvez por bom comportamento ou algo assim, dezoito anos é muito tempo tempo... Por favor, bebê, prometa que quando sair, não fará esse tipo de coisa novamente. Você pode tão mais que isso e eu sei. Não conseguiria ficar sem te ter na minha vida e sem nossas fugas para o deserto.
Você me fez sentir livre pela primeira vez na vida. Sempre vou te amar por isso. Espero que consigamos nos ver logo e que você esteja bem.
Com todo o amor que posso sentir,
Opal Yolanda
***
Bebi mais um gole de café. Opal estava apanhando roupas no quintal.
Ela entrou instantes depois do carteiro passar. Fechei os olhos, já com um mau pressentimento.
— Posso saber por que estou recebendo cartas da prisão, Daniel?
Rapidamente tirei as cartas da mão dela, mal a direcionei um segundo olhar. Opal bufou enquanto eu abria a referida correspondência.
— Achei que seria mais discreto. - expliquei desdobrando as folhas de dentro do envelope.
— Ah, então além de documentos falsos agora também temos falsidade ideológica? - ela debochou.
Ergui o olhar para Opal, tentei não me irritar com ela, mas sua atitude me estressava.
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Salário do Pecado
RomanceEntre a Grande Depressão, a Proibição e leis que criminalizavam a homossexualidade, Daniel Osorio conheceu Elvis Miller, um rapaz charmoso que o fazia se sentir livre mesmo que por poucos momentos. Ele entregou o coração para Elvis e recebeu o coraç...