epilogue

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Abri os olhos ao sentir o cheiro forte de café. Notei que estava sozinha, dois travesseiros jogados no chão pela minha movimentação durante a noite e a luz brilhante que ultrapassavam as persianas.

Podia ouvir uma música ao fundo, baixo o suficiente para apenas a pessoa que a colocou ouvi-lá. As vozes conversantes e risadas prevalecendo.

Checo meu celular, e abri um sorriso ao ver que o grupo que criei com o novo casal estava cheio de mensagens não lidas.

Nem nos meus sonhos mais loucos poderia imaginar que minha melhor amiga estaria namorando. Coraline Hill de todas as pessoas.

Literalmente a menina que quase plantamos droga no começo do ano.

O aperto da saudade ainda não havia passado. Com tantas novidades na vida de Lilian assim como na minha, ligações diárias e mensagens não eram o suficiente.

Ela esteve a alguns corredores de distância de mim por anos. Agora são milhas.

Cora também faz falta, o que me surpreendeu. Acho que suas aventuras me mantiveram entretida por aquele ano, e a conhecer foi muito diferente do que imaginei que seria.

Agora ela namorava minha melhor amiga, além de tudo. Eu sabia que alguma coisa estava acontecendo entre elas desde o baile de formatura, mas confesso que não esperava que esse fosse o resultado. Juntando a fama de galinha da Cora e a de "odeio namorar" de Lilian, era de se estranhar.

Ainda me lembro quando me mandou mensagem contando e liguei para ela cinco vezes seguidas achando que era uma pegadinha.

Respondo as conversas do grupo, mando um "bom dia" para minha mãe e finalmente levanto da cama.

Faço a rotina de manhã com calma, mesmo que o cheiro da cozinha esteja me enlouquecendo aos poucos.

Não era para menos, quando desço o primeiro degrau o cheiro triplica de intensidade. Vejo Maggie cozinhando algo no fogão ao lado de Patrick enquanto Billie e o seu irmão riem alto.

Demorei para me adaptar à rotina dos O'Connell. Primeiro que ver meu professor de química com essa frequência com certeza não estava nos meus planos, mas até aí, viajar oitocentos quilômetros para ficar perto da menina que eu mais odiava no começo do ano também não estava.

Me formar ao lado dela e chama-la de minha namorada também não estava. Acho que as coisas mudam, certo?

De qualquer maneira, estava sendo incrível aprender tantas coisas novas sobre Billie e a sua família. Nunca dividimos quarto durante a escola, mas com certeza convivemos uma com a outra como se morássemos juntas e isso foi fundamental para que minha visita a Los Angeles fosse maravilhosa.

Billie acordava cedo — o oposto de mim. Sempre com os fios loiros caindo em perfeita simetria, como se nunca precisasse pentear o cabelo. Ela também me agarrava bastante durante a noite, o que eu particularmente gostava.

Nos primeiros dias ainda mexia no celular ao meu lado enquanto me esperava acordar, mas eu acabava despertando pelos seus movimentos no quarto. Suas férias eram diferentes de como eu costumava a passar as minhas, e sua família sempre incentivava aventuras diferentes todos os dias.

Seus olhos azuis brilham quando me vê, como sempre. Às vezes penso se um dia vou me acostumar com aquele tom de azul e o sorriso lindo que abre quando me aproximo.

— Bom dia, Meli — ouço a voz doce de sua mãe, deixando logo um prato na minha frente com o café da manhã.

Solto uma risada anasalada com o apelido que se espalhou pela família, e abro um sorriso largo pela comida.

trinity // billie eilishOnde histórias criam vida. Descubra agora