⌁ 𝟬𝟮𝟭

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↳ Lins, São Paulo

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Lins, São Paulo

A sensação de cansaço toma conta do meu corpo, quase não aguentei realizar o show de hoje, eu estava completamente esgotada, não quero mais ser a Ana Castela, não quero mais cantar, eu quero ir embora 'pra minha fazenda, sumir de tudo, das redes sociais, eu quero voltar a ser a Ana Flávia de três anos atrás.

Suspiro fundo, tirando meu chapéu e sentindo minhas mãos trêmulas, percebi um certo desrespeito vindo de um pessoal do camarote, uns homens aparentemente bêbados gritavam coisas nojentas na minha direção.

Fecho meus olhos, apoiando minhas mãos em minha cintura, sentindo uma imensa vontade de chorar, por absolutamente tudo, os haters, o ocorrido do show de hoje, o cansaço, a sensação de esgotamento, não me sinto mais suficiente para nada.

- ei filha, vamos? - meu pai entra no camarim, fico em silêncio, se eu respondesse, começaria a chorar. - Ana, 'cê tá bem?

- eu 'tô cansada. - abro meus olhos, sentindo minha vista embaçar por conta das lágrimas, meu pai me puxa para um abraço, acariciando meu cabelo. - eu não quero mais cantar, não quero mais ser a Ana Castela.

Me permito soltar tudo, aproveitar o abraço do meu pai para soltar tudo oque ando segurando há meses, eu chorava compulsivamente, meu corpo tremia, eu não conseguia respirar direito e só queria tirar essa sensação horrível de dentro de mim.

Agarro a camiseta do meu pai, puxando o ar com força, sentindo meu peito arder, tudo em mim doía agora, meu corpo, minha cabeça, minhas vistas.

- por favor, eu quero desistir, eu não quero mais. - sussurro com a voz trêmula, lutando para respirar.

_ Ana Flávia, olhe nos meus olhos. - segura meu rosto em suas mãos, faço oque ele mandou, sentindo meus lábios tremerem e a minha visão ficar turva. - filha, escuta o papai, 'tá me ouvindo? Ana, me escuta, por favor.

- tudo bem por aqui? - escuto a voz da Bruna distante, eu não enxergava e nem escutava nada, minhas mãos formigavam.

- Bruna, pega uma água 'pra mim, ela não está bem. - diz me ajudando a sentar no sofá, tirando minhas botas.

Fecho meus olhos com força, tentando colocar minha cabeça em ordem, respiro fundo várias vezes, me sentindo tonta.

- bebe, filha. - me oferece a garrafa, bebo um gole, respirando fundo. - 'tá melhor?

Assinto com a cabeça, apoiando meus braços em minhas pernas e cobrindo meu rosto com as mãos.

- meu Deus... - sussurro ao me dar conta de tudo que aconteceu agora, eu só queria sumir.

- vamos embora? A gente conversa com sua mãe quando chegarmos em casa.

- eu quero ir 'pra fazenda. - tiro a mão do meu rosto, encostando minhas costas no estofado do sofá.

Tenho show somente sexta feira, não vou me aguentar se eu for desse jeito, vou acabar cancelando tudo e desistindo de vez da minha carreira.

Meu pai me olha por alguns segundos, assentindo com a cabeça, a Bruna estava no cantinho do camarim, conversando com alguém por telefone.

- 'tá bom, já deixa as malas prontas que amanhã de manhã nós vamos.

- posso chamar mais alguém? - murmuro baixinho, decidida de quem iria comigo, estamos há dias sem se ver por conta dos shows, não parei nem na minha casa, quem dirá arrumar um tempinho 'pra ver ele.

É ele que faz eu me sentir segura, é ele quem me acalma, que 'tá sempre me colocando num pedestal, o Gu sempre sabe o que dizer, é um homem sábio e vai me acolher bem.

- pode, filha, agora tenta descansar um pouco. - assinto, levantando do sofá e pegando minha bota, pego meu Crocs na espécie de sapateira que sempre é montada em meus camarins. Saio dali abraçada com meu pai, sendo acompanhada pela Bruna.

Todos entramos na van que nos levaria para o aeroporto, tentei descansar, dormir por um tempo, eu ligaria 'pro Gu assim que chegasse em casa.

Vai ficar tudo bem, as coisas vão se ajeitar.

precisei escrever sobre esse momento delicado em relação a Ana porque é uma forma de dar corda aos próximos capítulos e chorei escrevendo viuu

𝗵𝗼𝘁𝗲𝗹, 𝒎𝒊𝒐𝒕𝒆𝒍𝒂Onde histórias criam vida. Descubra agora