Capítulo 29

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Eros Demetriou

Eu sempre vi o amor como algo irrelevante, uma pura reação humana para se reproduzir e achar que está feliz ao lado de uma pessoa, mas hoje, depois de 36 anos, posso dizer que eu era um completo idiota.

Amar foi a coisa mais linda que eu poderia me permitir fazer...

Permitir que alguém me amasse foi a coisa mais difícil que eu já fiz, mas também a minha melhor escolha.

Eu mereço e quero ser feliz, quero me casar com a Kate, quero ver os primeiros passos do Heitor, quero ensinar suas primeiras palavras, quero ver a Kate se formar e ter mais filhos com ela, quero participar de todo almoço em família com o Oliver, a Luciana, o Heitor, a Kate e o Apollo, eu quero tudo com eles.

Eu quero ser feliz e com a minha família ao meu lado.

Eu consegui uma família;

Eles são a minha família, e eu não posso permitir que nada faça mal a ela.

Kate está dormindo nos meus braços, e eu não consegui pregar o olho por um segundo. Tenho medo de abrir os olhos e ela não estar mais aqui, de não sentir mais o seu cheiro doce ou a suavidade da sua pele nas minhas mãos. Tenho medo de fechar os olhos e, quando abrir, não ver meu filho dormindo tranquilo no carrinho que está perto de mim, de não ter a chance de ver cada parte do seu crescimento. Eu não quero e não vou perder mais um segundo da vida dele.

Kate se remexe nos meus braços, e sinto sua respiração mudar.

- Você precisa descansar... – Ela fala sonolenta e me olha nos olhos.

Deus, ela é tão linda, a pele delicada, os olhos claros que me fazem perder o ar, as bochechas salientes, tudo nela grita perfeição. Ela é perfeita para mim, não só porque é linda, mas também porque é altruísta, luta com dentes e unhas pelas pessoas que ama, é a pessoa mais determinada que eu conheço e desperta o melhor em mim, me faz querer ser melhor.

Acaricio seus cabelos e dou um sorriso fraco antes de responder.

- Eu estou bem, tive tempo demais para descansar nos últimos dias. – Kate ainda me encara curiosa.

- Seu semblante diz ao contrário, pode fechar os olhos, eu prometo que não vamos a lugar nenhum. – Sinto seus dedos acariciarem minha bochecha e aproveito o contato.

Pareço um bobo quando se trata dessa mulher; às vezes, ela parece ser a mais velha da relação, e eu um simples adolescente completamente rendido por ela.

Respiro fundo e aceno positivamente.

- Vou tentar. – Beijo o topo de sua cabeça, e ela se aconchega com a cabeça no meu peito; suas mãos passeiam pelo meu peitoral, e sinto um frio na barriga.

- Quando você acordar, vamos conversar, então descansa... estamos aqui. – Ela ressoa baixinho e me permito fechar os olhos.

Eles estão aqui.

Seguros

Eles estão aqui.

Minha consciência se esvai e finalmente caio em sono profundo...

Abro os olhos e encaro o lugar ao meu redor, vejo a Kate chorando desesperada com o Heitor em seus braços, tento correr até ela, mas não consigo fazer nada, eu tento falar, me mover, mas é como eu não tivesse controle do meu próprio corpo... é como se eu não estivesse aqui.

- Por sua culpa... – Ouço a voz do Ulisses e vejo ele se aproximar da Kate – Você é a culpada por ele não ficar aqui...

- Você é um lunático, fica longe do Eros... você não merece o filho que tem... – Ela fala com odio e segura firme o Heitor em seus braços. – Fica longe da minha família.

Grávida do grego misteriosoOnde histórias criam vida. Descubra agora