Capitulo 44 - Autumn: Tornando-se eterno

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Pov Mina


Horas poderiam ter se passado, mas isso não fazia diferença. Ninguém conversava direito, ou mantinha um sequer resquício de sorriso no rosto. Era como se não fosse verdade, como se Jungkook fosse aparecer a qualquer momento de algum jeito mirabolante, com seu sorriso fácil e jeito de irmão mais velho protetor.

Mas ele não voltou. Muito menos Chaeyoung. Apesar disso, a tempestade nos acompanhava, um pequeno alento para meu peito de que ela estava ainda perto. Eu nem poderia imaginar a dor que a filha de Zeus estava sentido, não quando tinha a minha própria para enfrentar.

- Eu não acredito que o Kook fez isso – Jeongyeon fungou, havia chorado por quase meia hora seguida e só agora falava – Não era para alguém morrer nessa porcaria de missão!

Jeongyeon estava na cama, o braço esquerdo completamente enfaixado, a perna imobilizada. Resultados de sua batalha no convés inferior com a serpente de Cila. Eu encolhi ainda mais em meu canto. Era culpa minha, tudo isso era culpa minha. Jeongyeon machucada daquele jeito, Jungkook... O Jungkook morto.

- "Quando vitoriosa com meio-sangues estiver a retornar, uma escolha difícil o herói terá de tomar. Água com fogo se chocará, ou o rei dos mares irá visitar" – Jihyo recitou a última parte da profecia.

- Ele tomou a decisão difícil, ele nos salvou de um naufrágio – Nayeon acrescentou cabisbaixa – Ele foi um verdadeiro herói...

- Merda! – Jeongyeon exclamou ainda inconformada, voltando a chorar e fazendo Nay chorar também – Merda! Merda!

Eu não aguentei mais ficar na cabine de Jeongyeon. Tinha o intuito de ficar com minha amiga machucada, mas ver o sofrimento dela pela perda de Jungkook, ver os outros em igual negação... Eu não aguentava. Sai dali seguindo direto para o convés superior, praticamente correndo até meu corpo alcançar o limite da proa do navio, chocando-se com a grade de segurança. Arfei, solucei e chorei silenciosamente. Segurei forte em meus cabelos, os puxando, buscando ar como se estivesse sufocando.

Em minha mente passava um filme de todos os momentos com Jungkook. De como ele foi salvar Chaeyoung assim que chegamos ao Acampamento Meio-Sangue. De como ele foi gentil quando eu apareci pela primeira vez no estábulo, sorrindo daquele jeito maroto que me fazia sentir à vontade naquele lugar ainda estranho. Jungkook nem ao menos hesitou de verdade quando Chaeyoung o chamou em estado de emergência para irmos até a Los Angeles. Ele foi um tipo de garoto que estava sempre ali para ajudar, para brincar, para dar apoio. Ele não merecia morrer. Ele não merecia entrar em uma missão que nem era dele e no fim acabar morto daquele jeito.

Escutei um baque atrás de mim, virei o corpo e a menos de um metro lá estava ela. Chaeyoung estava caída sobre um joelho. Sua roupa estava chamuscada, seu cabelo revolto. Seus olhos nunca estiveram tão sem brilho. Eu não aguentei vê-la daquele jeito, escorreguei lentamente pelo chão, perdendo as forças, encostada a grade de segurança. Fechei os olhos e escondi meu rosto com as mãos.

Até sentir as dela afastando as minhas, me encarando desolada, tão triste que cortava ainda mais meu coração, destroçando tudo o que tinha restado dele.

-Não! – eu implorei com a voz embargada, afastando as mãos dela – Não me toque!

- Minari...? – Chaeyoung arfou chorosa com a minha negativa.

- É culpa minha! – finalmente surtei, gritando com ela – É tudo culpa minha Chaeyoung! – eu vi o olhar de dúvida dela – Eu trouxe vocês até aqui. Eu que levei o Jungkook até aquele monstro!

Os olhos dela se abriram e era como se eu pudesse ver ela idealizando a minha culpa. Por que não o faria? Ele era o seu irmão de sobrevivência, e eu, justamente eu, o tinha dado condições de explodir um monstro épico e mitológico.

The children of the olympian  | michaengOnde histórias criam vida. Descubra agora