ANTES
(HÁ 4 ANOS)
SAKURA HARUNO
Minha família nunca comemorou o natal.
Família.
As pessoas que moravam comigo nunca comemoraram o natal. Melhor dizer assim.
Mas nunca senti falta também.
Sasuke, um tanto envergonhado, me chamou para passar com ele e seus irmãos. Sua mãe havia ido viajar há uma semana e não estaria em casa, eram apenas os três. Os três, e eu.
Por um momento, quis negá-lo. Desde que ele tocou para mim a minha música, não teve outra vez que estivemos próximos. Senti-o escorrer por entre meus dedos, como se tivesse se liquidificado bem a minha frente. Sasuke tornou-se ainda mais atencioso, contudo, não houve da parte dele mais nenhum toque, provocação, ou olhar malicioso.
Eu me sentia como se fosse uma prima inconveniente, e isso era frustrante.
O mais comum era fazer um almoço de natal, mas Sasuke trabalhou na oficina, então acabou virando um jantar do dia 25. Eu comprei uma torta de maçã na padaria da rua de baixo e, embora soubesse que não era a melhor, tinha certeza de que Itachi gostava, porque já o vi pedir mais de uma vez.
Peguei um Jaffa Cakes também, porque era natal, e eu merecia.
Bati na porta quatro vezes antes de dar uma de enxerida e entrar mesmo assim. Ainda que o lado de fora estivesse congelando, a casa de Sasuke parecia um pequeno forno quente, chegando a me arrepiar.
— Oi? — falei conforme adentrava a casa.
— Sakura? — o pequeno rosto de Itachi estava cheio de dúvidas ao me observar. Ele quase suspirou ao perceber que era realmente eu. — Pode sair Shisui, é uma bruxa, mas não das más.
— A bruxa aqui gosta de amarrar a língua de pré-adolescentes respondões.
Revirei os olhos, colocando a torta e o pacote de Jaffa por cima da mesa. Então, ouvi um risinho infantil, e uma cadeira foi arrastada, revelando o pequeno Shisui todo risonho. Ele não hesitou em pular em mim, e eu não pude fazer outra coisa a não ser abrir meus braços e recebê-lo.
— Porque estava ali embaixo? Ein? — apertei sua barriga e ele gargalhou.
— Alguém queria entrar em casa.
— Era eu. — Virei para Itachi. — Bati um monte de vezes antes de entrar. — Justifiquei.
— Sasuke falou para não abrirmos a porta para ninguém.
— Seu irmão está certo. — Coloquei Shisui no chão. — E onde ele está? Achei que a essa hora já teria chegado do serviço.
— Estava tomando banho.
Sasuke apareceu pelo corredor, caminhando em nossa direção.
Fiquei calada conforme ele se aproximava; dei a ele toda minha atenção. Estava ainda um tanto úmido, com o cabelo meio molhado, sem camisa, e uma toalha rodeando-lhe os ombros.
Quente.
Sua calça vestia tão baixo no corpo, que mostrava o elástico da cueca. Ficava difícil não olhar, porque o caminho que vinha de seu abdômen e se arrastava por debaixo do pano era chamativo o suficiente para manter todo meu foco bem ali.
Sasuke ajustou a calça, passando, antes disso, o dedão pela linha do elástico bem abaixo de seu umbigo. Meus lábios ficaram secos, e eu os lambi; quando encarei Sasuke novamente, ele me encarava como se soubesse o que eu estava pensando.
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Como Fogo e Pólvora | SASUSAKU
FanfictionOs cortes no rosto dele não me arrepiam, mas sua presença me dilacera. Quase faleço todas as vezes que o encaro; os olhos mentirosos continuam a me observar como se não fossem. Quando eu tinha dezoito anos, Sasuke cometeu um erro terrível comigo. A...