009 | MEMÓRIAS.

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HELIA BENNET

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HELIA BENNET.

A senhora está sentada no sofá tentando fazer crochê mesmo com a visão completamente perdida. É oficial, eu tenho dois empregos e chego o dobro de cansada em casa. Não é 'tão ruim cuidar da esposa do meu chefe, mas ela é chata e sempre está falando sobre algo da minha vida.

Eu acabei não indo à praia com o trio pois minha mãe não permitiu. Eu 'tive que explicar para Leah o motivo e ela foi compreensiva dizendo que poderia marcar para um fim de semana mais calmo.

— Halie, pode me ajudar a dar um ponto?— a mais velha pergunta e eu ando até a mesma pegando a agulha e a linha das mãos dela com cuidado, dou um ponto e a entrego novamente.— obrigada.

Me sento na poltrona ao lado dela ligando meu celular vendo algumas mensagens do IG, já fazia um bom tempo que eu não  abria para postar algo. Vejo que Leah me mencionou nos stories com uma foto nossa tomando sorvete.

— Quem é essa?— a senhora me pergunta,r eu me assusto desligando o celular.

— Você não estava cega?— pergunto incrédula e ela retira os óculos escuros continuando a fazer o crochê.

— Acha mesmo que eu iria querer passar o dia sozinha sem ninguém? Precisava de alguém para manter uma conversa ao decorrer do dia.— diz normalmente terminando um tapete pequeno.

Eu fui enganada, estou trabalhando de babá para uma senhora que praticamente se fingiu de cega durante — aproximadamente — quatro dias! Segundo meu chefe, ela 'teve o AVC no dia quatro de janeiro, agora é dia oito! Ela literalmente fingiu ser CEGA. Ok, eu já fiz coisa pior, mas fingir ser cega?!

— Poxa, está 'tão solitária assim, senhora Berny?— volto a mexer em meu celular despreocupada e ela suspira. Eu não deveria estar preocupada, e sim apavorada, essa mulher de — aproximadamente — ( é eu não sei a idade dela) sessenta anos, deveria estar no asilo e não em casa.

— As vizinhas não gostam de mim, Bennet, você deveria me entender já que não tem muitos amigos.— ela levanta da poltrona e eu dou um riso fraco.

— Eu tenho amigos, só não costumo sair com eles frequentemente.

— Você ainda não me respondeu, Bennet, quem é a garota?— ela pergunta novamente andando para a cozinha e eu a sigo.

— É uma amiga, eu acho. Então o negócio do AVC foi falso?— eu pergunto confusa a vendo preparar um café.

— Não totalmente.

— Como assim?— eu me sento no balcão da mais velha, vendo ela coar o café.

— Eu realmente perdi um pouco da visão, mas ela voltou.— explica pegando duas xícaras e eu suspiro abaixando minha cabeça.— Helia, pode pegar um forro lá no meu guarda roupa?

— Claro.— desço do balcão me direcionando a porta e vejo um corredor repleto de fotos antigas em quadros, paro na frente de uma na frente do quarto da mulher e fico encarando por um período.

𝗣𝗨𝗥𝗜𝗧𝗬  |  Walker ScobellOnde histórias criam vida. Descubra agora