Aquela Pessoa

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Enzo Martins

    Eu já tava extremamente puto com o Fábio olhando pra Cecília o tempo todo.

— Amor? - A Cecília me chamou, atraindo minha atenção pra ela.

— Oi. - Respondi já imaginando o que ela ia dizer.

— Para de encarar ele. - Ela sussurrou no meu ouvido.

— Ele consegue parar de encarar você? - Devolvi a pergunta.

— Problema dele, amor. Eu to aqui com você, do seu lado... Deixa ele olhar. - Ela falou beijando meu ombro.

— O que tá acontecendo? - Felipe perguntou pra gente — Amanda basicamente me puxou pra cá igual maluca.

— Ali. - A Cecília apontou com a cabeça na direção do Fábio e da Jade.

     A Jade tava rindo de alguma coisa que uns moleques falavam com o Fábio.

— Você colocou aqueles dois no grupo? - Perguntei já sabendo a resposta.

— Claro que não. - Felipe negou rápido com a testa franzida — Não faço ideia do porquê que esses dois tão aqui.

— Deixa que eu vou lá descobrir, to doida pra descer outro tapa naquela vadia mesmo. - A Amanda falou tentando ir na direção deles mas o Felipe segurou ela.

— Por favor, Amanda. Aqui não, não é lugar e nem hora. - Ele repreendeu ela.

— Acho que não tem hora pra dar uma surra nela. - Amanda respondeu começando a ficar brava.

— O Guilherme passou a beber o dobro desde que a Jade chegou. - Falei observando ele secar mais uma garrafa.

— É hoje que meu cunhado vai de arrasta. - Felipe falou coçando o pescoço.

— Cala a boca, Felipe. - Amanda brigou com o Felipe — Vocês dois que são fortes e altos podem fazer o favor de tirar a bebida da mão do meu irmão.

— Ah, tá bom pô. - Concordei irônico.

— Só se for pro Guilherme quebrar aquela garrafa na nossa cabeça. - Felipe falou negando.

— Se virem, vocês dois são homens ou bichinhas? - A Cecília perguntou e eu olhei com cara de bunda pra ela.

— Tá, vocês tão desviando a porra do foco. - Falei retomando o assunto principal — Pode expulsar aqueles dois, Felipe. Não faz nem 15 minutos que eles chegaram e aquele Fábio já tá me estressando.

— Aquela vadia também tá me estressando. - Amanda concordou comigo.

— Vocês querem que eu faço o que, porra? - Felipe resmungou.

— Sei lá, caralho. Ou você faz alguma coisa ou eu faço. - Falei sério.

— Tá. Vou lá pedir pra eles se retirarem. - Felipe falou se afastando.

— Vai lá com ele, amiga. É capaz daqueles dois teimar e não levar o Felipe a sério. - Cecília sugeriu.

— Vou lá. - Amanda concordou indo na direção do Felipe.

— Agora já pode tirar essa cara feia do rosto, né? - A Cecília falou virando meu rosto pra ela.

— Tá, vou relaxar um pouco. - Concordei e ela sorriu satisfeita — Melhor a gente cuidar do Guilherme, amor.

— Vem. - Ela levantou e estendeu a mão pra mim — To real com medo dele passar mal.

— Mas ele vai. - Afirmei e ela me olhou feio — É sério, quem ingere esse tanto de bebida e não passa mal?

— O Felipe. - Ela respondeu e eu revirei os olhos segurando o riso.

— Pra começo de conversa, o Felipe não é gente. - Contestei.

— Oi, Gui. - A Cecília falou atraindo a atenção do Guilherme.

— E aí, rapaziada. - Falou com a voz embolada.

— Acho que tá bom de bebida por hoje né, mano? - Tentei falar tranquilo pro cara não apelar.

— Qual foi, pô? To só começando os trabalhos. - Ele respondeu e eu respirei fundo controlando a paciência.

— Você sabe que seus problemas não vão sumir por causa dessas bebidas, né? - A Cecília perguntou.

— Loira, você sabe que eu te amo. Mas agora não é hora de bancar a psicóloga, fechou? - O Guilherme respondeu segundos antes de ignorar a gente e ir na direção do Felipe.

— Puta que pariu, ele vai fazer barraco. - A Cecília falou acompanhando cada passo do Guilherme.

— É melhor a gente ir lá. - Falei puxando ela pela mão.

— A gente tem direito de frequentar essa festa, por que não? - O Fábio perguntou pro Felipe.

— Porque aqui não é o cu da mãe Joana. - A Amanda respondeu antes do Felipe — É uma propriedade particular, que só entra quem tá na lista.

— Felipe só tem boca pra responder a Amanda. - Sussurrei no ouvido da Cecília.

— Nem vem com essa porque eu já vi ele amassando a cara do Fábio. - A Cecília sussurrou de volta.

— É, pô. Pior que o Felipe é bom de briga. - Concordei.

— Isso tudo é implicância? - A sem noção da Jade perguntou diretamente pra Amanda.

— Acertou, fofa. - A Amanda debochou — Será que é só implicância ou temos motivos suficientes?

— Não adianta perguntar nada pra essa aí. - O Guilherme disse se referindo a Jade — Ela só sabe mentir, faz isso com naturalidade.

— Quem te chamou na conversa? - O Fábio falou com o Guilherme — Fica na sua, cara. Com bêbado minha conversa é outra.

— Antes de conversar do teu jeito com ele, vai conversar comigo primeiro. - Falei entrando na frente do Guilherme e senti o beliscão da Cecília.

— Não vai ter porra de conversa nenhuma, os dois pra fora da minha casa agora. - O Felipe falou grosso e os dois sem juízo ficaram encarando ele — Tão surdos, porra?

    O Fábio jogou um olhar pra mim e se retirou, sendo seguido pela Jade.

— Af, achei que ia terminar de arrancar aquele cabelo dela hoje. - A Amanda se lamentou e a Cecília soltou uma gargalhada sincera.

— E chega de bebida pra você. - Felipe falou com o cunhado — Pode subir e deitar em algum dos quartos.

    Guilherme demorou, mas obedeceu o Felipe.

— Caralho, mano. Até que tu sabe botar ordem nessa porra. - Falei batendo na mão do Felipe.

— Claro, esses zé povinho querendo estragar minha festa. - Ele respondeu e eu neguei com a cabeça.