Capítulo 24

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ANTES

(HÁ 3 ANOS)

SASUKE UCHIHA

Sakura ia fazer dezoito anos.

Eu esperei por isso, e os meus pensamentos, desde o primeiro dia da semana, foram os piores para a cabeça de um homem como eu, cuja consciência briga com o desejo de igual para igual.

É estranha a forma como eu e Sakura lidamos um com o outro. Mantivemo-nos por perto nos últimos meses mais pelo segredo que compartilhavamos juntos, sobre o modo como eu me sustentava, sendo traficante desses bailarinos do caralho, do que pelo sentimento que tínhamos um pelo outro. A última vez que a beijei, era inverno. Quase há duas estações.

Estava ocupado demais, preocupado como iria me livrar dos primos de Sakura para que ela pudesse entrar no meu carro, e ir comigo para algum lugar, livre dessa merda de vida. Aguentei por oito meses, vendo-a deixar sua casa com roupas curtas e mentindo na minha cara sobre onde ia.

Ela aguentou mais que eu. Ainda sim, meu coração quase parava de bater todas as vezes que sabia que ela estava sofrendo, mesmo sem me dizer nada.

Estávamos agora na salinha de instrumentos da Merveilleux Danse, a academia que eu tocava. O lugar que Sakura dançava.

Havia algo lá. Algo que me puxava para ela de tal forma, que chegava a ser doloroso. Manter minhas mãos longe dela, me deixava tonto de raiva e frustração.

Já era bem tarde em comparação com o horário que ficávamos na Academia. Sakura tinha uma audiência de admissão em alguns dias, então pedimos autorização para ela ensaiar. Tiramos os instrumentos do lugar e os amontoamos para os cantos da sala. Eu sentei para tocar piano, e ela estava montando a coregrafia que iria apresentar para os jurados. O sonho de Sakura era entrar para Maurice Beauvoir.

— Você acha que ficou bom? — Ela me perguntou enquanto se aproximava, querendo algum espaço no banquinho em que eu me sentava.

— Talvez eu não seja a melhor pessoa para avaliar isso. Você poderia simplesmente ficar em pé no palco que eu aplaudiria.

— Só diz isso porque é meu amigo.

Por um instante, ficamos em silêncio. Não costumávamos usar essa palavra. Embora não tivéssemos nada de fato, era melhor agir como se fossemos apenas conhecidos, do que amigos.

Nunca quis ser amigo dela.

Sakura pigarreou.

— Estou ansiosa pelo meu teste de admissão em Maurice.

— Você é brilhante na dança. Deixe para as outras bailarinas sentirem medo, não você. — Sakura estava ombro a ombro comigo. Seus olhos nas próprias mãos, como se houvesse algo interessante ali para observar. Eu, no entanto, aproveitei para encarar bem seu rosto. De perfil, assim, bem perto de mim, ficava difícil não me odiar por não ajudar essa menina.

Ficava difícil não tocá-la.

— O que tanto olha? — disse sem me encarar.

Seu rosto triste e magoado. Foi o que quis dizer, mas respondi:

— Você. — a boca dela se remexeu num sorriso discreto.

— Você é muito confuso, sabia? Nunca te entendo. — antes que eu respondesse, ela me cortou. — Há meses tem agido estranho, me dando corda apenas para depois cortar a linha... — sussurrou a última parte.

— Nossa situação é tão complicada, Sakura.

— Eu sei disso, mas não vejo você tentando mudar a nosso favor.

Como Fogo e Pólvora | SASUSAKUOnde histórias criam vida. Descubra agora