there's nothing sweeter than my baby

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Aquela na foto era Eva.

Procurei achar diferenças entre a foto que eu possuía e a que estava jogada no canto da gaveta de Billie.

Forcei minhas memórias ao tentar lembrar daquele dia — resquício do verão, ainda quente o suficiente para não usar casaco. O logo vermelho do uniforme de Eva que havia manchado mas mesmo assim continuava sendo usado. Lembrava da sua risada ao tirar uma pequena câmera digital da mochila e me entregando.

Minha mãe corria com a dela em mãos, pronta para nos forçar a tirar uma foto, e meu pai decide pegar a de Eva.

— Isso aqui funciona como? — pergunta, suas sobrancelhas grossas levantadas em confusão.

Ele balançava a câmera enquanto tentava descobrir como tirar a foto.

— Acho que não consegui nenhuma, meninas, me desculpe — pede.

Meus olhos escaneiam todos os detalhes, não acreditando que aquela versão que meu pai tirou existia. Por anos tive a certeza que não havia conseguido tirar, e não sei se é porque Eva me contou ou porque nunca perguntei.

Ela estava assustadoramente parecida com Billie nessa foto, o que me trazia a uma pergunta: por que diabos Billie teria uma foto minha e da Eva guardada na sua gaveta?

Claro, as duas são primas e poderiam ter misturados suas fotos de infância. Mas elas se odiavam.

Será que Eva colocou aqui na esperança que eu achasse e culpasse Billie de alguma coisa?

Ou pior: será que todo esse tempo Eva estava contando a verdade e Billie tentou destruir tudo?

— Meli, você não vem? — ouço seu grito do banheiro.

Balancei a cabeça, sentindo a mesma pesada de tantos questionamentos.

Coloquei a foto em cima da escrivaninha, pronta para questioná-la. Caminhei em direção ao banheiro, logo sentindo o bafo quente no meu corpo. Vejo a silhueta da loira pelo box do banheiro, e mordo os lábios sem conseguir parar de pensar na foto.

Me sentia uma menininha indefesa novamente. Não sabia mais se as suas intenções eram boas; se sequer gostava de mim de verdade. Quer dizer, eu dei toda a minha confiança em Billie sem saber o lado de Eva ou considerá-lo em nenhum momento.

Eu fiz o que meu instinto dizia, mas não sei se deveria confiar no mesmo agora.

Deslizo a porta do box, me encaixando no chuveiro que definitivamente não foi feito para mais uma pessoa. Billie está de costas para mim, esfregando xampoo no seu cabelo.

Ela se vira, seus olhos azuis brilhando ao encontrar com os meus. Um sorriso delicado aparece nos seus labios e imediatamente sinto minha pele se arrepiar.

Como pude questionar essa mulher por algum segundo?

Ela nunca me faria mal — e sinceramente, se me fizesse, acho que eu a perdoaria.

Talvez eu só estivesse perdidamente apaixonada por ela.

Selei nossos lábios, sentindo a água quente descer pelas minhas bochechas. Eu tenho certeza que tudo tem uma explicação.

— Tudo bem? — pergunta ao desfazer o beijo — Você está meio pálida. Parece aquele dia que desmaiou na frente do banheiro.

— Aquele dia humilhante? — brinco, e a loira dá risada — Você só acha engraçado porque não foi com você, né?

Continuamos brincando e fazendo piadas até o fim do banho. Minhas mãos tremiam enquanto me secava, antecipando a ansiedade da foto.

Billie, alheia ao que se passava na minha cabeça, vestia suas roupas e me contava animadamente o que tinha feito no dia anterior. A presença da foto parecia sobrenatural, eu sentia a antecipação e a necessidade de questionar aquilo o mais rápido possível.

trinity // billie eilishOnde histórias criam vida. Descubra agora