Purple effect

Duas novidades

Vi

A cada soco desferido contra o aparador de chute, minha mente era inundada com os últimos episódios da minha vida, quando Darius devolveu o aparador sobre meu rosto, eu suspirei levemente e ele segurou meus ombros encarando meus olhos e me empurrando rumo a parede, antes que eu revidasse minhas costas tocaram a parede gélida, um sorriso veio dos lábios dele, mas seus olhos carregavam uma decepção enorme, ele me soltou e se afastou dizendo:

-Vi...Ótimo, muito bom, chega por hoje.

Ele se afastou lentamente, meu cenho se franziu e um suspiro saiu dos meus lábios:

-O que houve contigo? -Eu perguntei baixo enquanto me sentava e retirava as luvas, o homem me olhou e suspirou dando um sorriso leve. -Comigo não é, porque você tá com esse olhar desde que o dia começou.

-Irmãos, sabe como é.

-Eu sei bem...-Eu me levantei e caminhei até ele batendo a mão aberta sobre o ombro dele. -Você é um cara legal, relaxa, vai dar certo.

Eu caminhei para sair do local e ele resmungou algo que sequer consegui ouvir, dando de ombros eu peguei a mochila e sai, meus pés me guiavam para o local onde eu acharia pelo menos um capanga do Silco.

Algo na minha mente dizia que seria fácil até demais, eles não costumavam se esconder de pessoas como eu, e se eu iria ouvir a Caitlyn, eu precisava no mínimo ter um pouco de sangue frio e controle quando o assunto fosse Silco.

Eu caminhei até estar no local onde antes eu costumava encontrar os capangas dele, adentrando o bar eu me sentei em uma cadeira afastada, meus olhos continuavam correndo pelo céu nublado lá fora, minha mão deslizou sobre a madeira quando a sombra de um homem me cobriu, o homem de sentou na minha frente, quase como se esperasse minha presença.

"Que rápido"

Caitlyn 

O último tiro foi ouvido e eu coloquei a arma sobre o balcão, a ponto quarenta era minha arma preferida do Stand de tiro, e com ela em mãos eu deixei um suspiro sair dos meus lábios, Ezreal deu um longo suspiro e retirou os óculos do rosto enquanto eu recarregava a arma, o loiro me lançou a pergunta em um tom despretensioso:

-Okay, qual é a do Stand de tiro...

-Você sabe que é um hobby, eu sempre venho. -Eu me apoiei no balcão e encarei o loiro que estava recarregando a arma. -Você vir comigo é a novidade.

-Eu diria que eu não sou tão bom de mira, por isso eu evito atirar. -Eu apertei o botão vermelho e os alvos começaram a se mover rapidamente, ajeitei o óculos de proteção e comecei a efetuar os disparos, Ezreal tinha uma ótima mira, raramente errava, mas faltava confiança nele e isso era perceptível. -Viu...-Ele suspirou após começar a carregar a arma novamente, eu dei de ombros e assim que finalizei o último alvo eu coloquei a arma sobre o balcão. -Não vai me dizer porque estamos aqui?

-Vou...-Eu retirei os óculos colocando sobre a bancada e quando o dono do local se aproximou eu entreguei para ele o cartão pagando por nós dois, assim que saímos do local nós caminhamos em silêncio até o estacionamento. -Você não tem novidades Ezreal?

-Na verdade eu tenho, mas quero ouvir as tuas antes.

Eu entrei no carro e o rapaz adentrou logo em seguida tomando posse do banco do carona, eu acelerei e quando pegamos a pista um suspiro cansado saiu dos meus lábios, Ezreal apesar de um grande amigo de longa data era diferente de mim em vários aspectos, o mais gritante deles é que Ezreal perambulou pelos dois lados da vida, o correto e o incorreto, ele era o homem que trazia orgulho para os pais, mas também era o mesmo Ezreal que vendeu drogas por muito tempo e quase se envolveu com tráfico, apesar de conhecer suas duas faces, eu sabia o coração que batia em seu peito, e nesse momento, um passado ruim significava a ausência de julgamentos e a presença de uma ajuda que eu não conseguiria em outra pessoa.

-Você sabe muito sobre o mundo do crime né.

-Mais ou menos...O que aconteceu? -O homem perguntou me encarando com certa dúvida em seus olhos.

-Tem um mafioso, a Vi tem dívida com ele.

-Que merda, dividas com mafiosos nunca morrem.

-É mas vai piorar, ela trabalhou pra ele, e ela quer sair desse esquema e ele não deixa, tem ideia de como fazer isso?

-Sair?-Ele questionou me encarando eu confirmei e ele suspirou levemente -Bom, se ele tem como arrastar ela pra cadeia junto, então temos um problema.

-É, eu falei pra ela descobrir porque ela é tão especial pra ele, e usar isso pra sair.

-Hum...Complexo, consigo varrer alguns arquivos...Me passa o nome dele ou da organização, eu ajudo você.

-Vai mesmo fazer isso?

Apesar de esperar a ajuda dele, eu fui pega de surpresa.

-Que jornalista investigativo eu seria se meu hacker da adolescência não fosse mais útil?

Eu dei um sorriso simples e confirmei, eu disse ao loiro o nome que ele precisava, Ezreal o anotou e em seguida mudou o assunto como se estivéssemos discutindo qual a pizza preferida de cada um, com tamanha naturalidade.

-Minha novidade agora...Chuta.

-Sem dicas? -Eu dei de ombros e suspirei, eu não conseguia imaginar o que poderia ser. -Dá uma dica.

-Okay...Hum...É sobre a Lux?

-Humm...Você e ela vão casar oficialmente?

-Não...É...outra coisa.

-Vão se separar?

-Jamais!

-Okay, eu não faço ideia...outra dica.

-Vamos ter que trocar de casa.

Ezreal deu um longo suspiro, parecia cansado mas no fundo de seu suspiro um riso leve me fez perceber que ele estava feliz, eu o questionei baixo:

-Por quê? -Eu franzi o cenho confusa, a casa deles era ótima, não havia problema algum com os cômodos. -Está tudo certo?

-É que vamos precisar de um quarto extra.

Eu arregalei meus olhos e parei o carro no acostamento para encarar ele.

-Vocês vão ter um nenê? -Ele sorriu e confirmou, eu arregalei mais os olhos e o puxei para um abraço leve, o homem riu e me abraçou de volta. -Parabéns Ez! Vocês merecem!

-É eu tô assustado mas...Feliz.

-Que isso, você vai ser um ótimo pai.

-Eu só tenho uma certeza, essa criança vai ser loira.

-A não me diga! -Eu suspirei e segurei o volante novamente voltando para a pista. -Vamos parar em uma cafeteria.

-Vamos, e depois vamos pra sua casa Cait, eu vou fazer minhas pesquisas sobre esse tal Silco.

-Eu adoro um amigo.

-Eu sei eu sei, eu sou sensacional.

"Cada amigo que eu arranjo"