Jess
Alguns minutos atrás.
Estamos todos na mesa de jantar. Minha mãe está enchendo Bill de perguntas sobre "como é ser famoso". Tentei mudar de assunto por achar que seria desconfortável para ele, mas o Kaulitz me assegurou que estava tudo bem. Meus pais sabem que a polêmica sobre ele não é real, então não tenho que me preocupar.
Michael está no chão, entretido com seus brinquedos. O observo colocá-los na boca e olhar para mim. Faço uma careta. Ele começa a rir e sorrio. As vezes, por passar muito tempo fora de casa, tenho medo de que Michael esqueça de mim ou que não se sinta a vontade quando vou brincar com ele. Mas o garotinho parece se divertir comigo.
Levanto o olhar para a mesa e vejo Bill me olhando, sorrindo para mim. Retribuo o sorriso de volta, sentindo minhas entranhas se remexerem. Desde que ele chegou aqui, tem sido uma ótima noite. Todos parecem gostar dele, até Michael.
Penso então, em descartar a ideia que tive de cortar todos os laços que foram reatados com ele. Me sinto bem perto de Bill, como sempre me senti. Creio que agora não correrei tanto perigo. Ele não vai me encontrar de novo. Hassan não vai me encontrar.
Mudei de casa e de aparência. Ele me encontrou em Los Angeles quase três semanas atrás. Foi terrível. Meus pais concordaram em nos mudarmos e aqui estamos. Ele não vai me achar de novo, não é?
Não é?
Me levanto para ajudar mamãe a recolher a janta. Deixamos Michael aos cuidados de meu pai e Bill. Escuto risadas do garotinho e sei que o Kaulitz é quem está as provocando. Guardo os pratos já limpos quando escuto meu celular vibrar em meu bolso. Pego o aparelho enquanto fecho a porta do balcão.
Uma mensagem de um número desconhecido. Semicerro os olhos e tento pensar em quem estaria me mandando mensagem a essa hora. Talvez alguém do trabalho.
Não.
Não é alguém do trabalho.
Não há foto e nem nome no contato, mas pelas três breves mensagem, sei quem é. Hassan. Minhas mãos começam a tremer e me sinto enjoada. Como ele conseguiu meu número? Como ele é capaz de me dizer isso?
Forço meus olhos a olharem mais uma vez para a tela do celular. Há uma foto. Uma foto onde estou saindo com Bill do bar. A outra, é uma com ele entrando na minha casa. Por fim, termina com uma mensagem de texto.
"Estou de olho em você"
Olho abruptamente para a janela, sentindo que estou sendo observada. Então vejo, não muito longe, uma figura encapusada perto da janela da cozinha. Não sei dizer se é real pois quando pisco, não esta mais lá. Tudo começa a escurecer.
Corro até o banheiro, deixando minha mãe supresa com tal ato. Tranco a porta. Abro a tampa do vaso e vomito tudo o que a pouco comi. Apoio minhas mãos na cerâmica fria do chão, tentando recuperar o ar perdido. Todo meu corpo treme e suor escorre de meu rosto. Podem ser lágrimas, mas não tenho forças para descobrir.
Não posso acreditar. Ele me achou. De novo. Da última vez, me obrigou a fazer uma coisa terrível da qual me arrependo com todas as minhas forças. Ninguém sabe, e temo se saberem.
Me recomponho. Minhas pernas vacilam ao fazer força para levantar. Agarro a pia da cozinha, dando de cara com o espelho. Permito me analisar. Estou pálida e meus olhos estão esbugalhados. Suor e lágrimas escorrem de meu rosto. Nunca havia percebido, mas as olheiras que possuo são profundas. Parecem estar ainda mais agora.
Molho meu rosto com água gelada e penso. Penso. Penso. Estou levando Bill a um caminho estreito e perigoso. De novo. Tudo é "de novo". Tudo está se repetindo. Odeio isso. Odeio Hassan por ferrar com minha vida.
Suspiro. Terei que fazer de novo o que detestei fazer nove meses atrás. Vou ter que afastá-lo de mim. Vou ter que afastar Bill de mim. Volto para a cozinha. Mamãe me pergunta se está tudo bem. Assinto.
Tento não transmitir a minha infelicidade durante o tempo em que Bill fica. Quando ele me pergunta se estou bem, concordo, sentindo meu coração receber milhares de facadas.
O levo até o hotel. Sinto meu coração batendo em meus ouvidos. Sei que o Kaulitz percebe minha tensão. Ele sempre percebe. Ao parar o carro, tento dizer as palavras que irão partir não só o meu coração, mas o dele também.
Porém, é para o bem de Bill. Ele não merece mais desgraças em sua vida. Não vou deixar. Ao dizer que não o merecia, recusei-me a olhá-lo. Recusei a dizer que o amava. Foi um tiro no peito. Lágrimas começam a jorrar incontrolavelmente de meus olhos.
- Não é verdade - ele diz, me encarando - Você me amou. Eu sei disso.
Outro tiro. É claro que ele sabia. Ele me amava como eu o amava. Estava claro. Nunca foi dito em palavras, mas em ações. Tento parar de chorar, mas as lágrimas vêm rápidas demais.
- Não me diga que aquele canalha do Hassan está te ameaçando - Bill continua, usando um tom de voz que nunca ouvi - Por que não chama a polícia? Ele merece morrer por todas as coisas que fez com você. Você não precisa ter medo dele. Sinta raiva. Ódio. Faça ele pagar.
Soluço. É fácil dizer, mas impossível de fazer. Hassan é de umas das ganges mais famosas do México. Se ele for preso, com certeza irá mandar alguém atrás de mim. Atrás de nós.
É impossível. Não há escapatória.
- Não dá - digo, rouca. Ele tem que sair de perto de mim - Me esqueça.
- Te esquecer? - Bill pergunta, segurando minha mão trêmula - Isso sim não dá.
- Bill - arrisco o olhar. Seus olhos estão tristes e me sento um lixo por deixá-lo assim - Não podemos ficar juntos. Você sabe... Você tem a sua vida, que é completamente diferente da minha, para cuidar. Se você ficar, vai correr um risco enorme.
- Não me importo - ele persiste. Porra, Bill. Por que você complica as coisas?
Tento pensar no que falar, mas nada que eu disser irá persuadi-lo a ir embora. Então lembro de uma coisa. A pior coisa que já fiz. Pego meu celular e mostro para ele. Forço meu rosto a ficar sério.
Seus olhos perdem o brilho quando veem o que o mostro. Então, nem dez segundos são necessários para que Bill saia do carro, fechando a porta com força.
Me deixo chorar dessa vez. Grito. Esperneio. Agora ele sabe.
Agora ele sabe que foi eu quem postou a polêmica.
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𝐒𝐄𝐂𝐑𝐄𝐓𝐒 | 𝐁𝐢𝐥𝐥 𝐊𝐚𝐮𝐥𝐢𝐭𝐳
RomanceApós uma grande polêmica arruinar sua vida, Bill Kaulitz, cansado dos holofotes, resolve distanciar-se das câmeras por um tempo. Andava pelas ruas sempre cabisbaixo, evitando que reconhecessem seu rosto coberto pelo boné e os óculos escuros. Em uma...