Prólogo

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Atualização da história no spirit*

SASUKE UCHIHA

A voz dela ainda ecoava em minha cabeça como se eu fosse um poço fundo. Como se eu fosse um abismo e ela tivesse se jogado em mim.

“Você é um covarde! Não acredito que fez isso comigo. Não acredito. Eu te odeio. Odeio você. Odeio você! Mentiroso! Cínico! Seu filho da puta desgraçado! Era você quem deveria ter sido expulso, você quem deveria estar sem rumo agora. Você! Só você!"

Sim, todas essas coisas. Quase todas. Mentiroso, cínico, filho da puta e desgraçado. Menos covarde. Precisei ter coragem para fazer o que fiz.

Isso não quer dizer que me esqueci. Não quer dizer que tenho orgulho.

Às vezes… Às vezes sonho que sou um monstro terrível, com chifres e dentes pontudos. Sonho que me alimento de menininhas indefesas; que sugo a vitalidade delas até não sobrar nada.

Às vezes eu só queria esquecer minha própria história.

Ás vezes eu olho no espelho e penso que tudo que passei, mereci.

Há um segredo sobre a vida. Um segredo sujo, do tipo que ninguém fala mesmo sabendo que é verdade: ainda que forcemo-nos a esquecer o passado, ele jamais nos esquece.

O passado está sempre ali, nos cutucando, sussurrando com sua voz perversa sobre todas as coisas que já vimos, sentimos e tocamos. Nunca o deixamos para trás, tudo que falam ao contrário disso é mentira.

O passado continua conosco, alimentando-se de nós, enrolando-se em nossa alma como uma peçonhenta cruel, pronto para nos espremer até a morte.

O passado é a sombra de qualquer pessoa. Algo inerente a todo ser.

Mudanças são reais, acredito nelas, mas se você já fez algo, esteja pronto para entender que isto está gravado em sua pele para sempre, num lugar pouco falado, fundo de nós, algo que nem todos acreditam, mas que existe: nosso espírito.

Falo por experiência que há de fato a possibilidade de perdoar a si mesmo por algo, mas esquecer… o universo não admite.

Mesmo jovem, entendi todas essas coisas. Vivi para ver isto acontecer. Já deixei muitas pessoas. Deixei uma cidade, uma vida inteira, laços, lembranças… meu sangue. Já superei inúmeras coisas, mas nada disso me superou.

Há uma mancha na minha história, e ela me acompanha, me cutuca, me relembra… ela me agride, me força a entender que já passei por aquilo e, por mais que eu tente superar, não consigo.

O passado é como uma cicatriz rude no corpo que não te deixa esquecer o quanto você já se machucou algum dia e como aquilo doeu, ardeu, queimou e te sequelou.

Por isso, quanto mais velho se fica, mais amargurada a pessoa é, porque quanto mais velho se fica, mais passado você tem.

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NOTAS

Pra quem quiser acompanhar a história, é por aqui: https://www.spiritfanfiction.com/historia/como-fogo-e-polvora-25134685

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