Pov Mina
Meu corpo tremia fortemente. Eu mal tinha sensibilidade sobre minha pele. Estava entorpecida pelo frio. Um frio tão cruel que parecia penetrar como longas agulhas em cada parte de meus ossos. A sensação era de que eu estava nua em meio a uma nevasca, e o pior, que eu estava sozinha. Tentei gritar, andar, mas minha voz mal conseguia sair de minha garganta sem que eu sentisse o interior de minha garganta congelar. A passos pequenos eu conseguia me locomover, meus pés enterrando até a altura de minha panturrilha. Um forte vento carregado pela neve me envolveu e eu me encolhi, sentindo que morria virando um verdadeiro picolé latino.
Mas então tudo parou. O vento, o frio. A sensação de virar uma pedra de gelo. Abri meus olhos e dessa vez o que parou foi o meu coração. Era como se eu estivesse em uma ampla sala do trono, mas feita completamente de gelo. Sobre uma enorme e bela poltrona, lá estava ela. Acorrentada pelos pulsos e tornozelos, a cabeça tombada para frente fazendo com que os longos cabelos castanhos escuros cobrissem seu rosto. A roupa era uma toga grega preta e vermelha, muito bem arrumada e cheia de detalhes, como uma flor no topo do ombro. A mulher pareceu ir despertando, erguendo o rosto até que seus olhos travaram nos meus.
Eles não possuíam uma cor certa. A íris mudava sutilmente, mas nunca permanecia por mais de dez segundos em um tom. Seu semblante era cansado, quase torturado. Ela me fitava como se esperasse que eu fizesse alguma coisa. Eu sentia que deveria fazer alguma coisa! Deuses, ela fazia meu corpo se aquecer em meio aquele frio como se tivéssemos uma ligação...
- Perséfone - murmurei, caindo na realidade de quem era aquela mulher, a resposta de repente aparecendo na ponta de minha língua - Você... Você é Perséfone.
- Mina - ela conseguiu abrir um sorriso triste - Você está demorando tanto...
Eu tentei correr em sua direção. Precisava tirá-la dali! Mas quanto mais eu corria em sua direção, mais ela se afastava! Então tudo voltava a ficar cada vez mais frio, meu corpo sendo praticamente arrastado para trás por uma forte ventania. Eu tentava pôr os meus braços a frente para me defender, mas em nada adiantava!
- Mina! - uma voz distante me chamava - MINA!
Saltei bruscamente, sentando em um único movimento na cama. Tudo estava escuro, meu corpo ainda gelado ao mesmo tempo em que suado. Eu ofegava forte, ainda esperando sentir aquele vento frio cortando a minha pele com seus beijos gelados. Mas o que eu recebi foram braços que me puxaram para perto de um corpo quente.
- Foi só um sonho, foi só um pesadelo - Chaeyoung murmurava preocupada, me mantendo firme em seus braços - Já passou Minari, eu to aqui com você.
- Estava tão frio, mas tão frio! - me agarrei nela chorando lembrando de minha mãe lá - Ela estava sozinha Chae! Ela está em perigo!
Chaeyoung me amparou, esperando que eu me acalmasse enquanto me mantinha perto de seu corpo quentinho, afagando minhas costas. Levei cinco minutos para regular a minha respiração e afastar o rosto do ombro dela. Funguei um pouco limpando minhas bochechas molhadas.
- Com quem você sonhou Minari? - Chaeyoung perguntou ainda bem perto de mim.
- Minha mãe - respondi ainda tentando assimilar tudo o que eu vi - Estava tudo frio, tinha muita neve, uma nevasca. Depois um salão de gelo, ela estava presa a uma poltrona.
Eu me encolhi ainda mais ao lembrar das coisas que eu vi. Prontamente Chaeyoung me puxou para seu colo e de um modo protetor passou os braços ao meu redor. Eu escondi o rosto em seu pescoço, deixando que o seu cheiro me acalmasse pouco a pouco.
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The children of the olympian | michaeng
FantasiaVocê acredita em mitologia? Daquele tipo com deuses, heróis e monstros. Se não, passará a acreditar; se sim, saberá que tudo é verdade. Myoiu Mina descobriu isso da maneira mais inusitada possível, mergulhando em um mundo completamente novo, cheios...