wearing a warning sign

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BILLIE (POV)

As alunas cochichavam enquanto estudavam para prova do dia seguinte. De vez em quando, observava como a postura delas demostravam a clara ansiedade e nervosismo.

Eu e Amélia continuávamos em silêncio, cada uma imersa na matéria.

Seus olhos castanhos passeavam pela folha, e confesso que algumas vezes me distraía com sua beleza. Reparei nos pequenos detalhes — apertava seus lábios juntos quando se confundia ou levantava a sobrancelha na hora que marcava algo que considerava importante no papel.

Me sentia sortuda que estávamos vivendo uma situação recíproca, mas ao mesmo, tudo me deixava muito confusa.

Não sabia o que éramos. Não sabia até onde poderíamos ir, que limites eram viáveis ou não.

Como por exemplo, ontem quando bateu no meu quarto e tudo que eu queria era que dormisse comigo. Mas eu não sabia se aquilo era aceitável ou não.

Nunca estive em um meio termo assim. Nem quente, nem frio. Morno.

Então quando me deu um beijo de boa noite e caminhou de volta ao seu quarto, soltei um suspiro decepcionado.

Mas continuava esperançosa. Passos de bebê, certo?

Estava determinada a convida-lá para dormir comigo hoje. Era sexta feira, minha colega de quarto iria para casa e teríamos o quarto só para nós.

Eu só precisava criar coragem.

Às vezes desejava que a morena simplesmente soubesse o que eu queria em um passe de mágica.

Faltavam alguns minutos para o fim da monitoria, as meninas estavam ficando cada vez mais agitadas. Tentei acalma-las, usar o melhor do meu vocabulário para que se sentissem mais confiantes.

Eu tinha certeza que iriam bem.

— Vai fazer alguma coisa hoje à noite? — Amélia pergunta, me tirando a concentração do texto. Parece que meu desejo foi atendido.

— Não! — respondi, tão rápido que chegou a ser um pouco patético — Hm...por que?

Ela abre um sorriso bonito, e inclina o corpo para que sua mão se enrole na minha.

— Vou passar no seu quarto — afirma — Se você quiser, claro.

Balancei a cabeça, ansiosamente concordado.

— Claro que pode. Você não precisa nem perguntar.

— Preciso sim — reforça — Ontem eu te atrapalhei, mesmo que não queira admitir. Não quero te pegar de surpresa.

Por favor, me pegue de surpresa. Contra a parede de preferência.

— Eu te disse que não — aperto sua mão — Eu prometo. Só aparece, tudo bem?

Trocamos sorrisos tímidos.

Eu sabia que havia notado meu nervosismo ontem à noite.

Eu tremi quase o tempo todo que a morena estava lá. Dei mil e uma desculpas para que ela não se sentasse na minha cama, e agora pensando bem, talvez seja por isso que ela não insistiu em ficar.

Amélia poderia ser bem persuasiva quando queria, e ontem não fez questão de dormir comigo como achei que faria. Caramba, eu realmente acabei a espantando.

Que vontade de dar um tapa na minha cara.

Ainda me lembro de esperar um tempo depois que a morena foi embora, recolhendo o vibrador que deixei escondido debaixo das cobertas, o lavando e guardando na gaveta.

trinity // billie eilishOnde histórias criam vida. Descubra agora