Capítulo 3

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ANTES

(HÁ 6 ANOS)

SAKURA HARUNO

Sasuke Uchiha.

Eu pensava em seu nome e o espiava por entre a cortina empoeirada do meu quarto.

Sei que não deveria fazer isso, principalmente pelo fato dele ser três anos mais velho, ter largado a escola antes de terminar o ensino médio, fumar mesmo sendo menor de idade e ter um rostinho nervoso, mas eu não conseguia tirá-lo da cabeça, então ficava vigiando de longe.

Sasuke havia se mudado para a casa ao lado da minha. A casa ao lado da casa da minha tia, na verdade. Nada ali era meu. Ele tinha o lado esquerdo do rosto todo cheio de cicatrizes, um olhar bonito, e gostava muito de andar sem camisa, o que me fazia pensar se quando eu ficasse um pouquinho mais velha ele não me daria uma chance.

Eu morava numa cidade chamada Soren. Não era um lugar pequeno, mas também não se comparava com a capital. Os bairros mais afastados do centro, faziam o tipo que todos os moradores se conheciam, por isso, quando Sasuke e sua família chegaram na cidade, cada um ali já sabia seus nomes, histórias e sujeiras.

Ele morava com a mãe e dois irmãos mais novos, ambos com pelo menos uns seis anos de diferença entre um e outro. Às vezes eu o via brincar com as crianças, Itachi, e o menorzinho, Konohamaru. Parecia quase um pai. Eu ficava me imaginando descendo lá e ficando junto com os três, vendo-os se divertir de pertinho.

Sasuke passou a ser meu segredo, e observá-lo era bom de um jeito quase desconfortável. O pior, era que ele sabia, e mesmo que eu fosse um pouco mais nova, isso ainda o entretia, embora nunca tivesse falado comigo,

Algumas vezes quando eu olhava para Sasuke através da minha janela, ele me encarava de volta. Ainda estava descobrindo a sensação de como era desejar alguém, e era muito, muito bom. Porque ele respeitava isso, então fazíamos tudo no silêncio.

Hoje era um daqueles dias que eu tirava um momento para apreciar seu corpo em segredo, longe dos meus primos e da minha tia, que agora deveria estar desmaiada no sofá da sala, dopada de remédios. Meu quarto não passava de um cubículo, mas eu me ajoelhei na cama só para apreciar a vista: Sasuke sem camisa, bem suado enquanto consertava uma moto no quintal. Ele trabalhava numa borracharia ali perto, mas às vezes fazia alguns trabalhos em casa mesmo, por fora, para uns conhecidos ou coisa assim.

Apesar de eu tentar ser um pouco discreta, ele sempre me pegava. Aquele dia não havia sido diferente. Eu nem ligava.

Havia chegado do balé a pouco tempo, e ainda estava de collant e shorts. Sequer desfiz o coque em minha cabeça.

Deidara, o mais jovem dos meus primos, já havia me gritado há uns cinco minutos. Eu o ignorei de primeira, mas sabia que não poderia fazê-lo por mais tempo. Por isso, quando ouvi minha porta sendo socada, soube que minha pequena diversão havia acabado.

— Vai logo arrumar aquela porra — Deidara gritou do outro lado, no corredor, praticamente espancando a porta. — Vai chegar gente daqui a pouco.

Estava trancada. Minha tia pedia para que eu a deixasse sempre desse jeito.

— Que caralho — sussurrei só para mim, louca de ódio por ser interrompida, e então levantei do colchão, fazendo a cama dar uma balançadinha. Quando virei a maçaneta dei de cara com ele.

— Tem um monte de fita na mesinha da sala. Um monte de coisa pra fazer laço e bolinhas minúsculas que saem quicando por aí. Essa porra você deixa no seu quarto, pisei em uma dessas merdas e quase caí — Deidara tinha os olhos fixos nos meus. Ele gostava de botar medo em mim, de me ver receosa e insegura.

Como Fogo e Pólvora | SASUSAKUOnde histórias criam vida. Descubra agora