why

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A semana passou tão devagar, e me parecia que não havia tortura maior do aquela.

Minha primeira semana auxiliando a professora e suas alunos era para ser um sonho, e agora se tornou um pesadelo.

Terça feira foi traumatizante, visto que minha querida colega de monitoria resolveu me provocar sobre o sonho que tive com ela até as meninas chegarem. Por sorte não conseguimos terminar a conversa, mas ao mesmo tempo fiquei com várias dúvidas que eu não queria resolver.

Quarta foi pior, o clima estava pesado entre nós duas. Acabei caindo nas suas brincadeiras, e quando me dei conta, joguei minha caneta em sua direção e começamos a gritar uma com a outra.

A professora ouviu da sala onde estava, e seu olhar decepcionado ao nos ver pesou bastante.

Por isso, quinta feira, senhorita Kaling trouxe um som portátil e disse que deveríamos ouvir música para se acalmar e não tentar matar uma a outra. Mas aí, brigamos para ver quem poderia escolher.

Não estava nada fácil.

Então sexta chegou, e o som tocava uma música do Dominic Fike. Era um dos meus artistas favoritos, mas quem colocou foi Billie. Então eu fiz o que meu orgulho permitiu: fingir que odiava.

Era muito difícil dar o braço a torcer quando a loira me lançava aquele sorriso sarcástico dela.

Eu estava em um estresse absurdo, porque durante essa semana tivemos uma nova matéria em química e sabia que isso significava que logo vinha um quiz surpresa.

Sim, os professores dessa escola são obcecados em ferrar com a nossas notas.

Eu estudei até quase duas da manhã ontem, e sabia que dedicaria esse fim de semana a isso, já que simplesmente não consigo entender.

Hoje perguntei para o professor, que me explicou com cuidado mais de uma vez. Mesmo assim eu não consegui fazer a conta da maneira certa.

Pelo menos advocacia não exige química. Certo?

— Quer escolher a próxima? — Billie pergunta, baixo.

— Pode colocar o que quiser — respondo.

Estava muito concentrada na matéria de química, ignorando totalmente o trabalho que tínhamos que fazer para a monitoria.

Billie estava fazendo sua parte, mas eu sabia que na pior das hipóteses eu deixava para corrigir nos últimos dez minutos.

Então ouço minha música favorita e reviro os olhos. Como que a pessoa que eu mais odeio tem um gosto musical tão bom?

— Não achei que você gostasse de Lana — a loira diz, e só aí noto que estou murmurando a letra.

— Gosto dos primeiros álbuns dela — explico — Depois não escutei mais nada...

— Deveria — afirma — O último dela é um dos melhores.

Concordei com a cabeça, era diferente conversar com ela sem estar sempre pensando em alguma coisa para ofendê-la.

— Sua playlist é boa — elogiei, dando o braço a torcer.

Billie abre um sorriso de lado, mordendo o lábio.
— Obrigada. Você deveria colocar a sua — oferece.

Talvez seja a hora de baixar a guarda e ouvir
o que eu gosto. Conectei meu celular, fuçando entre minhas playlist e vendo qual eu deveria colocar.

Sem pensar muito, selecionei.

Continuei quebrando a cabeça com as equações, quase arrancando meus cabelos de frustração.

trinity // billie eilishOnde histórias criam vida. Descubra agora