Capítulo 1

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Essa fanfic "Como Fogo e Pólvora", está em seus capítulos finais, publicada no spirit, mas trouxe pra cá, pra completar o compilado de histórias no wattpad rsrs. 

A história tem muitos gatilhos, então, se for sensível, não leia. Tenho histórias divertidas, histórias mais quentes, histórias de caráter duvidoso... kkk tem pra todos os gostos, então, só leia se realmente se sentir confortável. Aviso dado!

boa leitura! 

***

SAKURA HARUNO

Não havia sol em Sartre, todos os dias eram nublados e pesados, carregados com uma umidade densa, que fazia as ruas sempre parecerem escuras e molhadas, e o céu cinzento, trazendo uma estética solitária à cidade.

As palavras que Karin me disse noite passada, se repetiam em minha cabeça como um disco arranhado.

"Vou te dar um conselho, Sakura, meninas falantes não pegam bons papéis."

Ela não foi rude. Mas os olhos... eram tão, tão, tão cheios de coisas. Karin tinha o olhar pesado, e isso deixava suas palavras densas. Difíceis de engolir.

— Grande dia. — Sussurrei para mim mesma. O som dos meus passos ecoavam pelo corredor conforme eu avançava a procura do almoxarifado.

Os bailarinos tinham que bater ponto na Companhia Maurice Beauvoir às oito da manhã, no entanto, aquele era o início de uma nova temporada do balé; minha primeira temporada profissional na companhia. Sabia que se quisesse pegar uma boa sapatilha, tinha que chegar cedo.

Maurice era a melhor companhia de balé clássico do país, e disponibilizava para uso dos bailarinos as sapatilhas doadas por patrocinadores, ou usadas por solistas e primeiros artistas.

A pequena sala ficava no subsolo. Desci tantas escadas que cheguei a me perguntar se valeria a pena ter que subir todos esses andares novamente. Se o problema não fosse dinheiro, não estaria ali. Mas onde mais eu teria a oportunidade de vestir uma sapatilha de valor equivalente a duas semanas do meu trabalho?

Assim que avistei a plaquinha metálica no meio da porta ao final do corredor, me apressei. Com o reflexo de um sorriso no rosto, peguei a agulha, isqueiro, linha e elástico que havia trago na bolsa.

Eu acharia a sapatilha perfeita, e a custuraria fime no meu pé.

•••

— Acho melhor deixar para terminar essa amarração de fitas bem longe daqui. No banheiro do setor de música, talvez, onde ninguém vai ver logo de cara que você está segurando uma Amélie caríssima — entretida na costura do elástico que ajudaria a segurar a sapatilha no meu tornozelo, assustei ao escutar uma voz esganiçada masculina.

Virei de uma só vez, surpresa. De pé, escorado na batente da porta agora aberta, duas pessoas me encaravam.

Eu estava sentada no chão, com os materiais que utilizei à minha volta, espalhados de qualquer jeito.

— Desculpe? — Pigarreei.

Havia um cara de ombros bem trabalhados, expostos por uma camiseta branca que contrastava com o tom brilhante de sua pele. Ele vestia um sorriso que chegava a ser desagradável de tão aberto, divertindo-se com algo que ainda não me era engraçado. Ao seu lado, uma mulher séria mantinha os braços cruzados. Ela ainda tinha cara de menina; parecia mais nova que eu. Diferente do rapaz, seus olhos eram estreitos e pequenos, e estavam cravados em mim em análise. Ela usava collant e shorts, com os cabelos presos num coque mais elaborado que o meu.

Como Fogo e Pólvora | SASUSAKUOnde histórias criam vida. Descubra agora