Bill
- Então você é o Bill! - uma mulher com uma bandana na cabeça me abraça toda sorridente - O famoso Bill. Jess só fala de você. Não me admiro que ela tenha um pôster seu ao lado da cama. Você é lindo!
- Mãe - Jess susurra, fazendo cara feia - Isso não é verdade.
- Era. Uma vez era - responde a mais velha, dando tapinhas em meus ombros.
- Ah... - arregalo os olhos, olhando para a garota que fica escarlate. Vejo que não seria uma boa me aprofundar no assunto. Pigarreio, segurando a mão da Sra. McLean e sorrindo para ela - É um prazer finalmente conhecê-la. Sei por quem sua filha puxou para ser tão linda.
- Que rapaz mais gentil! - a mulher abre um enorme sorriso - Robert! Amor! Venha conhecer o garoto do pôster da Jess!
- Mãe! - a garota semicerra os olhos, escondendo o rosto com as mãos logo após.
- Quer dizer... - a mais velha reformula, gargalhando ao dizer: - o garoto do pôster da Jess que está guardado na terceira gaveta do guarda-roupa!
McLean vira um pimentão. Olha para mim e saí andando escada acima. Tento conter um riso, mas é impossível. Robert McLean tem o mesmo nariz e o mesmo formato de rosto que Jess. Percebo que, conforme se aproxima de mim, sua perna direita vacila. Uma muleta está em mão. Entendo o porquê de Jess ter três empregos.
Seu pai quebrou a perna e a mãe, aparentemente, não tem cabelo, indicando um possível... câncer.
O Sr. McLean é um homem alto e forte. Estremesso um pouco ao sentir sua mão se apertando na minha.
- Prazer - diz ele, sorrindo. Seus olhos caem em minhas unhas pretas e em minhas roupas. Sei que está me julgando. Agradeço por não estar usando maquiagem hoje - Vejo que é um garoto com um estilo parecido com o meu eu do passado.
Não seguro minha supresa. Robert, um homem bombado por volta dos quarenta anos com cabelos grisalhos, possuía o mesmo estilo que o meu? Nos minutos seguintes, o homem me mostra algumas fotos. Ele era guitarrista de uma banda que ficou famosa apenas na cidade onde morou. Fico perplexo a cada foto. Não parecem a mesma pessoa.
Jess volta um tempo depois. Com o cabelo loiro molhado e com uma pequena figura em seus braços. Michael.
Meu coração fica quentinho quando seguro ele em meus braços, meio desajeitado, mas o pequenino não chora nenhuma vez. Michael apresenta cabelos castanhos e olhos brilhantes iguais os da irmã. Tem quatro meses e é uma gracinha.
A família McLean é incrível. Passei apenas três horas com eles e foi o suficiente para adorá-los. Janet e Robert são pais extremamente atenciosos e simpáticos. Me senti bem com eles.
Jantamos e logo após, a Sra. McLean leva Michael para dormir. Me pergunto quando ela descobriu o câncer. Penso em perguntar para Jess quando ficamos a sós mas me recuso a transformar o clima bom em algo ruim.
Ficamos sentados no sofá enquanto Robert vai tomar seus remédios. Observo o silêncio de Jess e na sua expressão vazia. Ela não estava assim minutos atrás.
- Está... tudo bem? - pergunto.
- Sim - ela assente, fazendo uma careta ao se mexer - Só estou cansada.
- Ah, verdade. São quase dez horas - olho para o relógio na parede - Acho melhor eu ir embora.
- Quer uma carona?
- Não se for incômodo - falo, notando seus olhos cansados.
- Não será - ela diz, se levantando e pegando as chaves.
Sorrio com o fato de hoje ter sido um dia bom em comparação aos outros. Vi os olhos brilhantes de Jess enquanto ela falava sobre a faculdade no jantar e me senti feliz por vê-la sorrir. Um sorriso real.
Nove meses atrás, quando a encontrei jogada no corredor do hotel em que eu estava hospedado no México, nunca imaginei que estabeleceríamos uma amizade tão grande. Se eu tivesse a escolha, nunca voltaria atrás.
Não falamos nada durante a breve viagem até o hotel. McLean parece exausta e posso notar isso em seu rosto. Assim que chegamos no hotel, percebo que seu corpo fica rígido e que suas mãos se apertam com força no volante. Ela quer dizer alguma coisa, mas não consegue. Também quero dizer algo, ou melhor, perguntar. Contudo, temo ser desconfortável para ela responder.
McLean apaga os faróis e tudo fica escuro. Apenas as luzes dos postes trazem alguma iluminação. Fico esperando que ela diga o que quer primeiro, mas como acho que não sairá tão cedo de sua boca as palavras que quer proferir, respiro fundo.
- Por que você foi embora? - pergunto, rangendo os dentes. Meu coração acelera e fica mais difícil respirar. Observo Jess se remexer ao meu lado e sei que toquei na ferida. Mas não sou tão culpado assim. Foi ela quem perfurou meu coração ao me deixar - Por que não avisou?
A vejo baixar os braços, apertando suas mãos no colo e com os olhos fixos em seus pés. Ela precisa me responder... eu preciso que ela responda. Depois de mais alguns segundos de silêncio, ela finalmente abre a boca.
- Eu não te merecia - diz ela, por fim, me deixando supreso - E não mereço. Por esse motivo, acho melhor não nos falarmos mais. Sou toda problemática e você sabe disso. Não quero encher sua cabeça com os meus problemas já que você tem os próprios para se preocupar.
Não entendo. Esse foi o motivo? Depois de tudo que aconteceu entre nós dois, tudo o que passamos juntos... essa é a conclusão?
- Você acha que me importo de você ser toda "problemática"? - pergunto, semicerrando os olhos para enxergá-la melhor - O que aconteceu naquela noite, na noite anterior da sua partida, significou que eu meu importava? É claro que não, Jess. O que que sinto por você, é o mesmo que senti nove meses atrás. Te admiro por ter conseguido superar os obstáculos sem mim. Você é livre agora, não precisa se preocupar com aquele desgraçado do Hassan. Por que não recomeçamos?
Engulo em seco. Disse tudo o que queria. Deixei claro as minhas intenções. Só basta McLean decidir. Torço para que ela diga sim. Torço para que ela me escolha.
- Preciso ir para casa - ela diz, com a voz falhando.
- O que? - meus olhos se arregalam - Jess... você não me ama mais?
Ela não responde de imediato. Seus olhos encontram os meus em meio a escuridão e noto lágrimas descendo pelo seu rosto.
- Eu nunca amei - é a sua resposta.
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𝐒𝐄𝐂𝐑𝐄𝐓𝐒 | 𝐁𝐢𝐥𝐥 𝐊𝐚𝐮𝐥𝐢𝐭𝐳
RomanceApós uma grande polêmica arruinar sua vida, Bill Kaulitz, cansado dos holofotes, resolve distanciar-se das câmeras por um tempo. Andava pelas ruas sempre cabisbaixo, evitando que reconhecessem seu rosto coberto pelo boné e os óculos escuros. Em uma...