Bill
(Atualmente)Não consigo acreditar.
Entro no hotel e ignoro os garotos que me perguntam se estou bem. Vou ao meu quarto e fecho a porta. Ando de um lado para o outro. Minha cabeça está a mil, todas as peças se encaixando lentamente. Aquele dia... foi tudo uma farsa? O que Jess me disse foi tudo uma armação? Foi um plano de Hassan e dela?
Não, claro que não. Ele deve ter chantageado ela. Deve ter feito algo que a deixou sem escolha... É isso, não é? Tem que ser... Precisava ser. Entretanto, mesmo com essa possibilidade, meu coração dói. Dói em saber que ela ao menos, podia ter me contado. Como? Não sei.
Sento no chão e me encolho. Penso nos momentos em que estivemos juntos. No dia em que fui buscá-la no armazém. Eu havia estranhando a facilidade em que entrei. Fazia tudo parte do plano. Ela me beijar, gritar, chorar... Alguma coisa era real? Tudo bem ela ter sido cúmplice de Hassan, caso minhas suspeitas estejam certas, mas brincar com meus sentimentos? Lembro da conversa que tivemos no carro, quando ela disse que não me amava.
Talvez ela tenha dito a verdade.
Fecho os olhos e me deito. Fazia tempo que eu não me sentia assim. Apaixonado. Tinha privado meu coração de qualquer possível amor, desde que não tive mais notícias de Jess. Mas, saber que não é correspondido... que foi tudo mentira. Sei que não posso tirar conclusões precipitadas, mas ela não me amar explica muita coisa.
Explica ela sempre me querer longe. Se me amasse, ficaria comigo. Não me abandonaria como fez. Isso não é amor... ou é? De qualquer forma, ela deixou claro que não queria mais me ver. Que diferença faz? O mundo também não quer me ver. Acham que sou um monstro por conta da polêmica. Penso no cabelo loiro de Jess. Esse foi o disfarce dela após postar ou... para se esconder de alguém?
Tento lembrar de cada frase que trocamos no carro. Quando perguntei se Hassan estava a ameaçando, ela não respondeu especificamente a minha pergunta. Disse que eu correria um risco enorme se ficássemos juntos. Então é isso.
Hassan está de volta.
Não acredito que ele se mudou de país só para atormentar a vida de Jess. De novo. Me levanto. A McLean já sofreu demais por causa desse babaca. Já foi preso, mas conseguiu sair. Já foi despistado, mas conseguiu achá-la. Agora, farei de tudo para que nada disso aconteça. Farei de tudo para que ele apodreça na prisão.
Pego um casaco e saio do meu quarto. Encontro os garotos sentados no sofá, me olhando estranho. Acho que devo uma explicação a eles. Explico tudo. Explico tudo sobre Hassan, Jess e a polêmica. Tom fica escarlate de raiva, bufando a cada palavra que digo.
- Então foi aquela desgraçada que arruinou nossa carreria? - ele resmunga, os olhos em chamas - E você... você ainda a ama?
- Tudo tem um motivo - respondo, tentando entender também - Não tenho cem porcento de certeza que Jess fez aquilo por chantagem, mas é a única opção. Ela não faria aquilo por vontade própria.
- Olha, Bill, ela vai machucar seu coração, mais do que já está - meu gêmeo continua, franzindo o cenho - Isso não é um conto de fadas onde você irá salvar sua donzela presa na torre por um dragão. Não vai ter final feliz, porque o dragão e a donzela trabalham juntos.
Suspiro. Talvez Tom esteja certo. Talvez não tenha um final feliz. Mas Hassan fez muitas coisas terríveis. Ele merece pagar. O dragão é quem merece ficar preso no castelo, e não a donzela.
- Não importa o que você diga, vou prosseguir com meu plano. Por mais que seja bobeira - digo, determinado.
- Se você a ama, não é bobeira - Georg diz, assentindo - Tom só está dizendo isso porque está com inveja. Você entrará em um aventura enquanto ele permanecerá com a bunda gorda no sofá.
Tom revira os olhos e ri.
- Tá legal - ele se levanta. Fico surpreso com o sorrio que esboça - Como você planeja encontrar o chefe de uma gangue em uma cidade enorme, Bill?
Confesso que nisso eu não havia pensando.
- Eu tenho um sugestão - Gustav também se levanta. Por que estão todos se levantando? - Não há aquelas festas aonde vários viciados frequentam? Então, se Hassan é fornecedor de drogas, tem chances de ele estar em uma.
Oh, um cérebro a mais ajuda em muita coisa. Pelo que sei, essas festas não aparecem na Internet como as outras, por ser mais fácil de um policial não os achar. O único jeito é perguntar para alguém que sabe. Mesmo com minhas recusas, os garotos vêm junto. Não posso bancar o herói sozinho, preciso de ajuda.
Trocamos informações por dinheiro nos becos mais escuros. Descobrimos que há quatro festas como nós procuramos. Dividimos uma para cada pessoa. Não queria que os meninos participassem, tenho medo de que algo de ruim aconteça. Porém, somos uma família. Desde a polêmica, me afastei deles. Eu me sentia culpado por ter sido o motivo do fracasso da nossa banda, mas eles não me culpavam por isso. Queriam me ajudar a sorrir como antes e pensar que tudo aquilo logo passaria. Torço para que eu não os esteja pondo em perigo. Isso sim seria minha culpa.
Cada um leva um disfarce e o celular deve estar ligado caso alguém encontre Hassan. Eles não sabem como ele é, então o descrevi como lembro. Espero que seja o suficiente e esperto que dê certo. Nos dividimos e entramos em ação.
Tiro minha maquiagem e coloco um bigode falso. Quase me sinto totalmente hétero assim. Entro em uma das festas e engulo em seco. As pessoas que aqui estão não parecem muito sociaveis. Ando de cabeça baixa, mas com os olhos atentos. Pego meu celular e mando uma mensagem para os garotos.
Os manos.
Você: Alguma coisa aí?
Tom: Infelizmente não,
mas há várias garotas
gostosas aqui.Gustav: Aquieta o fogo
Tom. Nada aqui também,
Bill.Georg: Tudo limpo.
Suspiro. Sei que não seria nada fácil, mas não suporto nenhum segundo em que estou aqui. Apresso meu passo e sem perceber, esbarro em uma garota.
- Desculpa - digo, notando uma mecha loira sair de seu capuz.
- Tudo be... Bill?
Não preciso olhar em seu rosto para saber quem é. Apenas a voz já me entrega tudo que eu precisaria saber.
Jess está aqui.
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𝐒𝐄𝐂𝐑𝐄𝐓𝐒 | 𝐁𝐢𝐥𝐥 𝐊𝐚𝐮𝐥𝐢𝐭𝐳
RomanceApós uma grande polêmica arruinar sua vida, Bill Kaulitz, cansado dos holofotes, resolve distanciar-se das câmeras por um tempo. Andava pelas ruas sempre cabisbaixo, evitando que reconhecessem seu rosto coberto pelo boné e os óculos escuros. Em uma...