BILLIE (POV)
— Eu não sei, tia — esfrego a mão direita no rosto, cansada daquele mesmo assunto.
Coloco a ligação no viva voz, apoiando o celular na pia do banheiro enquanto começava a passar protetor solar no rosto.
Aquela era provavelmente a quinta ligação que minha tia havia feito apenas em um spam de cinco dias. Minha cabeça doía de tanto ouvi-la repetindo a mesma pergunta ou soluçando do outro lado da linha.
Eu sei que a situação era complicada, mas não poderia esquecer que aquela era a mesma pessoa que tentava manipular minha mãe ao acreditar que quem realmente fazia maldade com a Eva era eu.
Reviro os olhos, meu reflexo no espelho demonstrando meu cansaço. Eram sete da manhã, precisava correr para chegar a tempo na aula e ela continuava me perturbando pelo telefone.
— Billie, você está usando também? — pergunta — Não faça isso com a sua vida, querida, tem tanto sucesso no seu futuro!
— Não, tia — repito — Eu nunca usei nada, e não está nos meus planos.
Consigo visualizá-la com seu lenço azul na mão, secando as lágrimas e concordando com a cabeça.
Pelo seu silêncio, sinto que chegou a brecha para me despedir alegando atraso para a primeira aula. Ela remói mais um pouco da situação antes de desligar, e em seguida, eu mando uma mensagem desesperada para minha mãe.
Ela precisa convencer essa doida de parar de me ligar toda a manhã só porque fazia com a filha problemática dela.
Suspiro aliviada, estando enfim sozinha para completar meu passo a passo antes de sair.
Haviam vários motivos para que eu estivesse ansiosa. O fim do ano escolar se aproximava, o baile e a formatura estavam logo ali. Era nisso que eu precisava me concentrar, não nas loucuras da minha tia.
Pego as minhas coisas e caminho em direção a aula de química. Seria a última daquele semestre, na verdade, seria a última da minha vida. Finalmente terminaria o ensino médio. Eu estava completamente desesperada para o ano que vem, mas o que adianta sofrer por antecedência, certo?
Meu irmão mais velho passa a mão pelo seu cabelo ruivo, encostado na mesa da sala de aula enquanto espera as alunas começarem a entrar.
— Ei, você pegou? — me aproximo, mordendo os lábios de nervoso.
— Sim — afirma — Fica tranquila, vou deixar no seu quarto mais a noite, tudo bem?
Concordo com a cabeça, me lembrando da segunda coisa que queria lhe perguntar.
— Já saiu o resultado? — Faço minha melhor expressão de pidona na esperança que ele me conte.
Com o fim do último ano, teríamos a premiação de melhor aluna e oradora da turma. Eu e Amélia brigamos pelo título desde que empatamos. Claro, antes eu a odiava e faria qualquer coisa para que ganhasse esse ano, mas agora as coisas são diferentes.
Eu ainda mereço esse prêmio, dei duro o ano todo por isso. Em compensação, sei que Amélia também deu e se tivesse um jeito de ambas saírem ganhando, seria incrível.
Mas meu lado competitivo falava mais alto, e eu espero sair como vencedora.
Meu irmão ri, nós dois sabendo muito bem que ele não falaria nem se pudesse.
— Senta na sua carteira, pirralha — brinca.
— Espero que você tenha votado em mim, idiota — retruco, me virando em direção a mesa.
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trinity // billie eilish
RomanceSer forçada a trabalhar com a menina que mais odiava em todo o internato não estava nos planos do último ano escolar de Amélia.