Capítulo 51 - Autumn: Borboletas e almas

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Pov Chaeyoung

Nem mesmo mil facadas em meu peito teria doido tanto do que aquelas palavras. Ou aquele olhar enraivado que Mina me lançou enquanto as proferia.

Eu a tinha machucado. Várias vezes. De diversas formas.

Eu a tinha maltratado, com palavras cruéis e meu jeito ríspido.

Por que infernos eu tinha achado que a merecia? Por que tinha de doer tanto ter o meu coração esmagado daquela forma?

Eu simplesmente estava correndo, me batendo em árvores, tropeçando, chorando sem nenhum controle. Tudo se quebrava dentro de mim. Lenta e dolorosamente. Mal notei que tinha alcançado uma espécie de jardim. Apenas tropecei em meus próprios pés, caindo em meio a lindas flores coloridas. Comecei a me encolher, tendo vergonha de minha própria existência. Os soluços escapavam de minha garganta, externando uma dor tão profunda que eu sinceramente estava preferindo morrer.

Eu estava certa. Ela me trocaria pela Thais, porque até mesmo aquela filha de Hades era melhor do que eu. Mas que merda, eu estava me esforçando tanto para fazer as coisas darem certo! Por que pai? Por que eu não tinha sido o suficiente para manter Mina perto de mim?

Talvez seja porque eu não era o suficiente. O erro era apenas toda a minha existência. Era apenas uma tolice achar que eu poderia ter alguma coisa, proteger alguma coisa. Eu me odiava, odiava com todas as forças do universo. Odiava a Thais por ter me tirado a Mina. E odiava ainda mais a Mina por ter esmagado o meu coração.

Gritei em pura agonia, uma vez, duas vezes. Eu podia sentir o vento se agitando de acordo com o meu humor tão abalado. Uma tempestade iria se formar com as nuvens negras se aglomerando naquele perfeito céu estrelado... Até que alguma coisa me empurrou com força contra o chão e girou sobre as flores. Eu já estava faiscando para bater em algo e descontar minha raiva.

- Che...

A voz fraca de Mina me atravessou como uma flecha. Eu congelei no lugar enquanto a observava erguer o corpo de frente para mim. A sua cara de dor apenas me quebrava ainda mais, porém ela sorriu. O que aquela garota ainda queria?! Acabar de vez com minha existência?

- Che... Eu consegui chegar a tempo – ela dizia em um tom cada vez mais baixo, mantendo sempre um sorriso fraco – Eu amo você, Checher.

Um raio cortou o céu, mas nada se comparava ao escutar essas palavras. Eu fugi daquele quarto justamente por não aguentar ela falar que amava outra pessoa. Sabia que nunca tínhamos falado com todas as letras essas três palavrinhas. Mas sempre esteve ali, em nossos atos, em nossos olhares e beijos. Eu sabia, ela sabia. Porém escutar era uma coisa completamente diferente.

- É tarde demais para isso! – eu vociferei ainda machucada por tudo o que aconteceu – Você já me destruiu, o que mais quer?

- Não, não foi tarde – ela sorriu ainda mais – Eu cheguei... eu cheguei a tempo!

Então ela começou a tossir. Meu cenho franziu quando seu corpo inclinou um pouco para frente e eu finalmente pude ver o brilho dourado... Um brilho dourado de uma flecha! Meu coração disparou frenético quando o corpo dela começou a cair para baixo. Eu simplesmente me levantei e corri em sua direção, me jogando e arrastando sobre as flores para amparar aquele corpo magro e moreno contra o meu, a mantendo em meus braços.

Eu estava tremendo quando vi a flecha fincada em suas costas, bem próximo ao coração. Era como se tudo parasse de existir lentamente e toda a dor que eu sentisse minutos atrás fosse substituída por uma ainda pior. A dor de perder Mina de verdade e para sempre.

The children of the olympian  | michaengOnde histórias criam vida. Descubra agora