0024 | CONVERSA.

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WALKER SCOBELL

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WALKER SCOBELL.

14 de abril de 2024, às 13:31.

Ninguém me avisou; Na verdade, me avisaram, mas eu ignorei. Enfim, o plano de ignorar meus pensamentos não funcionaram bem, eles continuam, se você quer saber quais são esses pensamentos, o problema é todo seu, eu não ligo. Mas eu vou contar quais são os pensamentos, porque eu tenho que desabafar com alguém.

Ultimamente — eu ainda não acredito que vou dizer isso — eu ando confuso sobre em relação à Bennet. Eu estou confundindo amizade, com talvez, outra coisa, digamos que "gostar" qual seria a palavra certa para isso? Eu também não sei, eu não estou falando com ninguém sobre isso por ter medo. Geralmente eu desabafo com minha irmã, ou com Leah, mas eu já não tenho certeza que devo fazer isso.

É, talvez, eu esteja gostando de Helia, mas é só um talvez, eu não sei o que tô sentindo ou falando, por isso está ficando somente entre eu e eu. É mais complicado do que eu imaginava, no mês que vem tem a apresentação do teatro dela, e não quero ficar ignorando ela pelo resto da minha vida como eu penso que vai ser a solução.

Mas eu tô cansado de esconder isso para das pessoas que eu confio. Realmente, não consigo falar sobre o que tô sentindo para alguém. Mas realmente não sei se eu falo, ou se eu fico quieto, ou se eu tento procurar minha mãe ou minha irmã para dizer sobre isso. Tá vendo? É complicado para mim, é a primeira vez que eu sinto isso em toda minha existência de vida na terra. Pode ser exagero, eu sei, mas é a verdade, nunca fiquei confuso sobre o que eu penso de mim.

— Walker!— minha irmã exclama, abrindo a porta do meu quarto, e eu a olho assustado, a loira vem até mim após trancar a porta. Ela vai me matar, com certeza eu fiz algo que ela não gostou.— você tá bem? Você não sai do quarto tem dois dias, você só come e volta para o quarto, não fala com mais ninguém.

— Tá caindo algum pedaço meu?— eu pergunto, com sarcasmo na voz.

— Não, mas você está mais branco que o normal, e também não sai do quarto, cara, você não aparece na academia tem dois dias! DOIS!— da ênfase na última palavra. Pelo menos são dois dias, e não vários dias.

— Eu só tô pensando em uns negócios, não é preciso você ficar em cima de mim o tempo inteiro. Você tá parecendo a mãe.— respondo, a loira se deita na minha cama e me olha.

— Fala.— ela pede, sem tirar os olhos de mim. Ela vai insistir, até eu falar.

— Não, você é fofoqueira.— eu cruzo meus braços, e ela suspira irritada, estendendo o dedo mindinho dela em minha direção.— nem vem com esse papo furado.

— Anda.— ela balança o dedo, e eu entrelaço com o dela.— "eu prometo, nunca, jamais, quebrar a promessa de contar um segredo seu."— recita nossa frase de infância, raramente usamos isso, quando queremos que somente nós dois saibamos, isso funciona bem, pois Leena nunca contou meus segredos, e eu não contei os dela.

— Olha, você talvez saiba dessas coisas, você é mais velha e sabe das coisas.— eu começo, e ela suspira, batendo no colo dela e eu deito minha cabeça nas coxas dela. Também é um costume nosso, quando terminamos de fazer a promessa, nós se deitamos no colo do outro para contar.— eu acho que gosto da Helia.

— Eu já sabia.— diz, enrolando os dedos nos meus cachos.— mas continua, vou parar de te interromper.

— Só que é um acho mesmo, pois não sei como tô me sentindo agora, estou assim desde quando fomos ao museu.— eu explico, colocando minhas duas mãos sobre minha barriga, a minha irmã para pra pensar, e em seguida me olha nos olhos.

— É normal isso no início, é da adolescência, uma hora ou outra você ia gostar de alguém.— explica com a voz baixa, e eu coloco as mãos no meu rosto.— continua.

— É só isso.— eu murmuro.— como eu sei se o que sinto é real ou não?— retiro as mãos do rosto.

— Se aproxima mais dela, convida ela 'pra sair, tenta se aproximar mais dela. Tenta esclarecer o que você sente fazendo isso, talvez te ajude, talvez não te ajude.

— Me aproximar? É sério? Mais do que estou próximo dela?— eu pergunto frustrado, e abraço em seguida pego um travesseiro começando a chorar.— Leena, eu não sei como fazer isso, é minha primeira vez sentindo essa merda!

— Não xinga seus sentimentos.— ela pede, retirando o travesseiro do meu rosto e em seguida seca meu rosto.— relaxa, respira, se acalma! Ter sentimentos é normal do ser humano.— diz dando ênfase na frase.— você vai ir aos poucos, entendeu? Eu passei por isso também. Me escuta, é normal termos medo; é normal termos sentimentos; é normal. Para de chorar, agora vamos lá na sala e vamos conversar com nossos pais sobre isso, a mamãe gostou dela, sabia?

— Pera aí, no que eles vão nos ajudar?— eu pergunto confuso, me levantando do colo da mais velha.

— O papai vai te ajudar a chamar ela 'pra sair, e vai te dar dicas, e a mamãe vai te ensinar como tratar ela em um encontro. Ou vão apenas te aconselhar sobre como descobrir seus sentimentos, isso com certeza não é falso.— explica, saindo da minha cama rapidamente e abre a porta.— confie em mim, vai dar certo.

— Vai dar errado.— eu contrario.

— Walker Scobell, anda logo e para de graça.— ela diz apontando para fora do meu quarto, saio da cama e vou em direção a sala.

Me sento no sofá, cruzando meus braços emburrado. Não acredito que contei para Leena, agora vou ter que contar para meus pais, eles vão me ajudar, vão me acolher, são minha família, mas e se der tudo errado? E se ela não gostar de mim? E se não der certo? Por que agora? Estava dando tudo certo até isso acontecer, até tinha uma amizade tranquila, até meus pensamentos começarem com: "será que Leah está certa sobre nós dois?"

— Conta tudo, filho.— meus pais sentam em minha frente, e eu me senti pressionado pela primeira vez para contar algo que eu sinto.

Eu confio nos meus pais, mas é que tudo é novo, eu nunca me senti assim então não sei como agir, ou o que falar, e me sinto confuso na maioria das vezes por conta disso. Eu literalmente passei as semanas desse mês completamente confuso com o que sentia em relação a Helia, e agora Leena está me ajudando me colocando para conversar com nossos pais.

 Eu literalmente passei as semanas desse mês completamente confuso com o que sentia em relação a Helia, e agora Leena está me ajudando me colocando para conversar com nossos pais

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Tô me sentindo um bicho na caverna sem fone de ouvido😞

𝗣𝗨𝗥𝗜𝗧𝗬  |  Walker ScobellOnde histórias criam vida. Descubra agora