The Shadow of Time | Drarry

[26] O Gabinete Sumidouro

Quando Draco abriu a porta da Sala Precisa e saiu furioso, ele não estava pensando para onde estava indo, ou o que estava deixando para trás. Tudo o que ele queria era fugir. Ele enxugou as lágrimas em suas bochechas e desejou que a nova poça delas em seus olhos desaparecesse. Se ele começasse a chorar direito, ele sabia que nunca pararia.

Ele praticamente correu escada abaixo do grande caso de escadas, as masmorras eram o único lugar em que ele conseguia pensar em ir, mas a ideia de sua cama solitária de dormitório enfiada entre Blaise e Goyle não lhe trouxe conforto algum. Não, ele havia deixado seu único conforto no sétimo andar.

Uma onda de traição-raiva-desespero caiu sobre ele com o pensamento, e ele parou abruptamente nas escadas, apertando o peito enquanto sua respiração se prendia em algum lugar atrás do esterno. Ele estava tão bravo - mais bravo do que nunca estivera em toda a sua vida. Tão bravo, que era uma batalha não se virar, marchar direto de volta para o sétimo andar e gritar com Harry um pouco mais.

Ele era um babaca. Um babaca egoísta, egocêntrico, abnegado e, naquele momento, Draco não queria nada com ele. Por mais que Draco se importasse, ele poderia apodrecer.

Ele apertou os olhos para a imagem de Harry que parecia ter se queimado em suas retinas. Pálido, os olhos arregalados e magoados, lágrimas escorrendo pelo rosto, uma poça de sangue -

Não. Não, ele não podia pensar nisso agora. Ele precisava ir embora. Ele precisava ficar sozinho, e mesmo estando na grande escadaria sem uma alma à vista, Draco podia praticamente ouvir o resto da escola respirando em seu pescoço. Ele respirou fundo e fez menção de continuar sua jornada descendo as escadas, quando um som à sua esquerda chamou sua atenção.

Talvez ele não estivesse tão sozinho assim.

Ser pego agora parecia uma péssima ideia. Ele conseguiu dar mais um passo escada abaixo, quando uma voz o fez parar.

— Bem, bem, bem — ele olhou para o corredor tão rapidamente que fez seu pescoço estalar, — saiu da cama a essa hora Malfoy - agora, como um ex-monitor, certamente você deveria saber melhor — qualquer pensamento que Draco teve sobre escapar de volta para seu dormitório desapareceu em um instante. — Eu deveria deduzir pontos, você sabe - um para cada minuto que você passar do toque de recolher — ele se viu andando de volta pelo caminho que tinha vindo, e virando pelo corredor para encarar a pessoa que havia chamado seu nome, — e detenção também. Um mês inteiro disso, sim, isso deve bastar — Vincent Crabbe sorriu de volta para ele, um distintivo brilhante do Esquadrão Inquisitorial preso na frente de seu uniforme. Ele andou lentamente para frente do outro lado do corredor, e Draco se viu acompanhando-o passo a passo.

Draco sentiu todo o seu ser se estreitar, o desespero e a dor desaparecendo até que apenas uma emoção permaneceu, afiada até o limite: a raiva.

— O que você está fazendo aqui? — ele disse calmamente, observando cada movimento de Crabbe e cuidadosamente envolvendo os dedos em volta da varinha no bolso, preparando-se para atacar a qualquer momento.

O sorriso de Crabbe se tornou um sorriso malicioso.

— Acabei de ver a Professora Umbridge - ou devo dizer, a Diretora Umbridge — ele se aproximou cada vez mais. — Ela queria me agradecer pessoalmente, sabe. Por ajudá-la esta noite. Você deveria saber tudo sobre isso, é claro - já que você estava lá — ele acrescentou com um rosnado. — Eu sempre vou me arrepender de não ter pego você também, Malfoy. Mas suponho que valeu a pena no final - se eu tivesse pego você, talvez eu tivesse perdido Potter — o sorriso se tornou desagradável quando os dois finalmente pararam, talvez seis pés os separando. — Como está Potter? Como está o rosto dele? — ele riu para si mesmo. — Não ficou tão bonito depois que terminei com ele.