𝗵𝗼𝘁𝗲𝗹, 𝒎𝒊𝒐𝒕𝒆𝒍𝒂

⌁ 𝟬𝟯𝟰

↳ Santa Juliana, Minas Gerais

           As vezes eu parava e pensava nos últimos acontecimentos, me perguntando se estava fazendo parte de um sonho e não sabia. Acontece que, em tão pouco tempo tudo se modificou, me deixando levemente perdido e sem tempo de processar.

Me sinto verdadeiramente bem, posso dizer isso com tranquilidade, algo que há um ano atrás ainda era incerto, estou me sentindo bem com a minha carreira, comigo mesmo, com tudo ao meu redor e devo confessar, estou me sentindo bem até no amor.

Quando eu menos esperava a Ana Flávia surgiu na minha vida, antes vista de chapéu e bota, naquele momento tinha os cabelos unidos e apenas uma toalha branca escondendo seu corpo.

Algo que eu imaginei ser só um encontro engraçado, resultou no que somos hoje, me apaixonei mais uma vez, me deixei levar mais uma vez e tenho um pressentimento muito bom para o que estamos construindo.

Hoje a Ana Flávia estava de folga e veio me ver em São Paulo durante a tarde, aproveitei o momento para convidá-la para me acompanhar em meu show, por mais que não houvesse problema algum em deixá-la no meu apartamento, já que a garota está quase pegando a chave dele, – inclusive, preciso me lembrar de fazer uma cópia. – eu gostaria de tê-la ali como minha convidada, ao lado do meu pai, me assistindo.

Uma sensação estranha de nervosismo me atingia desde cedo, saber que ela estaria ali no cantinho, prestigiando meu show e cantando minhas músicas me deixava assim. Me sentia que nem aqueles garotinhos da escola tendo suas primeiras paixonites.

Durante a minha apresentação, observo a garota ali no cantinho, sempre que posso estou admirando-a, ela está linda num nível absurdo hoje, na verdade, Ana é sempre linda, porém gosto de vê-la usando minhas roupas.

Hora ou outra eu podia ver ela berrando minhas músicas de forma agitada, mesmo cansada das gravações do DVD, ela saiu de Londrina, do conforto da sua família 'pra me ver, vir me assistir, mesmo pedindo que ela passasse mais um tempinho lá, isso de certa forma me deixou desconcertado.

Sem contar que, por mais que eu nunca tivesse duvidado, ela realmente é minha fã, como sempre disse, de relance eu via ela cantando todas, não desanimando hora nenhuma.

Em determinado momento o público começa a gritar seu nome, provavelmente por terem visto ela, ou por perceberem que eu não paro de olhar para o lado direito do palco.

Antes que ela entre, faço a dancinha que a garota me ensinou no fim do ano passado, aquela mesma que eu dançei num palco cheio de pessoas só porque a morena me pediu com jeitinho e conseguiu me convencer. Só ela tem esse poder, devo admitir.

Ana entra no palco meio envergonhada, causando agitação no público, um homem da minha equipe a entrega o microfone, um sorriso lindo enfeitava seu rosto, a vejo caminhar até mim, dando risada, colocando a mão no rosto.