Capítulo 4

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ANTES

(HÁ 5 ANOS)

SAKURA HARUNO

— Amanhã você vem pro bar comigo — Minha tia disse isso com um cigarro pendurado na boca, sentada na mesa enquanto servia café.

— Eu sei.

— Só estou te lembrando. Semana passada você disse que estava com dor de cabeça, mas pra colocar essa roupa minúscula sempre tá bem — eu vestia um top, meia-calça e shorts. Minha escola era de tarde, então eu costumava praticar balé na parte da manhã. — Dessa vez o Darx vai estar cheio, e não tem dor no mundo que te faça ficar em casa como no domingo. Hidan não gostou nada de saber que você faltou.

— Eu sei — repeti.

Hidan ficava no bar o tempo todo. Ele trabalhava com Zetsu e Kakuzu, os caras que fundaram o lugar com ele. As pessoas da cidade iam pra lá só para usar drogas.

— Só queria dizer que ele está estressado esses dias — minha tia insistiu, tentando se justificar.

Eu sabia que meus primos eram culpados por muita merda, e que eles faziam da minha vida um inferno, mas ficava com raiva por Tsunade achar que também não tinha responsabilidade por nada que acontecia.

Suspirei.

— Não precisa se preocupar. Vou estar lá, como sempre.

Toda sexta e sábado, desde os meus quinze, eu fazia o que tinha que ser feito, e transformava o que mais gostava no meu pior pesadelo.

Levantei da mesa já pegando minha bolsa, enfiando um pedaço de biscoito goela a baixo. As outras meninas que dançavam comigo costumavam fazer dieta, mas para fazer esse tipo de coisa é preciso tempo, e eu não tinha.

— Acho bom mesmo, porque Hidan tem descontado em mim a raiva que está de você. O mínimo que pode fazer para ajudar é obedecê-lo.

— Claro, ele é muito bom pra mim.

— Ele é Sakura, ele é! — ela bateu a xícara com força na mesa. — Você come aqui, você dorme aqui, você tem uma cama quente, vai à escola e pode dar suas piruetas felizes no balé, por ele. Quem te ajuda com isso é Hidan. É Hidan quem te sustenta. É ele que paga quando você liga o chuveiro e sai água quente lá de dentro. Então, sim, ele é muito bom pra você. Ele é ótimo. Já pensou em qual lugar você poderia estar agora se não tivéssemos te acolhido?

Não a respondi. Eu nunca respondia. Não que fosse ressentida pelas coisas que Tsunade dizia, mas simplesmente não ligava. Ela falava essas merdas horríveis, pedia desculpa depois, chorava enquanto fumava, me protegia dos seus filhos mesmo dizendo que eu deveria ser grata e vivia nessa corda bamba entre o que ela realmente era e o que fazia para sobreviver.

Saí de casa deixando Tsunade para trás com o rosto emburrado. Passei pela porta com a expressão mais plácida de todas, e ainda disse tchau.

Minha tia não era toda ruim, mas ela não era boa. Não sei se ela já se importou comigo, mas já fez umas coisas legais. Eu odiava minha vida, e aquela casa, e todos os meus três primos, mas eu não odiava ela.

Só que também não gostava.

A única questão era que para quem nunca conheceu realmente o que era cuidado ou afeto, algo assim meio que bastava.

— Achei que não fosse sair de lá de dentro. Já estou esperando há dez minutos, Sakura, cacete.

— Sasuke-pau-no-cu-do-caralho — fiz uma reverência ridícula e fui até ele.

Como Fogo e Pólvora | SASUSAKUOnde histórias criam vida. Descubra agora