baby, kiss it better

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BILLIE (POV)

Empurrei a porta do meu dormitório, exausta do dia e ainda faltavam muitos problemas a serem resolvidos.

Já não bastava as informações que descobri hoje e não pude questionar. Professora Kaling apareceu para nos ajudar, sabendo do acidente de ontem, e eu não consegui entender o que Amélia estava querendo me passar.

Acho que foi para melhor, porque eu não conseguia olhar para ela direito. Eu deveria me sentir...lisonjeada?

Eram sentimentos confusos demais.

Olhei para cena que acontecida na cama ao lado: vendo minha colega de quarto que estava embaixo de Coraline, e as duas estavam prestes a fazer coisas que eu não gostaria de estar lá para assistir.

Era algo comum no meu dia a dia, e eu me arrependi amargamente da decisão que tomei quando resolvi apresentá-las.

Revirei os olhos, jogando minha bolsa cheia em cima da cama. Precisava me trocar para seguir em direção a sala do comitê.

— Amiga! — Bella chama, desfazendo o beijo com a ruiva — Você tem comitê hoje, né? Pode comprar um daqueles pacotes de chocolate de caramelo?

Acho que a devolvi um olhar meio incrédulo. Quer dizer, não sinto que a posição que ela está é boa o suficiente para me pedir favores, certo?

Cora nem sequer olha para mim.

Eu amo ela e sei que o processo de superação de cada pessoa é diferente, mas estava ficando complicado levar seus emoções a sério.

Era sexo o tempo todo. Esse era a sua solução para tudo? Estava triste, transava. Estava feliz, transava. Repetindo uma matéria, transava. Porra, era difícil ter empatia com ela.

Cora está superando uma rejeição ou ela nunca sequer teve sentimentos reais pela Amélia? E, além de tudo, me fez de boba curando seu coração quando na verdade nunca esteve quebrado?

Não. Esse é o só seu processo de cura.

Balancei a cabeça, confirmando que compraria o pacote que pedia.

Me troquei no banheiro, arrumei um pouco o laço que estava no cabelo hoje e peguei uma barrinha de cereal antes de sair.

Caminhando pelo corredor, fiz um esforço para não reparar nos olhares que eram lançados em minha direção.

Esse boato tinha passado de todos os limites. Eu nunca havia visto algo ser tão comentado por tanto tempo. Por que logo comigo?

Me lembrava de quando eu era criança e as meninas simplesmente me excluíam por algum motivo que achavam viável. Eu voltava chorando no carro com minha mãe, e a única solução foi criar alter egos que pudessem me ajudar.

Inventava um nome diferente e me esforçava para fazer amizade com alguém que não me conhecia e não sabia que todos os meus coleguinhas arranjavam motivos para não gostar de mim. Procurava crianças de outras séries, mais velhas ou mais novas, mas que não tivessem contato com a minha sala. Era a única tentativa que deu certo, pelo menos até entrar no ensino fundamental e poder ser eu mesma.

Minha boca secava só de pensar do que era comentado de mim quando eu não estava por perto.

Entrei na sala barulhenta do comitê, seguindo para a mesa que Lilian se encontrava. Finalmente alguém que não está prestes a transar ou não está perpetuando boatos sobre mim.

— Ei! Que cara é essa? — chega perto de mim, fazendo um biquinho.

Ela me abraça forte, parecendo tentar tirar todos os meus problemas e quase sinto vontade de chorar. Eram tantos sentimentos que passavam pela minha cabeça que eu não conseguia processar nada.

trinity // billie eilishOnde histórias criam vida. Descubra agora