The Shadow of Time | Drarry

[25] A verdade é uma coisa linda e terrível

A Sala não era como Harry esperava encontrá-la. A cozinha, a sala de estar e seus confortos desapareceram, e em seu lugar só restava a sala de pedra nua, com o arquivo no centro. Era como se a sala estivesse se preparando para a guerra, fechando as escotilhas e isolando-as para impedir que sua destruição se espalhasse. Uma parte de Harry sabia que esse era o fim de alguma coisa. Que eles nunca mais entrariam na versão da Sala Precisa que lhes trouxera tanto conforto.

— O que diabos... — Draco murmurou baixinho. Harry olhou para ele e percebeu que ele estava olhando para algo novo que tinha aparecido no quarto.

Ele já tinha visto algo parecido antes, quando foi arrastado com os Dursley para o pronto-socorro quando Dudley caiu da bicicleta. Enquanto Vernon foi embora para mover o carro, resmungando sobre preços astronômicos de estacionamento, Dudley foi enviado para fazer um raio-x. Sem mais ninguém para supervisioná-lo, Harry teve que ficar em silêncio atrás da tela de vidro de chumbo da sala de raio-x, enquanto Petúnia, usando um avental de chumbo bege nada atraente, tentava ao máximo prender a mão de Dudley, que gritava e se debatia. No final da provação, os ouvidos de Harry estavam zumbindo. Quando Harry também recebeu um adesivo, Dudley rapidamente o arrancou dele, apenas para jogá-lo no chão de qualquer maneira.

A nova adição à sala o lembrou da tela de chumbo atrás da qual ele estava, exceto que o vidro se estendia do chão ao teto e se curvava tão perto da parede que havia apenas uma pequena abertura para alguém passar e se refugiar atrás dela. Harry olhou com cautela - ele supôs que fazia sentido. Embora o diadema e a taça fossem em sua maioria benignos, o medalhão certamente havia lutado. Ele não tinha certeza de quanta utilidade isso teria para eles - pelo menos um deles precisava estar na sala esfaqueando as coisas, afinal.

— Você acha que isso é para proteção? — Draco disse cautelosamente, olhando para Harry.

Harry assentiu.

— Sim, provavelmente.

— Isso vai ser... perigoso? — Draco perguntou duvidosamente, olhando o gabinete nervosamente agora. — Você nunca teve nenhum tipo de proteção antes, teve?

Harry balançou a cabeça, andando para frente em direção ao armário.

— Não — ele admitiu, — o diadema foi destruído no fogo, então ele meio que derreteu e morreu, e Ron e Hermione esfaquearam a taça, então eu não sei realmente como isso aconteceu. O medalhão, no entanto, ele lutou de verdade — admitiu Harry.

Draco fez uma careta.

— Isso não vai ser divertido, vai? — Harry balançou a cabeça relutantemente, e Draco suspirou. — Não. Eu pensei que não — ele bateu palmas. — Certo então, vamos logo com isso, o que fazemos primeiro? — Era como se a sala estivesse ouvindo-o.

O armário imediatamente entrou em ação, a gaveta de cima (que continha as presas do basilisco e as varinhas que Mundungus havia contrabandeado para elas) se abriu imediatamente. Harry pegou uma presa da gaveta, tomando cuidado para manter sua ponta afiada firmemente apontada para longe de sua carne. Assim que sua mão saiu da gaveta, ela deslizou para fechar novamente, e a gaveta de baixo a substituiu. Harry olhou para a taça dourada abaixo dele, a trepidação crescendo no fundo de sua garganta. Algo como pavor estava se formando em seu peito, mas ele não conseguia identificar o porquê. Ele deveria se sentir animado - eufórico até mesmo porque todos os seus planos estavam se concretizando. Em vez disso, ele se sentiu congelado pela indecisão, uma voz em sua cabeça lhe dizendo para deixar a Horcrux onde estava.

No final, não importou, pois Draco deu um passo à frente para que eles ficassem lado a lado e se abaixou para pegar a alça da taça com o dedo e puxá-la para cima e para fora do armário. A gaveta fechou com um estalo, e Harry duvidou que ela fosse encorajada a abrir novamente. Draco considerou a taça em sua mão, virando-a para um lado e para o outro e admirando como ela brilhava na luz. Ele suspirou.